sábado, 4 de dezembro de 2010
Vídeo com Jesus na cruz sob formigas causa protesto
O vídeo A Fire in My Belly que fazia parte de uma exposição sobre sexualidade foi considerado ofensivo pelos religiosos.
Um vídeo de 1987 mostrando formigas caminhando sobre uma estátua de Jesus Cristo na cruz levantou polêmica nesta semana em Washington, nos Estados Unidos, ao ser removido de uma exposição por pressão da Liga Católica e, em seguida, reexibido em uma galeria de arte local como forma de protesto.
O vídeo A Fire in My Belly, do artista David Wojnarowicz, fazia parte de uma exposição sobre sexualidade em cartaz no National Portrait Gallery, e os 11 segundos que mostram Jesus foram considerados ofensivos por William Donohue, presidente da Liga Católica nos Estados Unidos.
Sob pressão, o museu, que é parte do Instituto Smithsonian, retirou o vídeo da mostra horas após a reclamação, sob o argumento de que, apesar de não considerar a obra “anticristã”, acreditar que a polêmica em torno de sua exibição estava roubando as atenções do resto da exibição.
A retirada provocou protestos no mundo artístico e, em reação, a galeria de arte Transformer, também em Washington, passou a exibir o vídeo continuamente em sua vitrine, para os transeuntes.
A galeria criticou o National Portrait Gallery por ter “se curvado a pressões” e promovido “censura”.
“Não interpreto (o vídeo) como blasfêmia, mas isso nem é a questão”, disse ao Washington Post a diretora de arte da Transformer, Victoria Reis. “Trata-se do ponto de vista de um artista respeitado, e, se ele foi incluído na exposição, por que removê-lo só porque alguém não gostou? Isso (representa) cortar qualquer diálogo e comunicação.”
Obra
O vídeo de Wojnarowicz tem 30 minutos no total e foi feito em 1987, com a intenção de retratar o sofrimento de vítimas da Aids e homenagear um parceiro do artista, que morreu de complicações da doença.
O próprio Wojnarowicz morreu da mesma doença, cinco anos depois.
Uma representante do espólio do artista disse ao Washington Post que seu vídeo A Fire in My Belly foi mal interpretado, que o uso de formigas era para fazer um “paralelo” entre a sociedade dos animais e a humana, e não se tratava de uma crítica a Jesus.
Já Donohue, da Liga Católica, afirmou ao jornal que a obra trazia um “discurso de ódio”. “Sempre que esse tipo de coisa acontece, me dizem que a arte é complexa e aberta a interpretações, mas se você coloca uma suástica em uma sinagoga, isso não é aberto a interpretações”, alegou. “Quando o Smithsonian – com seu prestígio e financiamento público – ofende católicos, não posso fingir que isso não aconteceu.”
A polêmica continuou ao longo da tarde de quinta-feira, quando cerca de cem pessoas convocadas pela galeria Transformer fizeram uma passeata até a National Portrait Gallery em protesto contra a exclusão do vídeo de Wojnarowicz.
Financiamento artístico
A polêmica também abriu questionamentos sobre o Instituto Smithsonian, parcialmente financiado por verba pública.
O National Portrait Gallery defende que a exposição em debate foi organizada com dinheiro privado, mas um congressista já veio a público pedir que a verba destinada ao museu passe por escrutínio.
Outro congressista, o democrata James P. Moran Jr, que preside o subcomitê do Congresso responsável por parte do financiamento artístico, disse ao Washington Post que inicialmente viu “mau gosto” no vídeo de Wojnarowicz. Mas “considero ainda pior que ele tenha sido censurado da exibição”.
Museus em Abu Dhabi e no Catar buscam renovar identidade árabe
Ideia é construir uma imagem positiva do Oriente Médio e criar Rota da Seda, em que países sejam poderosos elos econômicos
É um experimento audacioso: dois pequenos países do Oriente Médio, ricos em petróleo, estão usando arquitetura e arte para reformular suas identidades nacionais da noite para o dia e, no processo, resgatar a imagem maculada dos árabes no exterior, enquanto mostram o caminho para uma sociedade moderna dentro das fronteiras do Islã.
Aqui, em uma ilha deserta nos arredores de Abu Dhabi, trabalhadores cavaram os alicerces de três museus colossais: uma filial do Guggenheim, projetada por Frank Gehry, no valor de US$ 800 milhões e 12 vezes o tamanho de sua matriz em Nova York; uma filial do Louvre, projetada por Jean Nouvel, no valor de US$ 500 milhões, e uma vitrine da história nacional, criada por Foster & Partners, cujo projeto foi revelado na quinta-feira e mostra planos para outro museu, de história marítima, que seria projetado por Tadao Ando.
Contrução do Museu Nacional de Zayed, em Abu Dhabi
Cerca de 200 quilômetros daqui, do outro lado do Golfo Pérsico, Doha, a capital do Catar, vem mapeando a sua própria visão extravagante de cultura. Um Museu de Arte Islâmica, um templo branco concebido por I. M. Pei foi inaugurado em 2008 e deslumbrou os especialistas do circuito de museus internacionais. Em dezembro, o governo vai abrir um museu de arte moderna árabe com uma coleção que se estende de meados do século 19 até o presente. Um museu da história do Catar, também projetado por Nouvel, teve suas obras iniciadas e o projeto de um museu de arte orientalista criado pela empresa suíça Herzog & de Meuron deve ir a público no próximo ano.
Para um crítico que viaja pela região, a velocidade com que os museus estão sendo construídos em Abu Dhabi – e as marcas internacionais ligadas a alguns deles – representam uma versão cultural do espetáculo imobiliário que aperfeiçoou o seu famoso colega emirado, Dubai. Em contrapartida, a visão de Doha parece mais uma tentativa calculada de encontrar um equilíbrio entre a modernização e o islamismo.
Mas em ambos os casos, os líderes também veem o aceleramento de suas construções como parte dos esforços para reequipar suas sociedades para um mundo pós-11/9 e pós-petróleo. Seu objetivo não é apenas construir uma imagem mais positiva do Oriente Médio no momento em que o sentimento anti-islâmico continua a ganhar espaço em toda a Europa e nos Estados Unidos, mas também criar uma espécie de Rota da Seda, na qual seus países sejam poderosos elos culturais e econômicos entre o Ocidente e as potências emergentes, como Índia e China.
Eles estão apostando que podem fazer isso sem alienar partes significativas do mundo árabe, que podem ver nestas empresas o mesmo tipo de cosmopolitismo pró-ocidental que floresceu em lugares como Cairo e Teerã há não muito tempo, e que ajudou a alimentar o aumento do fundamentalismo militante.
Nova narrativa
Pouco mais de meio século atrás, Abu Dhabi era um povoado beduíno sem tradições literárias ou científicas e sem história urbana. Seus poucos milhares de habitantes, na sua maioria pobres e analfabetos, sobreviviam em grande parte dos animais de pastoreio, da pesca e do mergulho em busca de pérolas.
Depois que a produção do petróleo teve início em Abu Dhabi em 1960, o xeque Bin Zayed Sultan Al-Nahyan, que fundou o país unindo vários emirados sob a liderança do emirado no início de 1970, fez acordos com empresas petrolíferas ocidentais que financiaram as primeiros estradas pavimentadas, hospitais e escolas da área. Os Emirados se tornaram uma espécie de Suíça do Oriente Médio, um refúgio de calma e prosperidade cercado por grandes vizinhos agressivos, Irã e Iraque ao norte e Arábia Saudita ao oeste.
Em 2005 o filho e herdeiro do xeque Zayed, o xeque Khalifa Bin Zayed Al-Nahyan, aproximou-se de Thomas Krens, então diretor da Fundação Solomon R. Guggenheim, em Nova York, com a ideia de criar uma nova filial do Museu Guggenheim – um versão Oriental do que Krens e Gehry realizaram uma década antes, em Bilbau, Espanha. Mas as ambições do xeque nunca foram pequenas: em alguns anos o local proposto para o projeto, a ilha Saadiyat, uma zona de desenvolvimento de 10 quilômetros quadrados ao norte do centro urbano de Abu Dhabi, passou a ser planejada como uma cidade em miniatura construída em torno da cultura e do lazer, com alguns dos nomes mais conhecidos do mundo criativo.
