sábado, 2 de julho de 2011

Em duas marchas, Salvador separa política e religião

Ato religioso teve clima de carnaval e cortejo cívico do Dois de Julho privilegiou tom político

Milhares de moradores de Salvador foram às ruas neste sábado (2) em dois eventos de rua diferentes: o cortejo cívico do Dois de Julho, dia que marca a expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823, e a Marcha para Jesus, organizada por igrejas pentecostais e neopentecostais.

Diferentemente da edição paulista da marcha religiosa, realizada no último
dia 23 e que reverberou a discussão sobre temas morais e de comportamento, como homofobia e descriminalização da maconha, a passeata na capital baiana privilegiou o caráter religioso e de festa do evento.

Foto: Thiago Guimarães/iG
Marcha para Jesus
O tom político ficou para o cortejo cívico do Dois de Julho, que tradicionalmente reúne nas ruas do centro histórico representantes de diferentes partidos, causas e categorias profissionais. Feriado estadual, a data é tida por historiadores como “injustiçada” no calendário cívico nacional, por ser pouco lembrada fora do Estado, apesar de ter marcado a consolidação nacional da luta pela independência.

Foto: Carol Garcia/Divulgação 
Banda durante o desfile do 2 de Julho

Políticos baianos aproveitam a festa, de bandas marciais e fachadas enfeitadas com símbolos cívicos, para testar a popularidade. A pouco mais de um ano da eleição municipal, a novidade deste ano foi a aparição conjunta de líderes dos principais partidos de oposição no Estado: DEM, PSDB e PMDB, que em 2008 disputaram a prefeitura da cidade com candidatos próprios.

Ao lado do deputado federal ACM Neto (DEM) e dos irmãos Lucio e Geddel Vieira Lima (PMDB), respectivamente deputado federal e vice-presidente da Caixa Econômica Federal, o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB) afirmou que tucanos estarão com PMDB, DEM, PPS e PR em 2012.

Quem também testou pela manhã o corpo-a-corpo com eleitores, junto com o governador Jaques Wagner (PT), foi o deputado federal Nelson Pelegrino, até o momento principal nome petista para a sucessão na cidade. Já o prefeito João Henrique (PP), em fase de baixa popularidade e crise financeira na gestão, participou apenas da cerimônia inicial do cortejo, em que ouviu vaias abafadas por gritos de correligionários, e não participou da caminhada.

Além dos políticos, a comemorãção do Dois de Julho reuniu representantes de causas diversas, como ambientalistas protestando contra a usina de Belo Monte, agentes municipais de endemias em greve, rodoviários que cobravam apuração da morte de colegas e até a versão soteropolitana da feminista Marcha das Vadias.

Foto: Carol Garcia/Divulgação
População participa do evento neste sábado na capital baiana
Com trios elétricos, Marcha para Jesus foca temas religiosos
 Organizada por igrejas de denominações pentecostais e neopentecostais, a Marcha para Jesus em Salvador é considerada a segunda maior edição do evento no País, atrás apenas da versão paulistana.
Foto: Thiago Guimarães/iG
Cenas da Marcha para Jesus realizada na tarde deste sábado

 A marcha na capital baiana assume aspecto de micareta. Separados por 50 a 100 metros de distância, quinze trios elétricos animam o público com músicas religiosas em ritmo de axé, pelo mesmo percurso do circuito Barra-Ondina, o mais concorrido do carnaval baiano. A reportagem do iG percorreu a marcha nos dois sentidos entre 14h e 15h e não identificou manifestação sobre temas morais ou de comportamento – predominavam as mensagens de cunho religioso.

Antes do ato, que começou à tarde, os organizadores estimavam a presença de público entre 750 mil e 1 milhão de pessoas. A Polícia Militar da Bahia, responsável pelo acompanhamento da marcha, não avaliou o número de participantes. O ato tem previsão de encerramento à noite, com shows no entorno do Farol da Barra.

Após liberação pelo STF, Marcha da Maconha reúne centenas na Paulista

Concentração teve início às 14h no vão livre do Masp.
Manifestação deixará o local por volta das 16h em direção ao Centro.

Centenas de pessoas se concentram desde as 14h deste sábado (2) no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, para a realização da primeira Marcha da Maconha na capital depois da liberação desta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os manifestantes, desta vez, puderam exibir cartazes pedindo a descriminalização da droga, sem qualquer interferência por parte da polícia (Foto: G1/G1)

Enquanto não iniciavam a Marcha da Maconha, os manifestantes receberam a solidariedade dos participantes de outra passeata que protestava contra a corrupção. Com máscaras do Guy Falkes, que se tornaram populares após o filme 'V de Vingança' e foram adotadas como símbolo dos grupos hackers 'Anonymous' e 'LulzSec', os participantes atraíram a atenção dos pedestres (G1/G1)

Às 16h, teve início a Marcha da Maconha em direção ao Centro de São Paulo. Os manifestantes desceram pela Rua Augusta e depois pela Consolação. No meio do ato, caminharam de costas em protesto contra o Tribunal de Justiça de São Paulo, que proibiu a realização da marcha seguidas vezes (Foto: G1/G1)