terça-feira, 26 de abril de 2011

Jundiaí mostra prós e contras do fim das sacolas plásticas nos mercados

Cidade diz que, em 8 meses, reduziu em 95% a distribuição das sacolas.
Medida é estudada em outras cidades; saiba o que diz a população local.

Dona de casa diz não sentir falta das sacolinhas plásticas (Foto: Letícia Macedo/ G1)

Em agosto passado, uma cidade de 370 mil habitantes começou a pôr em prática uma ação que é cada vez mais discutida no Brasil: abolir as sacolas plásticas dos mercados, tirando de circulação um produto que leva mais de um século para se decompor.

Oito meses depois, a Prefeitura de Jundiaí calcula ter reduzido em 95% a distribuição das sacolas, mesmo sem haver uma lei obrigando o comércio a não usá-las.

Por isso, a cidade a 58 km de São Paulo ficou no foco dessa discussão que agrada a ambientalistas, mas tem efeitos no cotidiano das pessoas.

O G1 ouviu da população do município opiniões a favor e contra. Veja abaixo as questões levantadas:

1: COMO FICA O LIXO EM CASA

“Eu sinto falta da sacolinha. Agora ficou mais difícil por causa do lixo”, disse a aposentada Domingas Ferreira Soares, de 62 anos. Ela contou que as bolsas de plástico que vinham do mercado cobriam as latas de lixo da casa dela. No fim da tarde desta segunda-feira (25), Domingas deixava um supermercado de Jundiaí com uma sacola plástica especial, feita à base de amido de milho, biodegradável. Cada uma custa R$ 0,19.

Levantamento realizado pelo G1 aponta que 13 capitais brasileiras já aprovaram leis que limitam ou proíbem a utilização de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais. No dia 18, entrou em vigor em Belo Horizonte a proibição. A lei mineira prevê multas no valor de R$ 1 mil aos comerciantes que não se adaptarem às mudanças, além de correrem o risco de serem interditados.

Diferentemente da iniciativa tomada por Belo Horizonte, onde uma lei proíbe os supermercados de distribuir as sacolinhas, Jundiaí promoveu a mudança baseada apenas em um acordo da Associação Paulista de Supermercados (Apas) com supermercadistas, comerciantes e consumidores.

2: O PREÇO DAS SACOLAS


Iraci (de verde) reclamou dos custos da medida
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)

Além de se queixar de não ter mais tantas sacolinhas para pôr no lixo de casa, a auxiliar de limpeza Iraci Ribeiro, de 53 anos, não gostou de ter que pagar pelas biodegradáveis, mesmo que custem centavos – essa é a opção oferecida pelas lojas aos clientes que não tragam suas bolsas ou recusem as caixas de papelão.

“Não gostei (dessa medida). Sei que é bom para o meio ambiente, mas eu estava acostumada a ter as sacolas plásticas (que o mercado dava). E ainda tenho que lembrar de ter um dinheiro extra se esquecer minha bolsa em casa e precisar comprar”, afirmou Iraci, que, por ter deixado sua bolsa ecológica em casa, desembolsou mais R$ 0,38 em duas sacolinhas biodegradáveis para carregar as poucas compras que fez

“Se a gente compra um monte de coisa e esquece a nossa sacola, paga mais caro”, completou a filha de Iraci, a operadora de caixa Andrea Ribeiro, de 32 anos. Ela usava a bolsa que pegou emprestada da avó.

Iraci contou que mora com outras oito pessoas e calculou trocar o lixo de casa pelo menos três vezes ao dia. Como alternativa, ela usa o plástico que envolve as frutas e legumes comprados no mercado, além de pagar pelos sacos de lixo pretos ou azuis vendidos no comércio. O preço deles, dependendo do tamanho e da quantidade de unidades pode variar, em média, de R$ 3 a R$ 24.

