O documento, datado de 1940 e que leva o selo do chefe das SS, Heinrich Himmler, certifica o desejo de Hitler de proteger seu antigo companheiro de armas da política antijudia do regime nazista.
O "Jewish Voice from Germany" publica uma cópia do documento encontrado por Mauss, membro do comitê de redação desta publicação.
Intervenção
O documento indica que Ernst Hess, então juiz do tribunal de Dusseldorf, "esteve durante a guerra de 1914-1918 na mesma companhia que o Führer e foi provisoriamente o chefe dessa companhia".
Apesar de reconhecer explicitamente Hess como "judeu com quatro avós judeus", a carta enfatiza o desejo de Hitler de que se considere "com benevolência" a demanda de Hess de gozar de tratamento especial. A carta termina com um convite às autoridades competentes a "deixar em paz" o interessado.
No entanto, segundo a historiadora, a proteção do Führer foi apenas temporária entre 19 de agosto de 1941, a data do documento, e a primavera de 1941, quando Hess foi deportado para o campo de Milbertshofen, perto de Munique.
Fato excepcional
"O documento se refere ao 'desejo' ('Wunsch' em alemão) do Führer e isso é algo realmente surpreendente", afirmou Susanne Mauss à AFP. Segundo ela, citar Hitler neste tipo de documento era um fato excepcional.
Mauss encontrou a carta quando estava preparando uma exposição chamada "Advogados sem direitos" sobre a história dos advogados judeus no distrito de Dusseldorf.
Ernst Hess, cuja filha, Ursula, tem agora 86 anos, sobreviveu à guerra e morreu em 14 de setembro de 1983, em Frankfurt. Sua irmã Berta morreu depois de ser deportada.