quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Baianos reagem as ofensas virtuais contra os nordestinos


A onda de preconceito contra os nordestinos, geradas após a vitória de Dilma Rousseff (PT), chocou e gerou a reação de intelectuais e autoridades baianas. O governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT) condenou a postura dos manifestantes. Segundo ele “como todo tipo de preconceito, esse não constrói nada” e acrescentou que algumas pessoas utilizam a liberdade de maneira lamentável.

O prefeito de Salvador , João Henrique (PMDB) afirmou que essa postura preconceituosa o deixa indignado e “parte de pessoas que insistem em manter dois países em um: um rico e outro pobre”. Para o presidente do Ilê Aiyê, Antonio Carlos dos Santos, o Vovô, as ofensas contra os nordestinos devem ser tratadas como crime de racismo. Ele acha que depois do Brasil eleger um nordestino e uma mulher, não demorará a eleger um negro.

O repórter Jairo Costa Junior, publicou uma matéria no Jornal Correio* com o título “Bem-vinda Mayara”, em que fala sobre o caso da estudante que iniciou as reações preconceituosas e lembra o fato do estado de São Paulo, ter como candidato eleito, o palhaço Tiririca.

O estudante do 3º semestre de Publicidade e Propaganda da Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana, Diego Soares acredita que esse preconceito está ligado ao crescimento do Nordeste nos últimos anos. "Fiquei triste em perceber nessas manifestações, que no Brasil, mesmo rico em diversidade cultural, ainda exista espaço para discriminação. Ao invés de perdemos tempo discutindo qual região é superior a outra (fato que não existe), deveríamos nos preocupar com a construção de um pais igual para todos”, conclui.

A Jornalista baiana, Joseane Vitena, afirma que os políticos sempre aproveitam o momento das eleições para nos colocar como excluídos e marginalizados. "Então, fica o jogo para saber que ama mais os nordestinos, ou seja, ou seja que vai ganhar mais voto dos nordestinos? A vitória de Dilma significa a aprovação do governo que aí esta. Na verdade, quem ganhou a eleição foi Lula e não Dilma, foi o trabalho que vem dando oportunidade aos nordestinos, que tem olhado para o nordeste, na tentativa de dar um tratamento igualitário para todo o país.”

A psicóloga feirense, Ana Cristina Santos, acredita que esse preconceito sempre existiu. "Tanto que a votação em massa de Serra no sul e sudeste, deve muito ao fato que eles acham que o governo de Lula privilegiou o nordeste, os pobres como eles dizem, então sempre tiveram uma imagem do nordeste como uma região pobre, que eles sustentam. A eleição só escancarou isso”, afirma.

Para a estudante de Letras Vernáculas da Universidade Estadual de Feira de Santana, Dayana Karla Barbosa “melhor do que a vitória a Dilma, é poder ver que a população nordestina está construindo uma consciência política e que dessa vez pode prevalecer o interesse dessa maioria que é desfavorecida na sociedade brasileira. Eu, particularmente, não me importo, pois é evidente que o Brasil é um país fragmentado por classes e interesses, assim como qualquer outro. O que interessa é, que sim, está começando a festa da Democracia”.

Os ouvintes do Acorda Cidade, também se manifestaram em relação a esse assunto polêmico. Gil do Tomba, acredita que o nordestino mudou a cara do Brasil, a ouvinte Rosileide Correia agradece ao fato de ser nordestina:“somos nordestinos Graças a Deus, a gente ama a nossa cultura. Quem faz esse tipo de afirmação, merece um tratamento psicológico”.

Para o radialista Dilton Coutinho “uma parte da culpa é da mídia, que, muitas vezes, mostra o Nordeste de forma depreciativa, não mostra o potencial econômico da nossa região, apenas a miséria, a fome, a seca. Esse fato lamentável, não é apenas o pensamento dessa estudante, mas a maioria das pessoas do sul e sudeste desconhecem o real potencial da nossa região.”