3: CAIXAS DE PAPELÃO

A dona de casa Maria Amélia Henriques Luís, de 69 anos, costuma organizar suas compras do mês em caixas de papelão, disponibilizadas pelo supermercado. E disse não sentir falta das sacolinhas. “O novo sistema está mais do que aprovado. As sacolinhas não estão fazendo falta”, afirmou.

Embora ainda utilize saquinhos plásticos para organizar frutas e verduras, a dona de casa observou que a redução no número de sacolinhas em circulação também provocou uma mudança de comportamento em casa. “Imagina quantas sacolas eu usava para levar essa compra para casa? Agora nós reduzimos. Reutilizamos os saquinhos em que colocamos as verduras”, afirmou.

4: SACOLA PARTICULAR


Autônomo diz que iniciativa deveria ser tomada no
país inteiro (Foto: Letícia Macedo/ G1)

O autônomo Jesus Ferreira, de 52 anos, se disse adaptado à nova medida. “Eu sempre trago uma sacola. Dificilmente eu compro. É bom saber que a gente ajuda o planeta a respirar melhor. Deveria ser assim no Brasil inteiro."

A estudante Janaína Pereira de Oliveira, de 15 anos, também opta por fazer as compras com sacolas biodegradáveis quando não está de carro. “Quando estamos de carro, nós utilizamos as caixas de papelão”, afirmou. Ela e a mãe disseram aprovar a iniciativa.

5: IMPACTO NO COMÉRCIO


Estudante opta por sacolas biodegradáveis (Foto:
Letícia Macedo/ G1)

Além de consumidores, há comerciantes satisfeitos. Dono de um mercadinho no bairro Jardim Paulista, Valmir Melo disse aprovar a iniciativa. “No começo alguns consumidores esqueciam a sacola e reclamavam, mas agora todo mundo se acostumou e eu ainda economizo o dinheiro da compra das sacolas", disse.

Nos grandes supermercados, o impacto também foi considerado positivo. “A passagem pelo caixa acaba sendo até mais rápida. Outra vantagem é a economia, pois a sacola tinha um custo razoável”, disse Eduardo Gimenes, gerente de uma unidade de uma grande rede de supermercados.

A iniciativa ganha aos poucos espaço no estado de São Paulo. O vice-presidente da Apas, Edvaldo Bronzeli, afirmou que a entidade está comprometida em viabilizar opções até mesmo para os saquinhos utilizados na embalagem das frutas. “Já existe um tipo de saco para colocar frutas e legumes feito de fontes renováveis. Nós tentamos articular um aumento na produção para que possamos propor a utilização desse novo material pelos supermercados”, afirmou.

De acordo com Bronzeli, diversas cidades do litoral e do interior de São Paulo já estudam eliminar o uso de sacolas plásticas. Um acordo nos moldes do que está em vigor em Jundiaí deve ser assinado entre a Apas e o governo do estado em maio, segundo Bronzeli.

6: AVALIAÇÃO DA PREFEITURA

“Nós compreendemos que o trabalho deve ser desenvolvido junto com a sociedade, sem a necessidade de uma lei, o que se mostrou altamente eficaz. Sem a adesão da população, nada disso seria possível”, afirmou o prefeito Miguel Haddad.

De acordo com ele, o município faz um esforço para expandir gradativamente a iniciativa de substituir as sacolas plásticas por sacolas biodegradáveis para as feiras livres e comércio em geral. “Não dá para eliminar o plástico de um dia para o outro”, disse o prefeito.

A Prefeitura de Jundiaí estima ter reduzido em 95% a distribuição das sacolas plásticas nos supermercados desde o início da campanha, que passou a vigorar em 30 de agosto do ano passado. Antes de aderir à campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco”, Jundiaí consumia 22 milhões de sacolas por mês, o equivalente a 80 toneladas de plástico filme.