O acordo de Abu Dhabi com o Louvre foi assinado em 2007 e um outro acordo, com o Museu Britânico para criar exposições para o Museu Nacional de Zayed Foster & Partners, foi assinado dois anos depois. O museu marítimo de Ando e um centro de artes performáticas de Zaha Hadid ainda estão sendo planejados. Esses megaprojetos culturais serão acompanhados por um campus da Universidade de Nova York na margem sul da ilha Saadiyat e, em local a ser determinado, a construção de empresas de mídia e estúdios de cinema que buscam parcialmente fornecer treinamento e oportunidades para jovens da região.
O xeque Khalifa e seu governo querem que tudo isso instaure orgulho nacional em uma nova geração, proporcionando aos cidadãos as ferramentas, tanto intelectuais quanto psicológicas, para viver em uma sociedade global. A ideia, várias pessoas me disseram em uma visita recente, é contar uma história nova, que rompe com uma longa história de declínio regional, incluindo as recentes convulsões causadas pelo fundamentalismo, e restabelecer uma aparência de paridade cultural com o Ocidente.
De todos os projetos, o posto avançado do Louvre parece se adequar mais naturalmente às aspirações globalistas de Abu Dhabi. Além de um orçamento generoso de construção, o governo está pagando à França US$ 1,3 bilhão, principalmente para estabelecer um contrato de empréstimo de obras que garanta a exposição de artigos do Louvre, bem como de vários outros museus. O alcance e a profundidade dessas coleções permitirá que o Louvre de Abu Dhabi, que está sendo criado como um "museu universal", mostre as realizações culturais de civilizações de todos os cantos do mundo.
O projeto de Nouvel para este museu – um labirinto de galerias e canais todo coberto por uma imensa cúpula de aço inoxidável – é uma evocação maravilhosamente romântica de um Oriente Médio à vontade com a tecnologia. A luz solar irá penetrar sua pele perfurada, criando centenas de feixes que lembram o interior de grandes mesquitas, ou mesmo a filtragem da luz através das copas das árvores em um oásis. Sob a cúpula, as galerias e seu ambiente repleto de canais fazem referência à Veneza – um emblema, disse Nouvel, das férteis correntes culturais que existiam entre o Oriente e o Ocidente.
Globalismo ou colonialismo?
Mas, enquanto o Louvre será capaz de usar milhares de anos de influências culturais, o Guggenheim de Abu Dhabi, que se concentrará no período entre 1965 até o presente, um período culturalmente dominado pelo Ocidente, revela os problemas que surgem quando a mensagem política que está tentando passar entra em choque com a realidade histórica.
Krens imaginou um "museu global" que, todavia, parece reconhecer o primado da arte contemporânea ocidental. O museu - visto de fora, um amontoado caótico de cones e blocos translúcidos - foi organizado em torno de um conjunto de galerias no primeiro andar que representam movimentos fundamentais na arte da Europa e Estados Unidos. As coleções islâmicas seriam alojados dois andares acima, enquanto galerias no estilo galpão, que irradiam do núcleo, seriam dedicadas cada uma a uma região diferente - Extremo Oriente, Índia, África. O plano inclinado ao ocidental não funcionou para os clientes, ou para Richard Armstrong, que substituiu Krens como o diretor da Fundação Guggenheim em 2008.
Nove meses atrás Armstrong começou a desenvolver um plano alternativo, no qual artistas de todo o mundo seriam agrupados em galerias temáticas: arte abstrata, pop arte, arte performática e assim por diante. Mesmo neste esquema, no entanto, Armstrong admite que as galerias vão acabar sendo organizada em torno de grandes peças de ancoragem, que em grande parte foram feitas por grandes artistas ocidentais, como Andy Warhol, Robert Rauschenberg e Anselm Kiefer.
Proposta ambiciosa para museu prevê luz solar criando feixes que lembram o interior de mesquitas
O Guggenheim de Abu Dhabi tem uma equipe de três curadores trabalhando em Nova York para criar uma coleção com um orçamento de até US$ 600 milhões, mais de 200 vezes o orçamento anual de aquisições do Guggenheim em Manhattan. Mas elas precisam ser feitas antes da abertura do museu em apenas três anos – um período de tempo que muitas pessoas no mundo museu acreditam ser absurdamente curto.
Problemas semelhantes surgiram com o plano para o Museu Nacional de Zayed, a instituição que fala mais diretamente à identidade do país. O museu foi concebido para explorar os registros históricos relativamente escassos dos Emirados Árabes Unidos através da vida do xeque Zayed, um homem conhecido por sua humildade, que morreu em 2004. Mas, depois que Norman Foster apresentou a sua proposta inicial para o projeto, em 2007, ele foi informado que a liderança queria algo grandioso, apesar de ainda não ter ideia clara do que exatamente ser[a exposto.
Foster retomou o processo de criação e uma equipe de curadores do Museu Britânico passou a elaborar um programa de exposições. O novo design possui cinco torres eólicas no formato de penas - a mais alta delas tem 90 metros - em uma tentativa de evocar a falcoaria, um dos passatempos favoritos da realeza árabe.
O fato das coleções tanto do Guggenheim quanto do Museu Nacional serem planejadas no Ocidente gera uma questão maior: enquanto o dinheiro de todos estes desenvolvimentos vem do petróleo dos emirados, os projetos estão sendo moldados quase que exclusivamente por estrangeiros.
Tradição árabe
Doha, como Abu Dhabi, foi transformada de um vilarejo pequeno em uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes nos últimos 50 anos. Mas ambos os museus sendo construído em Doha e a arte e os artefatos a que se dedicam - coleções particulares acumuladas ao longo de décadas por membros da família governante - refletem uma abordagem mais paciente para a construção gradual da cultura do que a de Abu Dhabi, e que olha menos para o Ocidente. Se as identidades culturais que ambas as cidades estão tentando criar, são de certa maneira fictícias, Doha é feita em grande parte sobre a tradição cosmopolita da região - ou seja, locais como Damasco, Cairo e Istambul.
As três grandes coleções nacionais do Catar foram montadas pelos primos do emir, xeque Hassan Al-Thani e xeque Saud Al-Thani, que começaram a colecionar em 1980, quando a arte ainda era vista como algo duvidoso, e até mesmo afeminado, entre as elites do país.
Na década de 90 um novo emir, o xeque Hamad Bin Khalifa Al-Thani, começou a liberalizar muitas instituições e abrir a porta com cautela para o mundo exterior. Em 1995, ele anunciou planos para a Cidade da Educação - um vasto campus cujos programas são agora geridos por universidades americanas como a Texas A & M e a Georgetown, mas com acordos para garantir que uma grande parte dos seus alunos sejam cidadãos do Catar. Um ano mais tarde ele fundou a rede de notícias Al-Jazeera.
Os projetos do museu também fizeram parte desse esforço de liberalização. Depois que o xeque Saud concordou em doar a sua coleção de arte islâmica para o Estado, o xeque Hamad contratou Pei para projetar um edifício para ela. Quando o Museu de Arte Islâmica foi aberto, ele foi comemorado como uma bem sucedida interpretação moderna de sucesso dos precedentes islâmicos. Suas formas monumentais expressam o ideal de Pei de um mundo em que a modernidade e a tradição existem em perfeito equilíbrio.
Tesouros
Mas apesar de impressionante, a arquitetura de Pei é o subtexto óbvio da coleção, cujos tesouros vão de cerâmicas do Iraque a cortinas de seda espanholas e joias indianas. Se estas peças foram montadas para explorar a riqueza da arte islâmica – e do alcance histórico do Islã – a sua apresentação também foi uma forma de enfatizar a corrente cultural mista que as produziu.
