domingo, 28 de novembro de 2010

Judeus e mulçumanos oram por chuva na Terra Santa

Seca atinge a região e faz fiéis lotarem mesquitas e sinagogas para rezar

Mulheres muçulmanas rezam por chuva na Jordânia, em oração organizada pelo movimento Irmandade Muçulmana

Líderes religiosos do islamismo e do judaísmo da Terra Santa poucas vezes concordam em algum aspecto. Mas nos últimos dias uniram-se por uma causa comum e passaram a rezar para que chova na árida região, que ao longo do mês de novembro registrou temperaturas típicas de verão – ainda é outono por lá.

Em igrejas, sinagogas e mesquitas, os fiéis aproveitam as orações para pedir que sejam abençoados com as chuvas, já que a atual seca poderia provocar enormes estragos à agricultura.

Há duas semanas, dezenas de imames, rabinos e um sacerdote cristão uniram suas forças em um inusitado encontro para orar juntos para que o outono comece a se manifestar.

Além da oração conjunta, houve uma série de iniciativas para que chova na Terra Santa, que abriga alguns dos lugares sagrados das principais religiões monoteístas (cristianismo, islamismo e judaísmo).

Os rabinos Yona Metzger e Shlomo Amar deixaram claro em uma carta a seus seguidores que, por causa de seus "muitos pecados", a terra está seca. Nas ruas de países como a Jordânia e a Síria, muçulmanos se juntaram para rezar.

Pedidos envolvem até a miss Israel

Nesta quinta-feira (25), os rabinos Menashe Malka e Reuven Deri subiram em um balão junto a Shavit Wiesel, a Miss Israel 2010, para pedir desde os céus do quente deserto do Neguev para que chova.

Eles entoaram uma oração do rabino Mordechai Eliahu, destinada especificamente para este tipo de ocasião, segundo informou nesta sexta-feira (26) o jornal Jerusalem Post.

Ainda nesta quinta-feira, Metzger e Amar visitaram na cidade de Hatzor Haglilit, no norte do país, o túmulo de Honi HaM'agel, sábio judeu do século 1 a.C., famoso por invocar com sucesso a chegada da chuva.

Nas últimas duas semanas, os mais altos guias espirituais judeus convocaram os fiéis a vários dias de jejum como demonstração de sacrifício e purificação de seus pecados.

Na última quarta-feira (24), dezenas de rabinos uniram-se em uma grande cerimônia com o mesmo objetivo a bordo de um navio no mar da Galiléia, cujo nível diminui meio centímetro a cada dia.

Os dois rabinos comandaram uma oração especial que muitos judeus vêm recitando com fervor nos últimos dias para tentar reverter a alarmante situação.

Relação entre chuvas e judeus está na Bíblia

A relação entre as chuvas e o povo judeu está na Bíblia, no capítulo 11 do Deuteronômio, que adverte a esse povo que, se adorarem outros deuses, "não haverá chuva e a terra não dará seus frutos".

Nesta sexta-feira, a poucos dias para o fim do mês de novembro, os residentes de Tel Aviv podem aproveitar a praia devido às altas temperaturas, que são ainda mais elevadas às margens do mar Morto.

O fim de semana deverá ser ainda mais quente e os agricultores olham para os céus com a esperança de avistar ao longe alguma nuvem que anuncie uma tempestade.

Se a situação não mudar em breve, os peregrinos cristãos poderão chegar a Belém em algumas semanas e aproveitar um Natal que promete ser bastante quente.

A invasão da soneca

BOM TRABALHO
A assistente de treinamento Simone Silva na sala de descanso da empresa. Depois de dormir um pouco, os funcionários produzem mais

Ter vontade de cochilar depois do almoço não é coisa de preguiçoso nem de glutão. É normal que haja uma queda na temperatura do corpo no meio da tarde, similar à que ocorre no meio da madrugada. Daí vem a sonolência pós-almoço. No horário em que outros mamíferos diurnos se espreguiçam gostosamente em alguma sombra, a maior parte dos trabalhadores volta ao batente. Mas cresce o número de empregados, no Brasil e no exterior, que podem tirar uma bela soneca depois do almoço – com o apoio do chefe.

