A cotação elevada do ouro provoca uma corrida das mineradoras ao metal no Brasil. O número de requerimentos de pesquisa, etapa inicial da exploração do metal, já é recorde em 2011.
No primeiro semestre, empresas de mineração fizeram 892 solicitações desse tipo. No ano passado inteiro, foram 1.162 pedidos.
Nesta semana, a cotação do ouro passou de US$ 1.800 (R$ 2.900) a onça-troy (o equivalente a 31,1 gramas).
O interesse é tanto que a pilha de pedidos para pesquisa de ouro já é a maior no DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), entre todos os minérios.
Há mais fluxo de pedidos para ouro do que para ferro.
"O ouro é a substância mais procurada no Brasil hoje", afirma Antonio Lannes, gerente de dados econômicos do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
Consequentemente, há o aumento de autorizações de pesquisa e concessões de lavra. Neste ano já foram dadas 746 autorizações. Em todo o ano passado foram 1.281.
Grande parte das empresas que obtêm a outorga, etapa posterior à autorização de pesquisa, são internacionais.
O principal foco delas é o mercado externo, principalmente o setor financeiro, que busca no ouro um ativo seguro e em valorização em tempos de instabilidade.
Segundo Lannes, 75% do ouro produzido no Brasil vai para exportação. Os maiores compradores são Reino Unido (45%), Suíça (32%), Emirados Árabes (12%) e Estados Unidos (9%).
SEGUNDO LUGAR
Em 2010, as exportações de ouro atingiram US$ 1,786 bilhão (R$ 2,9 bilhões), tomando a segunda colocação do nióbio, cuja exportação chegou a US$ 1,6 bilhão (R$ 2,6 bilhões). Foram cerca de 61 toneladas produzidas e 46 toneladas exportadas.
Com a cotação cada vez mais alta do ouro, a previsão é que em 2011 as exportações ultrapassem US$ 2,2 bilhões (R$ 3,6 bilhões).
O principal produto mineral da pauta de exportação continua sendo o imbatível ferro, que gerou US$ 29 bilhões (R$ 47,3 bilhões) de dividendos comerciais.
"A valorização do ouro, devido ao cenário de crise, deve garantir a permanência desse metal como segundo bem mineral mais exportado pelo Brasil", afirma Mathias Heider, especialista em recursos minerais do DNPM.
Segundo Heider, as jazidas brasileiras permitem níveis crescentes de produção para os próximos anos.
Algumas gigantes do setor, consultadas pela Folha, afirmaram ter interesse em ampliar o investimento na exploração de ouro no Brasil.
A Anglo Gold, que produziu e exportou 12,9 toneladas de ouro no ano passado, vai investir US$ 250 milhões (R$ 407 milhões) em 2011.
A Jaguar quer ampliar sua produção, que foi de 4,4 toneladas em 2010, para 5,6 toneladas em 2011. Para isso, prevê investir US$ 278 milhões (R$ 453 milhões).
A Yamana Gold planeja investir US$ 640 milhões (R$ 1,04 bilhão) na cons- trução de quatro novas minas, três delas no Brasil e uma no México.
Vai ainda dedicar US$ 105 milhões (R$ 171 milhões) à exploração em Brasil, Chile, Argentina e México.