As coleções nacionais mais recentes, parte das quais serão apresentadas ao público durante os próximos meses, devem levar essa ideia a um território mais provocante. A coleção de Orientalismo, em especial, parece ser um foco improvável para um museu no mundo árabe. A coleção, exibida em uma casa da cidade até a sua nova sede estar concluída, gira em torno de representações da vida dos árabes por artistas franceses e ingleses do século 19.
Para um ocidental, as pinturas do século 19 podem ser especialmente desconfortáveis - elas apresentam o que agora parecem ser clichês da vida dos árabes, que refletem nossos próprios preconceitos. Mas para muitos árabes elas são também registros históricos vivamente detalhados de um período que não foi documentado de outra maneira. A pintura realista não existia então no mundo árabe e a fotografia não era comum até o final do século 19. Como o xeque Hassan viu quando estava montando a coleção, estes são os únicos registros de uma vida que desapareceu rapidamente da memória.
Ainda assim, por colocar holofotes sobre os cantos mais escuros da história árabe, bem como sobre suas glórias antigas, o museu sugere um entendimento – raro em qualquer lugar – de que os fundamentos de qualquer cultura saudável devem ser construídos sobre uma avaliação firme do passado. Em vez de passar um pano sobre a história, o governo pretende colocá-la para análise do público.
Um impulso semelhante está moldando o Mathaf: Museu Árabe de Arte Moderna, que será aberto em uma casa temporária no fim de dezembro. Quando visitei pela primeira vez a coleção, que ainda estava em depósito, senti o peso da influência cultural do Ocidente nas frequentes referências derivadas de artistas como Picasso. Mas muitas obras também foram inspiradas nas manifestações de luta do artista para chegar a um acordo com a influência sem perder o contato com sua própria identidade.
Reunir os fragmentos da história do século 20 e criar uma relação entre eles e o Catar de hoje será uma das missões do museu, disse Wassan Al-Khudhairi, diretora da instituição nascida no Iraque, equanto mostrava as salas.
É um experimento audacioso: dois pequenos países do Oriente Médio, ricos em petróleo, estão usando arquitetura e arte para reformular suas identidades nacionais da noite para o dia e, no processo, resgatar a imagem maculada dos árabes no exterior, enquanto mostram o caminho para uma sociedade moderna dentro das fronteiras do Islã.
Aqui, em uma ilha deserta nos arredores de Abu Dhabi, trabalhadores cavaram os alicerces de três museus colossais: uma filial do Guggenheim, projetada por Frank Gehry, no valor de US$ 800 milhões e 12 vezes o tamanho de sua matriz em Nova York; uma filial do Louvre, projetada por Jean Nouvel, no valor de US$ 500 milhões, e uma vitrine da história nacional, criada por Foster & Partners, cujo projeto foi revelado na quinta-feira e mostra planos para outro museu, de história marítima, que seria projetado por Tadao Ando.
Contrução do Museu Nacional de Zayed, em Abu Dhabi
Cerca de 200 quilômetros daqui, do outro lado do Golfo Pérsico, Doha, a capital do Catar, vem mapeando a sua própria visão extravagante de cultura. Um Museu de Arte Islâmica, um templo branco concebido por I. M. Pei foi inaugurado em 2008 e deslumbrou os especialistas do circuito de museus internacionais. Em dezembro, o governo vai abrir um museu de arte moderna árabe com uma coleção que se estende de meados do século 19 até o presente. Um museu da história do Catar, também projetado por Nouvel, teve suas obras iniciadas e o projeto de um museu de arte orientalista criado pela empresa suíça Herzog & de Meuron deve ir a público no próximo ano.
Para um crítico que viaja pela região, a velocidade com que os museus estão sendo construídos em Abu Dhabi – e as marcas internacionais ligadas a alguns deles – representam uma versão cultural do espetáculo imobiliário que aperfeiçoou o seu famoso colega emirado, Dubai. Em contrapartida, a visão de Doha parece mais uma tentativa calculada de encontrar um equilíbrio entre a modernização e o islamismo.
Mas em ambos os casos, os líderes também veem o aceleramento de suas construções como parte dos esforços para reequipar suas sociedades para um mundo pós-11/9 e pós-petróleo. Seu objetivo não é apenas construir uma imagem mais positiva do Oriente Médio no momento em que o sentimento anti-islâmico continua a ganhar espaço em toda a Europa e nos Estados Unidos, mas também criar uma espécie de Rota da Seda, na qual seus países sejam poderosos elos culturais e econômicos entre o Ocidente e as potências emergentes, como Índia e China.
Eles estão apostando que podem fazer isso sem alienar partes significativas do mundo árabe, que podem ver nestas empresas o mesmo tipo de cosmopolitismo pró-ocidental que floresceu em lugares como Cairo e Teerã há não muito tempo, e que ajudou a alimentar o aumento do fundamentalismo militante.
Nova narrativa
Pouco mais de meio século atrás, Abu Dhabi era um povoado beduíno sem tradições literárias ou científicas e sem história urbana. Seus poucos milhares de habitantes, na sua maioria pobres e analfabetos, sobreviviam em grande parte dos animais de pastoreio, da pesca e do mergulho em busca de pérolas.
Depois que a produção do petróleo teve início em Abu Dhabi em 1960, o xeque Bin Zayed Sultan Al-Nahyan, que fundou o país unindo vários emirados sob a liderança do emirado no início de 1970, fez acordos com empresas petrolíferas ocidentais que financiaram as primeiros estradas pavimentadas, hospitais e escolas da área. Os Emirados se tornaram uma espécie de Suíça do Oriente Médio, um refúgio de calma e prosperidade cercado por grandes vizinhos agressivos, Irã e Iraque ao norte e Arábia Saudita ao oeste.
Em 2005 o filho e herdeiro do xeque Zayed, o xeque Khalifa Bin Zayed Al-Nahyan, aproximou-se de Thomas Krens, então diretor da Fundação Solomon R. Guggenheim, em Nova York, com a ideia de criar uma nova filial do Museu Guggenheim – um versão Oriental do que Krens e Gehry realizaram uma década antes, em Bilbau, Espanha. Mas as ambições do xeque nunca foram pequenas: em alguns anos o local proposto para o projeto, a ilha Saadiyat, uma zona de desenvolvimento de 10 quilômetros quadrados ao norte do centro urbano de Abu Dhabi, passou a ser planejada como uma cidade em miniatura construída em torno da cultura e do lazer, com alguns dos nomes mais conhecidos do mundo criativo.
O acordo de Abu Dhabi com o Louvre foi assinado em 2007 e um outro acordo, com o Museu Britânico para criar exposições para o Museu Nacional de Zayed Foster & Partners, foi assinado dois anos depois. O museu marítimo de Ando e um centro de artes performáticas de Zaha Hadid ainda estão sendo planejados. Esses megaprojetos culturais serão acompanhados por um campus da Universidade de Nova York na margem sul da ilha Saadiyat e, em local a ser determinado, a construção de empresas de mídia e estúdios de cinema que buscam parcialmente fornecer treinamento e oportunidades para jovens da região.
O xeque Khalifa e seu governo querem que tudo isso instaure orgulho nacional em uma nova geração, proporcionando aos cidadãos as ferramentas, tanto intelectuais quanto psicológicas, para viver em uma sociedade global. A ideia, várias pessoas me disseram em uma visita recente, é contar uma história nova, que rompe com uma longa história de declínio regional, incluindo as recentes convulsões causadas pelo fundamentalismo, e restabelecer uma aparência de paridade cultural com o Ocidente.