7: ADAPTAÇÃO DA INDÚSTRIA

Gisele Barbin é gerente comercial da Extrusa-Pack, indústria que produz tanto as sacolas plásticas tradicionais quanto as feitas com amido de milho. Ela contou que a medida em Jundiaí favoreceu a empresa. “Em 2009, vimos que muitos projetos de lei poderiam ser aprovados (proibindo a distribuição das sacolinhas) e, por isso, buscamos alternativas sustentáveis.” O produto está no comércio desde julho de 2010.

A empresa, que, segundo ela, fornecia por mês 2,5 milhões de sacolas plásticas a dez supermercados de Jundiaí, passou a vender 1 milhão de sacolinhas biodegradáveis. O volume de vendas na cidade é menor, mas o número de clientes aumentou muito, pois praticamente todos os mercados aderiram ao acordo.

Gisele, no entanto, não disse quantos fornecedores tem agora, mas ressaltou que a Extrusa-Pack continua vendendo as sacolas tradicionais aos outros municípios paulistas onde a medida não entrou em vigor. De acordo com a gerente comercial, o consumidor paga, em média, R$ 0,03 pela sacolinha plástica oferecida de graça no mercado. O preço vem embutido na compra. O cliente que não tiver como carregar suas mercadorias vai pagar os R$ 0,19.

8: DANO AO AMBIENTE

Usada para diversos fins, a tradicional sacolinha de supermercado não é vista com bons olhos por quem se preocupa com o meio ambiente. “Se ela for armazenada em um aterro adequado, pode levar até 150 anos para se decompor. E se for enterrada em um local sem oxigênio, ainda libera o gás metano, que é 20 vezes mais agressivo que o CO² (gás carbônico) para o efeito estufa”, disse o professor de engenharia química Gil Anderi da Silva, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Já a sacola feita com o amido do milho leva apenas 180 dias para se decompor na natureza, de acordo com a gerente comercial da Extrusa-Pack. “Isso é no sistema de compostagem. É uma tecnologia bem avançada, por isso o preço é mais caro. Mas a resistência é a mesma”, disse Gisele Barbin.

Brasileiras com menos estudo sofrem mais de pressão alta

Ministro diz que população menos escolarizada não faz tanto exercício físico


25,5% das mulheres brasileiras sofrem com pressão alta


Pesquisa divulgada nesta terça-feira (26) pelo Ministério da Saúde revela que a incidência de hipertensão arterial (pressão alta) é maior entre mulheres menos escolarizadas do que entre as que têm mais anos de estudo. De acordo com a pesquisa, 34,8% das brasileiras com até oito anos de estudo foram diagnosticadas com hipertensão em 2010, contra 13,5% das mulheres com 12 ou mais anos de escolaridade.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a população com menos tempo de estudo tende a não praticar exercícios físicos e a se alimentar pior, o que eleva a chance de desenvolver a doença.

– Os menos escolarizados praticam menos atividade física que os mais escolarizados.

Para estimular e facilitar o acesso desse grupo às atividades físicas, o ministério vai investir na instalação de equipamentos esportivos e promoção da prática de exercícios nos municípios, com o programa Academia da Saúde, lançado no último dia 7. A meta é implantar mil academias até o fim do ano. As prefeituras interessadas devem procurar o ministério.

A pesquisa constatou que o diagnóstico de hipertensão é maior entre as mulheres que entre os homens, 25,5% e 20,7% respectivamente. No entanto, isso não significa que o risco de ter a doença seja maior entre elas. A explicação para a diferença, segundo o ministério, é que o público feminino procura mais os serviços médicos que o masculino e, por isso, a prevalência é significativa entre elas.

Quando não tratada, a hipertensão provoca complicações à saúde, como entupimento de artérias, acidente vascular cerebral (AVC), infarto e outras doenças cardiovasculares.

Os dados integram pesquisa do ministério, feita por telefone, sobre a saúde do brasileiro, chamada Vigitel. Foram ouvidos 54.339 brasileiros maiores de 18 anos nas 26 capitais e no Distrito Federal, em 2010. A pesquisa é feita anualmente, desde 2006.
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