segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Justiça russa condena ex-magnata do petróleo

Khodorkovsky e o sócio são acusados por fraude; milionário já cumpre pena


O ex-milionário Mikhail Khodorkovsky, enquanto aguarda julgamento

A Justiça da Rússia considerou como culpados por fraude o ex-magnata do petróleo, Mikhail Khodorkovsky, e seu sócio, Platon Lebedev. A determinação saiu nesta segunda-feira (27).

O juiz que deu a sentença declarou que os dois homens também são culpados por lavagem de dinheiro proveniente de petróleo roubado. A acusação de furto do combustível da sua empresa, a Yukos (agora extinta), foi a principal contra Khodorkovsky -- que está preso.

O julgamento é visto como um "teste" do desejo do governo de impor a lei. Promotores pediram ao juiz para que deixasse o magnata por mais seis anos na prisão, além dos oito que ele está cumprindo.

Ao ler o veredicto do julgamento, o juiz Viktor Danilkin disse que o tribunal havia concluído que Khodorkovsky e Lebedev "fraudaram propriedade deixada sob confiança com os réus".

Colocados numa jaula revestida de ferro e vidro na sala do tribunal, Khodorkovsky e Lebedev ignoraram o juiz enquanto ele lia o veredicto, que já era amplamente esperado. Um sussurrava para o outro enquanto liam livros e documentos.

Uma multidão formada por cerca de cem defensores deles, do lado de fora da corte, gritava "Liberdade".

Khodorkovsky, que já foi o homem mais rico da Rússia e diretor da maior empresa petrolífera do país, está quase completando a pena de oito anos de prisão por fraude e evasão de impostos, fixada em um julgamento que marcou a presidência de Vladimir Putin (de 2000 a 2008).

No novo julgamento, a promotoria argumentou que ele roubou 27 bilhões de dólares em petróleo de subsidiárias da Yukos. Seus advogados qualificaram as acusações de absurdas e politicamente motivadas, para mantê-lo atrás das grades.

Escola de samba recebe e-mails discriminatórios por causa de enredo

Acadêmicos do Tucuruvi irá falar sobre nordestinos no desfile de 2011.
Agremiação de SP registrou boletim de ocorrência relatando ameaças.


Tucuruvi grava vinheta para o carnaval 2011 em
São Paulo

A escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi afirma ter recebido e-mails com conteúdo discriminatório por causa do enredo escolhido para o carnaval 2011: “Oxente, o que seria da gente sem essa gente? São Paulo: a capital do Nordeste!”. A agremiação da Zona Norte registrou um boletim de ocorrência no dia 17 de dezembro na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

O diretor jurídico da Tucuruvi, Carlos Malachim, conta que decidiu procurar a polícia por causa de mensagens repetidas, enviadas através de e-mails diferentes. “Os primeiros acabamos deletando e, como foi reincidente, o cidadão manda o mesmo texto com e-mails diferentes, decidimos registrar o boletim de ocorrência”, disse. Segundo o diretor, a mensagem critica a escolha do enredo da escola.

Na sexta-feira (24), um novo e-mail com ameaças foi recebido pela Tucuruvi e, nesta segunda-feira (27), outra mensagem continha, como descreveu o diretor, “um festival de palavrões”. Malachim afirma que, nesse último, a pessoa ameaça “acabar com o pessoal que está defendendo o enredo”. Ele leu um trecho do e-mail para a reportagem do G1: “Tomara que esse carnaval seja o pior de todos da escola. É o que desejam todos os paulistas separatistas”. O remetente assina como “São Paulo é meu país”.

Uma mensagem de intolerância contra o enredo da escola também foi encaminhada para a Ouvidoria da São Paulo Turismo (SPTuris), responsável pela organização do carnaval. A assessoria da SPTuris confirmou que o e-mail foi recebido no dia 7 de dezembro.

O presidente da escola, seu Jamil, comentou os e-mails ofensivos. “Tiveram várias ameaças para a escola não desfilar e, se a gente falasse alguma coisa, eles iriam revidar. Esse pessoal que usa essas artimanhas é covarde, são pessoas que não têm escrúpulos”, afirmou. Ele acredita que “uma ou duas pessoas” podem ser responsáveis pelas mensagens.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, dois e-mails já apresentados na delegacia pela escola foram enviados através do campo de contato no site da agremiação. A polícia tenta descobrir o IP (protocolo de internet) para chegar ao responsável pelas mensagens. Segundo Malachim, uma pessoa mandou um e-mail também nesta segunda-feira se identificando como suposto autor de algumas mensagens. Esse e-mail será também repassado à polícia.

Malachim diz que, apesar das mensagens, não houve reforço na segurança da escola. “Não há necessidade disso, não estamos nos escondendo de ninguém”, defende. O diretor acredita que o problema é também reflexo do “crescimento da escola”. “Ano passado fizemos um carnaval impecável. Em função de a escola ter ficado em evidência, chamou a atenção”, afirma. Para ele, o episódio não abalará a agremiação durante os preparativos para o carnaval 2011. “Isso só vem fortalecer a escola.”