De todos os projetos, o posto avançado do Louvre parece se adequar mais naturalmente às aspirações globalistas de Abu Dhabi. Além de um orçamento generoso de construção, o governo está pagando à França US$ 1,3 bilhão, principalmente para estabelecer um contrato de empréstimo de obras que garanta a exposição de artigos do Louvre, bem como de vários outros museus. O alcance e a profundidade dessas coleções permitirá que o Louvre de Abu Dhabi, que está sendo criado como um "museu universal", mostre as realizações culturais de civilizações de todos os cantos do mundo.
O projeto de Nouvel para este museu – um labirinto de galerias e canais todo coberto por uma imensa cúpula de aço inoxidável – é uma evocação maravilhosamente romântica de um Oriente Médio à vontade com a tecnologia. A luz solar irá penetrar sua pele perfurada, criando centenas de feixes que lembram o interior de grandes mesquitas, ou mesmo a filtragem da luz através das copas das árvores em um oásis. Sob a cúpula, as galerias e seu ambiente repleto de canais fazem referência à Veneza – um emblema, disse Nouvel, das férteis correntes culturais que existiam entre o Oriente e o Ocidente.
Globalismo ou colonialismo?
Mas, enquanto o Louvre será capaz de usar milhares de anos de influências culturais, o Guggenheim de Abu Dhabi, que se concentrará no período entre 1965 até o presente, um período culturalmente dominado pelo Ocidente, revela os problemas que surgem quando a mensagem política que está tentando passar entra em choque com a realidade histórica.
Krens imaginou um "museu global" que, todavia, parece reconhecer o primado da arte contemporânea ocidental. O museu - visto de fora, um amontoado caótico de cones e blocos translúcidos - foi organizado em torno de um conjunto de galerias no primeiro andar que representam movimentos fundamentais na arte da Europa e Estados Unidos. As coleções islâmicas seriam alojados dois andares acima, enquanto galerias no estilo galpão, que irradiam do núcleo, seriam dedicadas cada uma a uma região diferente - Extremo Oriente, Índia, África. O plano inclinado ao ocidental não funcionou para os clientes, ou para Richard Armstrong, que substituiu Krens como o diretor da Fundação Guggenheim em 2008.
Nove meses atrás Armstrong começou a desenvolver um plano alternativo, no qual artistas de todo o mundo seriam agrupados em galerias temáticas: arte abstrata, pop arte, arte performática e assim por diante. Mesmo neste esquema, no entanto, Armstrong admite que as galerias vão acabar sendo organizada em torno de grandes peças de ancoragem, que em grande parte foram feitas por grandes artistas ocidentais, como Andy Warhol, Robert Rauschenberg e Anselm Kiefer.
Proposta ambiciosa para museu prevê luz solar criando feixes que lembram o interior de mesquitas
O Guggenheim de Abu Dhabi tem uma equipe de três curadores trabalhando em Nova York para criar uma coleção com um orçamento de até US$ 600 milhões, mais de 200 vezes o orçamento anual de aquisições do Guggenheim em Manhattan. Mas elas precisam ser feitas antes da abertura do museu em apenas três anos – um período de tempo que muitas pessoas no mundo museu acreditam ser absurdamente curto.
Problemas semelhantes surgiram com o plano para o Museu Nacional de Zayed, a instituição que fala mais diretamente à identidade do país. O museu foi concebido para explorar os registros históricos relativamente escassos dos Emirados Árabes Unidos através da vida do xeque Zayed, um homem conhecido por sua humildade, que morreu em 2004. Mas, depois que Norman Foster apresentou a sua proposta inicial para o projeto, em 2007, ele foi informado que a liderança queria algo grandioso, apesar de ainda não ter ideia clara do que exatamente ser[a exposto.
Foster retomou o processo de criação e uma equipe de curadores do Museu Britânico passou a elaborar um programa de exposições. O novo design possui cinco torres eólicas no formato de penas - a mais alta delas tem 90 metros - em uma tentativa de evocar a falcoaria, um dos passatempos favoritos da realeza árabe.
O fato das coleções tanto do Guggenheim quanto do Museu Nacional serem planejadas no Ocidente gera uma questão maior: enquanto o dinheiro de todos estes desenvolvimentos vem do petróleo dos emirados, os projetos estão sendo moldados quase que exclusivamente por estrangeiros.
Tradição árabe
Doha, como Abu Dhabi, foi transformada de um vilarejo pequeno em uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes nos últimos 50 anos. Mas ambos os museus sendo construído em Doha e a arte e os artefatos a que se dedicam - coleções particulares acumuladas ao longo de décadas por membros da família governante - refletem uma abordagem mais paciente para a construção gradual da cultura do que a de Abu Dhabi, e que olha menos para o Ocidente. Se as identidades culturais que ambas as cidades estão tentando criar, são de certa maneira fictícias, Doha é feita em grande parte sobre a tradição cosmopolita da região - ou seja, locais como Damasco, Cairo e Istambul.
As três grandes coleções nacionais do Catar foram montadas pelos primos do emir, xeque Hassan Al-Thani e xeque Saud Al-Thani, que começaram a colecionar em 1980, quando a arte ainda era vista como algo duvidoso, e até mesmo afeminado, entre as elites do país.
Na década de 90 um novo emir, o xeque Hamad Bin Khalifa Al-Thani, começou a liberalizar muitas instituições e abrir a porta com cautela para o mundo exterior. Em 1995, ele anunciou planos para a Cidade da Educação - um vasto campus cujos programas são agora geridos por universidades americanas como a Texas A & M e a Georgetown, mas com acordos para garantir que uma grande parte dos seus alunos sejam cidadãos do Catar. Um ano mais tarde ele fundou a rede de notícias Al-Jazeera.
Os projetos do museu também fizeram parte desse esforço de liberalização. Depois que o xeque Saud concordou em doar a sua coleção de arte islâmica para o Estado, o xeque Hamad contratou Pei para projetar um edifício para ela. Quando o Museu de Arte Islâmica foi aberto, ele foi comemorado como uma bem sucedida interpretação moderna de sucesso dos precedentes islâmicos. Suas formas monumentais expressam o ideal de Pei de um mundo em que a modernidade e a tradição existem em perfeito equilíbrio.
Tesouros
Mas apesar de impressionante, a arquitetura de Pei é o subtexto óbvio da coleção, cujos tesouros vão de cerâmicas do Iraque a cortinas de seda espanholas e joias indianas. Se estas peças foram montadas para explorar a riqueza da arte islâmica – e do alcance histórico do Islã – a sua apresentação também foi uma forma de enfatizar a corrente cultural mista que as produziu.
As coleções nacionais mais recentes, parte das quais serão apresentadas ao público durante os próximos meses, devem levar essa ideia a um território mais provocante. A coleção de Orientalismo, em especial, parece ser um foco improvável para um museu no mundo árabe. A coleção, exibida em uma casa da cidade até a sua nova sede estar concluída, gira em torno de representações da vida dos árabes por artistas franceses e ingleses do século 19.
Para um ocidental, as pinturas do século 19 podem ser especialmente desconfortáveis - elas apresentam o que agora parecem ser clichês da vida dos árabes, que refletem nossos próprios preconceitos. Mas para muitos árabes elas são também registros históricos vivamente detalhados de um período que não foi documentado de outra maneira. A pintura realista não existia então no mundo árabe e a fotografia não era comum até o final do século 19. Como o xeque Hassan viu quando estava montando a coleção, estes são os únicos registros de uma vida que desapareceu rapidamente da memória.
Ainda assim, por colocar holofotes sobre os cantos mais escuros da história árabe, bem como sobre suas glórias antigas, o museu sugere um entendimento – raro em qualquer lugar – de que os fundamentos de qualquer cultura saudável devem ser construídos sobre uma avaliação firme do passado. Em vez de passar um pano sobre a história, o governo pretende colocá-la para análise do público.
Um impulso semelhante está moldando o Mathaf: Museu Árabe de Arte Moderna, que será aberto em uma casa temporária no fim de dezembro. Quando visitei pela primeira vez a coleção, que ainda estava em depósito, senti o peso da influência cultural do Ocidente nas frequentes referências derivadas de artistas como Picasso. Mas muitas obras também foram inspiradas nas manifestações de luta do artista para chegar a um acordo com a influência sem perder o contato com sua própria identidade.
