quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Irã executa ex-amante de jogador de futebol

Presa há nove anos, a iraniana tinha sido condenada pelo assassinato, a facadas, de Laleh Saharkhizan, esposa de Naser Mohammadkhani

Shala Jahed foi enforcada ao amanhecer de hoje

A ex-amante de um popular jogador de futebol do Irã foi executada na manhã de quarta-feira (1º) em Teerã, apesar de apelos internacionais por clemência. Shala Jahed foi enforcada ao amanhecer no pátio da Prisão de Evin.

Presa há nove anos, a iraniana tinha sido condenada pelo assassinato, a facadas, de Laleh Saharkhizan, esposa de Naser Mohammadkhani, estrela do futebol que alcançou fama nos anos 80 e 90. Sua condenação foi baseada em uma suposta confissão, que ela depois disse ser falsa durante um julgamento público.

Ontem (30), o grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional disse que havia provas consideravelmente boas de que ela tinha sido condenada erroneamente. O caso ganhou ainda mais notoriedade após o apelo internacional contra o apedrejamento de Sakineh Ashtiani, iraniana acusada de trair e matar seu marido.

Jahed era considerada uma “esposa temporária” do jogador. Autorizado pela lei iraniana, um casamento temporário pode durar de alguns dias a alguns anos, desde que o marido arque com as despesas da mulher. A união pode, em seguida, ser anulada ou renovada.

Críticos do regime iraniano qualificam o casamento temporário como uma forma de prostituição legalizada. No Irã, homens podem ter até quatro esposas permanentes e quantas temporárias desejarem. Já as mulheres podem se casar apenas com um homem. Após ser presa, Jahed passou um ano se recusando a falar com as autoridades. Durante o período, ela foi mantida diversas vezes na solitária.

Na época, o jogador Mohammadkhani também chegou a ser preso por cumplicidade – já que estava na Alemanha no dia do crime –, mas foi liberado após autoridades afirmarem que Jahed havia confessado ter cometido o crime sozinha.

Quando resolveu falar, a mulher fez um protesto durante seu julgamento, aberto ao público: “Se querem me matar, vão em frente. Se me mandarem de volta [à prisão], vou confessar não apenas a morte de Saharkhizan, mas também a de pessoas que foram mortas por outros".