Empresas como o Google e a Nike estão entre os defensores globais da dormidinha. No Brasil, até 2009, a consultoria especializada em ambientes de trabalho Great Place to Work (GPTW) não tinha nenhum relato de funcionários agradecidos por contarem com locais bons para dormir na empresa. Neste ano, em sua lista das 100 Melhores Empresas para Trabalhar (publicada por ÉPOCA) apareceram dez histórias sobre ambientes feitos para o descanso. Cada um a seu estilo, com pufes, redes ou colchonetes.

Dormir cerca de meia hora no meio da tarde pode melhorar a atenção, a memória, as habilidades motoras, o humor e a capacidade de tomar decisões. Segundo um estudo da Nasa, a agência espacial americana, 26 minutos de repouso, em média, aumentam a produtividade em até um terço e a capacidade de atenção em 54%. O estudo, coordenado pela especialista em fadiga Mark Rosekind, foi feito em 1995 – e só agora as empresas estão acordando para ele.

Os bons efeitos da soneca durante o expediente são percebidos por trabalhadores como Simone Silva, de 44 anos, assistente de treinamento na empresa de consórcios Embracon. No emprego anterior, ela já podia dormir, mas não contava com um espaço adequado para isso. “Eu tinha de colocar uma cadeira na sala do arquivo”, diz. No emprego atual, há uma estrutura de apoio. “É como se os pufes me abraçassem. Dormir 15 minutos é o suficiente.”

Um levantamento interno sobre qualidade de vida feito na Embracon mostrou que um terço dos funcionários em São Paulo tem jornada dupla, entre trabalho e estudo. “Eles acordam cedo e dormem tarde. Percebemos que um ambiente para descansar depois do almoço melhoraria as condições de trabalho”, diz Brenda Donato, gerente de recursos humanos. A empresa de software Sydle, de Belo Horizonte, também oferece espaço para descanso e escolheu não controlar o horário de uso. “A sala de descanso fica aberta das 7 horas às 21 horas, e cada um passa ali o tempo que quiser. Basta cumprir as oito horas diárias de trabalho”, afirma Alessandra Ravaiani, analista de RH.

A empresa pode até não controlar a duração da soneca, mas ainda assim o sono da tarde precisa ter limites. Senão, em vez de melhorar, ele pode piorar a saúde e a produtividade. A neurologista Andrea Bacelar, vice-presidente da Sociedade Brasileira do Sono, destaca algumas características do cochilo proveitoso. Em primeiro lugar, ele dura de 20 a 40 minutos. Parece pouco, mas o segredo é cultivar o hábito. O cérebro, quando acostumado à regularidade do momento de repouso, tenta aproveitá-lo ao máximo e “corre” para um estágio do sono revigorante. “Depois de 40 minutos, você entra em estágios ainda mais profundos, e acordar no meio de um deles pode causar mais cansaço”, diz Andrea. O bom sono, mesmo curtinho, também requer níveis baixos de luz e ruído.

Dormir 30 minutos já melhora o resto do dia, mas
mais de 40 minutos pode atrapalhar o sono noturno


A pior ameaça, porém, é a piora do sono noturno, já ruim para muita gente. O brasileiro médio dorme de seis horas e meia a sete horas e meia por noite, mas sete horas e meia é o mínimo necessário para manter a saúde física e mental. Um estudo da Unifesp em 2007 constatou que metade dos paulistanos tem problemas relacionados ao sono, situação comum em grandes cidades. “Quem tira uma soneca de vez em quando, sem regularidade, corre o risco de atrasar o sono noturno”, diz Andrea. Também para preservar o sono da noite, é importante não adiar o horário do descanso vespertino.

Em algumas áreas comerciais, surgem estabelecimentos que prestam esse tipo de serviço. Em Nova York, ganham fama spas de cochilos como o Yelo. No centro do Rio de Janeiro, desde o ano passado funciona a clínica de sono Pausadamente. Lá, salas para descanso podem ser alugadas por períodos de 20 a 40 minutos. Em São Paulo, o restaurante Bello Bello oferece desde 2004 a seus clientes o Espaço Soneca – um ambiente reconfortante, bem isolado da agitação do comércio da vizinhança, no bairro de Pinheiros. “Queria trazer o clima de minha casa para o restaurante”, diz a proprietária, Salete Ebone. “Fui acostumada a descansar durante a tarde, mas vejo que a soneca ainda é um tabu para muita gente.” Dos 300 clientes que almoçam por lá todos os dias, cerca de 40 vão ao Espaço Soneca depois da refeição e se libertam desse tabu.