Reunir os fragmentos da história do século 20 e criar uma relação entre eles e o Catar de hoje será uma das missões do museu, disse Wassan Al-Khudhairi, diretora da instituição nascida no Iraque, equanto mostrava as salas.
Os novos donos da sofisticação parisiense
Compradores da maioria dos hotéis de alto luxo de Paris, investidores árabes modernizam o setor
A venda do hotel Crillon, um dos mais luxuosos de Paris, para um investidor saudita confirma uma tendência que parece certeira para a hotelaria de prestígio: um a um, todos os sete “palaces” parisienses – como são chamados os hotéis além de cinco estrelas da capital francesa – estão indo parar nas mãos de investidores árabes.
Ainda que não tenha sido anunciada oficialmente pelo hotel – mas confirmada por fontes do mercado imobiliário francês –, a venda do Crillon acentua um rumo que começou a ser ditado no final dos 1970, quando o mítico hotel Ritz, na praça Vendôme, foi abocanhado pelo milionário egípcio Mohamed Al-Fayed. De lá para cá, e especialmente a partir dos anos 1990, as grandes fortunas do Oriente Médio parecem brincar de quem adquire o hotel mais badalado na capital francesa.
Fachada do hotel Plaza Athénée, em Paris, que pertence ao sultão Hassanal Bolkiah, de Brunei
Em 1996, foi a vez do príncipe saudita Al-Walid comprar o George V, em uma venda estimada em 140 milhões de euros (R$ 320 milhões). O Le Meurice, em frente aos Jardins de Tuilerias e a poucos passos do Crillon, na praça da Concórdia, integra desde 1997 o patrimônio do sultão Hassanal Bolkiah, de Brunei. Alguns anos depois, em 2001, o ex-bilionário número 1 do mundo se deu de presente outro hotel de luxo parisiense, o Plaza Athénée, na sofisticada avenida Montaigne. E no exemplo mais recente, por supostos 250 milhões de euros (R$ 571,4 milhões) o elegante Royal Monceau passou, em 2007, ao comando do fundo soberano Qatari Diar, do Qatar.
O único palace que permanece nas mãos de franceses é o Fouquet’s Barrière, na avenida Champs-Elysées. Fechando a lista dos estabelecimentos de alto luxo de Paris, o hotel Bristol pertence ao milionário alemão Rudolf Oetker.
Somas astronômicas
“Essas vendas nunca são fáceis e às vezes demoram meses ou até anos para serem concluídas, porque as somas envolvidas são astronômicas”, comenta Gabriel Matar, diretor francês da Jones Lang LaSalle Hotels, líder mundial em transações hoteleiras. Especialistas do mercado garantem que os retornos financeiros de investimentos tão monumentais começam a aparecer no mínimo dez anos depois. “Embora não estejam sozinhos nessas concorrências, os árabes acabam sendo os que têm mais dinheiro à disposição nas negociações de venda, e os que têm menos pressa de atingir lucros. Além disso, eles gostam de diversificar suas fortunas e – é preciso dizer – são fascinados por luxo.”
Em outras palavras, ninguém paga mais do que os reis do petróleo, que visam não somente Paris, mas cidades cosmopolitas ocidentais como Londres e Nova York. Os hotéis de Paris, no entanto, ocupam o topo entre os mais caros do mundo, já que a cidade é a que melhor simboliza o luxo para os turistas estrangeiros, explica Matar.
Assim, a média do preço da diária cobrada nos palaces chega a 775 euros (R$ 1.771), enquanto as dos concorrentes americanos e ingleses dificilmente ultrapassam os 700 euros (R$ 1.599). O cliente de luxo desembolsa em média 1,2 mil euros (R$ 2.742) nesses hotéis em Paris, distribuídos em gastos com serviços como spa, city tour ou restaurante.
“O luxo parisiense sempre foi um investimento seguro. Mas, mesmo assim, os investidores do Oriente Médio conseguiram tornar o setor ainda mais exuberante, atraindo uma clientela que não vê limites para os gastos quando sai de férias”, analisa o consultor Henri Guérin, da imobiliária de luxo Propriétés de France.
Embora tentem dissimular, o assunto é tabu para os gerentes dos palaces, temerosos de que a venda dos estabelecimentos franceses para os árabes seja vista como uma perda das tradições. Todos foram procurados pelo iG, mas nenhum quis comentar as transações comerciais, alegando que resguardam o silêncio sobre o assunto.
Salto nos preços
Uma fonte próxima das negociações da venda do Crillon confirmou que, com os investimentos realizados pelos novos proprietários, os hotéis da capital puderam dar um salto nos valores cobrados pelos quartos. As suítes imperiais dos palaces chegam a custar inacreditáveis 20 mil euros (R$ 45,7 mil) por noite. “Nos últimos 15 anos, acompanhamos a chegada de uma nova clientela jovem russa, chinesa e do Oriente Médio, sedenta por todo o tipo de mordomias que o dinheiro deles é capaz de pagar. Para atender essa demanda, os hotéis foram obrigados a se modernizar e a se tornar ainda mais luxuosos”, disse a fonte.
Como consequência, as vendas dos estabelecimentos franceses foram acompanhadas de milhões de euros em restauração e novas instalações, como piscinas, centros de convivência e até cinema. Os gastos com obras duplicaram o valor da compra do Royal Monceau, por exemplo, recém-reaberto com a assinatura do arquiteto Philippe Starck – e depois de passar dois anos em uma reforma completa.
O aperfeiçoamento e a ampliação do pessoal também são responsáveis por uma grossa fatia dos custos, uma vez que os palaces dispõem de pelo menos 2,5 funcionários para cada quarto. A chegada de três novos hotéis de alto luxo, todos de proprietários asiáticos e previstos para estarem prontos até 2012, é outro fator que está aquecendo a concorrência hoteleira de prestígio parisiense. Para completar, a contratação dos mais renomados chefes de cozinha do mundo passou a ser obrigatória nos restaurantes destes hotéis. É o caso do chefe Alain Ducasse, estrela do restaurante do Plaza Athénnée, onde um jantar não sai por menos de 400 euros (R$ 914) por pessoa.
No topo da qualidade da hospedagem em Paris, os sete palaces respondem por apenas 2% do mercado e movimentaram 500 milhões de euros (R$ 1,14 bilhão) em 2009, ainda sob os efeitos da crise econômica, quando tiveram uma média de 47% de ocupação dos quartos. Este ano marcou a recuperação do setor, quando chegaram a registrar 85% de ocupação nos meses de verão, de acordo com o Escritório de Turismo de Paris. A média anual deve ficar em 70%, conforme estimativa da Jones Lang LaSalle Hotels.
A venda do hotel Crillon, um dos mais luxuosos de Paris, para um investidor saudita confirma uma tendência que parece certeira para a hotelaria de prestígio: um a um, todos os sete “palaces” parisienses – como são chamados os hotéis além de cinco estrelas da capital francesa – estão indo parar nas mãos de investidores árabes.
Ainda que não tenha sido anunciada oficialmente pelo hotel – mas confirmada por fontes do mercado imobiliário francês –, a venda do Crillon acentua um rumo que começou a ser ditado no final dos 1970, quando o mítico hotel Ritz, na praça Vendôme, foi abocanhado pelo milionário egípcio Mohamed Al-Fayed. De lá para cá, e especialmente a partir dos anos 1990, as grandes fortunas do Oriente Médio parecem brincar de quem adquire o hotel mais badalado na capital francesa.
Fachada do hotel Plaza Athénée, em Paris, que pertence ao sultão Hassanal Bolkiah, de Brunei
Em 1996, foi a vez do príncipe saudita Al-Walid comprar o George V, em uma venda estimada em 140 milhões de euros (R$ 320 milhões). O Le Meurice, em frente aos Jardins de Tuilerias e a poucos passos do Crillon, na praça da Concórdia, integra desde 1997 o patrimônio do sultão Hassanal Bolkiah, de Brunei. Alguns anos depois, em 2001, o ex-bilionário número 1 do mundo se deu de presente outro hotel de luxo parisiense, o Plaza Athénée, na sofisticada avenida Montaigne. E no exemplo mais recente, por supostos 250 milhões de euros (R$ 571,4 milhões) o elegante Royal Monceau passou, em 2007, ao comando do fundo soberano Qatari Diar, do Qatar.
O único palace que permanece nas mãos de franceses é o Fouquet’s Barrière, na avenida Champs-Elysées. Fechando a lista dos estabelecimentos de alto luxo de Paris, o hotel Bristol pertence ao milionário alemão Rudolf Oetker.
Somas astronômicas
“Essas vendas nunca são fáceis e às vezes demoram meses ou até anos para serem concluídas, porque as somas envolvidas são astronômicas”, comenta Gabriel Matar, diretor francês da Jones Lang LaSalle Hotels, líder mundial em transações hoteleiras. Especialistas do mercado garantem que os retornos financeiros de investimentos tão monumentais começam a aparecer no mínimo dez anos depois. “Embora não estejam sozinhos nessas concorrências, os árabes acabam sendo os que têm mais dinheiro à disposição nas negociações de venda, e os que têm menos pressa de atingir lucros. Além disso, eles gostam de diversificar suas fortunas e – é preciso dizer – são fascinados por luxo.”
Em outras palavras, ninguém paga mais do que os reis do petróleo, que visam não somente Paris, mas cidades cosmopolitas ocidentais como Londres e Nova York. Os hotéis de Paris, no entanto, ocupam o topo entre os mais caros do mundo, já que a cidade é a que melhor simboliza o luxo para os turistas estrangeiros, explica Matar.
Assim, a média do preço da diária cobrada nos palaces chega a 775 euros (R$ 1.771), enquanto as dos concorrentes americanos e ingleses dificilmente ultrapassam os 700 euros (R$ 1.599). O cliente de luxo desembolsa em média 1,2 mil euros (R$ 2.742) nesses hotéis em Paris, distribuídos em gastos com serviços como spa, city tour ou restaurante.
“O luxo parisiense sempre foi um investimento seguro. Mas, mesmo assim, os investidores do Oriente Médio conseguiram tornar o setor ainda mais exuberante, atraindo uma clientela que não vê limites para os gastos quando sai de férias”, analisa o consultor Henri Guérin, da imobiliária de luxo Propriétés de France.
Embora tentem dissimular, o assunto é tabu para os gerentes dos palaces, temerosos de que a venda dos estabelecimentos franceses para os árabes seja vista como uma perda das tradições. Todos foram procurados pelo iG, mas nenhum quis comentar as transações comerciais, alegando que resguardam o silêncio sobre o assunto.
Salto nos preços
Uma fonte próxima das negociações da venda do Crillon confirmou que, com os investimentos realizados pelos novos proprietários, os hotéis da capital puderam dar um salto nos valores cobrados pelos quartos. As suítes imperiais dos palaces chegam a custar inacreditáveis 20 mil euros (R$ 45,7 mil) por noite. “Nos últimos 15 anos, acompanhamos a chegada de uma nova clientela jovem russa, chinesa e do Oriente Médio, sedenta por todo o tipo de mordomias que o dinheiro deles é capaz de pagar. Para atender essa demanda, os hotéis foram obrigados a se modernizar e a se tornar ainda mais luxuosos”, disse a fonte.
Como consequência, as vendas dos estabelecimentos franceses foram acompanhadas de milhões de euros em restauração e novas instalações, como piscinas, centros de convivência e até cinema. Os gastos com obras duplicaram o valor da compra do Royal Monceau, por exemplo, recém-reaberto com a assinatura do arquiteto Philippe Starck – e depois de passar dois anos em uma reforma completa.
O aperfeiçoamento e a ampliação do pessoal também são responsáveis por uma grossa fatia dos custos, uma vez que os palaces dispõem de pelo menos 2,5 funcionários para cada quarto. A chegada de três novos hotéis de alto luxo, todos de proprietários asiáticos e previstos para estarem prontos até 2012, é outro fator que está aquecendo a concorrência hoteleira de prestígio parisiense. Para completar, a contratação dos mais renomados chefes de cozinha do mundo passou a ser obrigatória nos restaurantes destes hotéis. É o caso do chefe Alain Ducasse, estrela do restaurante do Plaza Athénnée, onde um jantar não sai por menos de 400 euros (R$ 914) por pessoa.
No topo da qualidade da hospedagem em Paris, os sete palaces respondem por apenas 2% do mercado e movimentaram 500 milhões de euros (R$ 1,14 bilhão) em 2009, ainda sob os efeitos da crise econômica, quando tiveram uma média de 47% de ocupação dos quartos. Este ano marcou a recuperação do setor, quando chegaram a registrar 85% de ocupação nos meses de verão, de acordo com o Escritório de Turismo de Paris. A média anual deve ficar em 70%, conforme estimativa da Jones Lang LaSalle Hotels.
De office-boy a dono de empresa com faturamento de R$ 30 milhões
"Consegui mudar o meu destino". A frase é de Alcides Braga, dono da Truckvan, uma das principais fabricantes brasileiras de baús para caminhões. Confira as lições de sua trajetória, da periferia de Guarulhos para o topo do mundo dos negócios
SEU LEMA É SIMPLES: "Não podemos ter ex-clientes"
Nos anos 1960, o Parque Santo Antônio - na periferia de Guarulhos, Grande São Paulo - era um local ermo, desenhado por ruas de terra e muito mato. Em uma das poucas casas erguidas no bairro, a rotina era típica de uma família pobre: cortes de luz, roupas contadas e comida racionada. Ali cresceu Alcides Braga, fundador da Truckvan, fabricante de baús e módulos para caminhões que prevê fechar 2010 com um faturamento de R$ 30 milhões.
Articulado e de fala mansa, Braga, de 46 anos, herdou dos pais a persistência e a paixão pelo trabalho. O pai, o encanador também de nome Alcides, aposentou-se apenas no ano passado, aos 81 anos. A mãe, Talgina, de 78, além de cuidar da casa, passou boa parte da vida fazendo faxina. "Meus pais sempre trouxeram o suficiente. Morávamos em uma casa simples, sem piso, mas consegui chegar à faculdade", afirma Braga.
O empresário começou a trabalhar cedo. Antes dos 10 anos, já fazia de tudo: engraxava sapatos, realizava carretos, vendia chuchu e abóboras que colhia no quintal de um vizinho, entre outras "profissões" que se estendiam pela semana. "Eu ficava o dia todo fora. Minha mãe me esperava com a vassoura. Eu chegava todo sujo com o dinheiro para colocar na mão dela", lembra.
A conversa fácil e a habilidade para desenvolver relacionamentos são os pontos fortes de Braga. Para ele, a vocação comercial aflorou naturalmente. "Nunca fui de brincar. Jogar bolinha, pião e soltar pipa não eram o meu forte. O trabalho sempre me atraiu mais", recorda. Caçula de oito filhos, ele foi o único dos irmãos a cursar o ensino superior. Ingressou em Letras, mas acabou abandonando o curso. Teve como exemplo um chefe na Randon - uma das primeiras empresas em que trabalhou - que, apesar de farmacêutico, construiu uma carreira de sucesso fora da sua área de formação. "Ele me influenciou a não pensar muito na faculdade. Mesmo com um diploma, a vocação fala mais alto", diz.
A relação com o universo dos caminhões é antiga. Apesar de iniciar sua carreira formal aos 14 anos, como office-boy nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, logo rumou para o setor de onde não sairia mais. Trabalhou como boy na Randon, onde conheceu o auxiliar de expedição Flávio Santilli, que mais tarde tornou-se seu sócio na Truckvan. Lá, destacou-se como vendedor, passando uma temporada de dois anos em Mato Grosso. Ao retornar para São Paulo, arriscou um empreendimento paralelo à carreira que começava a decolar.
Junto com um amigo que desejava empreender, Braga comprou uma oficina de costura. Ao mesmo tempo, já em 1986, atingira um posto de destaque na Randon. "Eu ganhava o equivalente a uma quantia entre R$ 20 mil e R$ 30 mil", calcula. Adquiriram máquinas e ampliaram as instalações. Com o Plano Cruzado, entretanto, houve uma rápida contração do mercado e os amigos viram-se obrigados a mudar os planos. "Eu percebi que não bastava uma veia empreendedora. Era preciso conhecer o setor. Resistiram apenas os que dominavam a atividade", diz. Para sair da empreitada, ele pagou as dívidas com recursos oriundos da venda de um apartamento que possuía.
O fracasso de empreender em terreno desconhecido conduziu Braga de volta ao seu ramo de origem, em que se reergueu rapidamente. Em 1987, já não estava mais na Randon. O talento para negociar e criar relações o fez chegar a supervisor nacional de vendas na FNV, fabricante de carretas pertencente ao grupo Engesa, que depois foi vendida à Ioschpe-Maxion. Porém, mais uma vez, Braga desafiou a zona de conforto. Em um voo na ponte aérea Rio-São Paulo, encontrou um colega que na ocasião era diretor da Metalúrgica Paulista, fábrica paranaense de baús de carga para caminhões. Na conversa, Braga soube que a empresa desejava ampliar as vendas de sua distribuidora em São Paulo. Logo veio a proposta: ele assumiria a gerência da filial e teria parte do seu salário retida em um caixa para que, depois de um ano, pudesse adquirir a concessão da sucursal. Fechou as portas na Maxion, empresa em que tinha uma carreira promissora, e partiu para um caminho incerto.
OS 7 PONTOS FORTES DE ALCIDES BRAGA >>> NÃO ANTECIPAR FASES. Depois de comprar um carro zero sem ter condições, logo no início da Truckvan, Braga aprendeu a dar um passo de cada vez. Não dá para ter ganhos além do limite estrutural.
>>> PAGAR EM DIA. Braga afirma que, em 18 anos de existência, a Truckvan sempre honrou seus compromissos com funcionários e fornecedores.
>>> PRIORIZAR AS PESSOAS. "Passo a maior parte do meu dia atendendo funcionários. Ninguém aqui anda para o lado. Contratamos profissionais sem experiência e procuramos formá-los de acordo com nossa visão", diz Braga.
>>> COMEÇAR PEQUENO. No início da Truckvan, eram apenas os dois sócios e outros cinco profissionais. "Fazíamos de tudo: vendíamos peças, anotávamos pedido, comprávamos a mercadoria, emitíamos a nota e, depois de 30 dias, pegávamos o cheque no cliente", lembra o sócio, Flávio Santilli.
>>> PLANEJAR - E SER ÁGIL. "Atualmente não tenho surpresas. Sempre procuro fazer previsões. Se o fluxo de caixa vai apresentar problemas daqui a duas semanas, eu já tomo uma atitude para não prejudicar meus pagamentos", diz Braga.
>>> INOVAÇÃO. Hoje, a Truckvan baseia sua produção em tecnologia própria. Braga afirma que é preciso prestar atenção às novidades. "Dessa forma, temos equipamentos adequados às nossas necessidades, mas sempre pesquisamos na indústria novas formas de otimização da nossa produtividade", analisa.
>>> PERSISTÊNCIA. "Uma coisa ninguém pode negar: sempre fomos muito insistentes. Sem isso, dificilmente, conseguiríamos sobreviver em meio a tantas mudanças e crises econômicas", diz.
SEU LEMA É SIMPLES: "Não podemos ter ex-clientes"
Nos anos 1960, o Parque Santo Antônio - na periferia de Guarulhos, Grande São Paulo - era um local ermo, desenhado por ruas de terra e muito mato. Em uma das poucas casas erguidas no bairro, a rotina era típica de uma família pobre: cortes de luz, roupas contadas e comida racionada. Ali cresceu Alcides Braga, fundador da Truckvan, fabricante de baús e módulos para caminhões que prevê fechar 2010 com um faturamento de R$ 30 milhões.
Articulado e de fala mansa, Braga, de 46 anos, herdou dos pais a persistência e a paixão pelo trabalho. O pai, o encanador também de nome Alcides, aposentou-se apenas no ano passado, aos 81 anos. A mãe, Talgina, de 78, além de cuidar da casa, passou boa parte da vida fazendo faxina. "Meus pais sempre trouxeram o suficiente. Morávamos em uma casa simples, sem piso, mas consegui chegar à faculdade", afirma Braga.
O empresário começou a trabalhar cedo. Antes dos 10 anos, já fazia de tudo: engraxava sapatos, realizava carretos, vendia chuchu e abóboras que colhia no quintal de um vizinho, entre outras "profissões" que se estendiam pela semana. "Eu ficava o dia todo fora. Minha mãe me esperava com a vassoura. Eu chegava todo sujo com o dinheiro para colocar na mão dela", lembra.
A conversa fácil e a habilidade para desenvolver relacionamentos são os pontos fortes de Braga. Para ele, a vocação comercial aflorou naturalmente. "Nunca fui de brincar. Jogar bolinha, pião e soltar pipa não eram o meu forte. O trabalho sempre me atraiu mais", recorda. Caçula de oito filhos, ele foi o único dos irmãos a cursar o ensino superior. Ingressou em Letras, mas acabou abandonando o curso. Teve como exemplo um chefe na Randon - uma das primeiras empresas em que trabalhou - que, apesar de farmacêutico, construiu uma carreira de sucesso fora da sua área de formação. "Ele me influenciou a não pensar muito na faculdade. Mesmo com um diploma, a vocação fala mais alto", diz.
A relação com o universo dos caminhões é antiga. Apesar de iniciar sua carreira formal aos 14 anos, como office-boy nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, logo rumou para o setor de onde não sairia mais. Trabalhou como boy na Randon, onde conheceu o auxiliar de expedição Flávio Santilli, que mais tarde tornou-se seu sócio na Truckvan. Lá, destacou-se como vendedor, passando uma temporada de dois anos em Mato Grosso. Ao retornar para São Paulo, arriscou um empreendimento paralelo à carreira que começava a decolar.
Junto com um amigo que desejava empreender, Braga comprou uma oficina de costura. Ao mesmo tempo, já em 1986, atingira um posto de destaque na Randon. "Eu ganhava o equivalente a uma quantia entre R$ 20 mil e R$ 30 mil", calcula. Adquiriram máquinas e ampliaram as instalações. Com o Plano Cruzado, entretanto, houve uma rápida contração do mercado e os amigos viram-se obrigados a mudar os planos. "Eu percebi que não bastava uma veia empreendedora. Era preciso conhecer o setor. Resistiram apenas os que dominavam a atividade", diz. Para sair da empreitada, ele pagou as dívidas com recursos oriundos da venda de um apartamento que possuía.
O fracasso de empreender em terreno desconhecido conduziu Braga de volta ao seu ramo de origem, em que se reergueu rapidamente. Em 1987, já não estava mais na Randon. O talento para negociar e criar relações o fez chegar a supervisor nacional de vendas na FNV, fabricante de carretas pertencente ao grupo Engesa, que depois foi vendida à Ioschpe-Maxion. Porém, mais uma vez, Braga desafiou a zona de conforto. Em um voo na ponte aérea Rio-São Paulo, encontrou um colega que na ocasião era diretor da Metalúrgica Paulista, fábrica paranaense de baús de carga para caminhões. Na conversa, Braga soube que a empresa desejava ampliar as vendas de sua distribuidora em São Paulo. Logo veio a proposta: ele assumiria a gerência da filial e teria parte do seu salário retida em um caixa para que, depois de um ano, pudesse adquirir a concessão da sucursal. Fechou as portas na Maxion, empresa em que tinha uma carreira promissora, e partiu para um caminho incerto.
OS 7 PONTOS FORTES DE ALCIDES BRAGA >>> NÃO ANTECIPAR FASES. Depois de comprar um carro zero sem ter condições, logo no início da Truckvan, Braga aprendeu a dar um passo de cada vez. Não dá para ter ganhos além do limite estrutural.
>>> PAGAR EM DIA. Braga afirma que, em 18 anos de existência, a Truckvan sempre honrou seus compromissos com funcionários e fornecedores.
>>> PRIORIZAR AS PESSOAS. "Passo a maior parte do meu dia atendendo funcionários. Ninguém aqui anda para o lado. Contratamos profissionais sem experiência e procuramos formá-los de acordo com nossa visão", diz Braga.
>>> COMEÇAR PEQUENO. No início da Truckvan, eram apenas os dois sócios e outros cinco profissionais. "Fazíamos de tudo: vendíamos peças, anotávamos pedido, comprávamos a mercadoria, emitíamos a nota e, depois de 30 dias, pegávamos o cheque no cliente", lembra o sócio, Flávio Santilli.
>>> PLANEJAR - E SER ÁGIL. "Atualmente não tenho surpresas. Sempre procuro fazer previsões. Se o fluxo de caixa vai apresentar problemas daqui a duas semanas, eu já tomo uma atitude para não prejudicar meus pagamentos", diz Braga.
>>> INOVAÇÃO. Hoje, a Truckvan baseia sua produção em tecnologia própria. Braga afirma que é preciso prestar atenção às novidades. "Dessa forma, temos equipamentos adequados às nossas necessidades, mas sempre pesquisamos na indústria novas formas de otimização da nossa produtividade", analisa.
>>> PERSISTÊNCIA. "Uma coisa ninguém pode negar: sempre fomos muito insistentes. Sem isso, dificilmente, conseguiríamos sobreviver em meio a tantas mudanças e crises econômicas", diz.
Após ocupação, Alemão começa a receber turistas
'Acho que aqui é mais seguro do que outros lugares', disse visitante.
Neste sábado (4), polícia apreendeu 18 caça-níqueis no local.
Turistas passeavam pelo Alemão
neste sábado (4)
Quase uma semana depois de ser ocupado por forças policiais e por soldados do Exército, o Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, Zona Norte do Rio, já começa a receber turistas. Um dos primeiros grupos de visitantes apareceu no complexo na manhã deste sábado e veio de Indaiatuba, interior de São Paulo.
“Não viemos ao Rio com o objetivo de conhecer este lugar, mas, já que estamos aqui, por que não visitá-lo?”, explicou a bancária Cristiane Ferreira, de 32 anos, que vai passar o fim de semana na cidade junto de parentes. Antes da visita ao Alemão, as turistas foram conhecer o Cristo Redentor.
Para ela, o complexo não oferece mais o perigo de outros tempos: “Acho que aqui é até mais seguro do que outros lugares na cidade. Pelo que eu pude perceber, o clima está bem diferente, mais tranquilo”, destacou.
Cristiane, que já esteve no Rio outras vezes, diz que não só pretende caminhar por dentro da favela e conversar com moradores, como também visitar outros pontos turísticos tradicionais da cidade.
“A cidade é muito bonita, temos muita coisa pra se fazer, né? Mas acho que vai faltar tempo para vermos tudo”, lamentou.
Neste sábado (4), polícia apreendeu 18 caça-níqueis no local.
Turistas passeavam pelo Alemão
neste sábado (4)
Quase uma semana depois de ser ocupado por forças policiais e por soldados do Exército, o Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, Zona Norte do Rio, já começa a receber turistas. Um dos primeiros grupos de visitantes apareceu no complexo na manhã deste sábado e veio de Indaiatuba, interior de São Paulo.
“Não viemos ao Rio com o objetivo de conhecer este lugar, mas, já que estamos aqui, por que não visitá-lo?”, explicou a bancária Cristiane Ferreira, de 32 anos, que vai passar o fim de semana na cidade junto de parentes. Antes da visita ao Alemão, as turistas foram conhecer o Cristo Redentor.
Para ela, o complexo não oferece mais o perigo de outros tempos: “Acho que aqui é até mais seguro do que outros lugares na cidade. Pelo que eu pude perceber, o clima está bem diferente, mais tranquilo”, destacou.
Cristiane, que já esteve no Rio outras vezes, diz que não só pretende caminhar por dentro da favela e conversar com moradores, como também visitar outros pontos turísticos tradicionais da cidade.
“A cidade é muito bonita, temos muita coisa pra se fazer, né? Mas acho que vai faltar tempo para vermos tudo”, lamentou.
Abastecer com etanol é vantajoso em apenas sete estados
Etanol é mais competitivo em GO, MT, MS, PR, PE, SP e Tocantins.
Na semana passada, o álcool combustível era vantajoso em oito estados.
Etanol perde vantagem a cada semana
Abastecer com etanol em vez de gasolina é vantagem em apenas sete estados, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na semana passada, era vantagem em oito estados.
Hoje, o etanol está competitivo nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Tocantins. Nos estados da Bahia, Ceará, Rondônia e Rio de Janeiro é indiferente a utilização de álcool ou gasolina no tanque. Em 15 estados e no Distrito Federal, o consumidor que opta pela gasolina leva vantagem.
No Estado de São Paulo, que concentra quase 60% do consumo de etanol, o combustível tem a segunda maior vantagem do Brasil e perde apenas para Goiás. Considerando o preço médio da gasolina de R$ 2,469 por litro em São Paulo, o etanol hidratado é competitivo na região até R$ 1,7283 e, na média da ANP, o preço em São Paulo ficou em R$ 1,616 por litro nesta semana. O preço do etanol subiu 1,2% no estado de São Paulo na semana.
A vantagem do etanol é calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores à gasolina. Segundo o levantamento, em São Paulo, o preço do etanol corresponde a 65,45% do preço da gasolina (até 70% o etanol é competitivo). Em Goiás, a relação é de 62,57%, em Mato Grosso de 65,77%, no Paraná de 66,89% e em Mato Grosso do Sul de 67,64%. A gasolina está mais vantajosa principalmente em Roraima (o preço do etanol é 82,18% do valor da gasolina) e no Amazonas (+ 81,61%).
Na semana passada, o álcool combustível era vantajoso em oito estados.
Etanol perde vantagem a cada semana
Abastecer com etanol em vez de gasolina é vantagem em apenas sete estados, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na semana passada, era vantagem em oito estados.
Hoje, o etanol está competitivo nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Tocantins. Nos estados da Bahia, Ceará, Rondônia e Rio de Janeiro é indiferente a utilização de álcool ou gasolina no tanque. Em 15 estados e no Distrito Federal, o consumidor que opta pela gasolina leva vantagem.
No Estado de São Paulo, que concentra quase 60% do consumo de etanol, o combustível tem a segunda maior vantagem do Brasil e perde apenas para Goiás. Considerando o preço médio da gasolina de R$ 2,469 por litro em São Paulo, o etanol hidratado é competitivo na região até R$ 1,7283 e, na média da ANP, o preço em São Paulo ficou em R$ 1,616 por litro nesta semana. O preço do etanol subiu 1,2% no estado de São Paulo na semana.
A vantagem do etanol é calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores à gasolina. Segundo o levantamento, em São Paulo, o preço do etanol corresponde a 65,45% do preço da gasolina (até 70% o etanol é competitivo). Em Goiás, a relação é de 62,57%, em Mato Grosso de 65,77%, no Paraná de 66,89% e em Mato Grosso do Sul de 67,64%. A gasolina está mais vantajosa principalmente em Roraima (o preço do etanol é 82,18% do valor da gasolina) e no Amazonas (+ 81,61%).
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