domingo, 14 de novembro de 2010

Nobel da Paz pede que Dilma não use véu se visitar o Irã

Shirin Ebadi diz que Lula ignorou questão dos direitos humanos na República Islâmica


A Prêmio Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi diz que parece que o presidente Lula "se esqueceu das pessoas que morrem e são presas no Irã

A Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi criticou neste domingo (14) o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e pediu à presidente eleita, Dilma Rousseff, que, caso visite o Irã, "não cubra a cabeça com um véu", para defender os direitos das mulheres.

- Todas as mulheres, muçulmanas ou não, que chegam ao Irã têm que cobrir a cabeça. Alguém tem que mostrar ao governo do Irã que essa lei não é correta.

Dilma, que substituirá Lula a partir do dia 1º de janeiro, não antecipou como serão suas relações com o Irã, mas disse que tem "uma posição bem intransigente" em relação à defesa dos direitos humanos.

Shirin também pediu à presidente eleita que converse com movimentos independentes de mulheres iranianas, "não só com as que estão no Parlamento", e criticou Lula por ignorar seus pedidos de defender os oprimidos pelo regime islâmico.

- Lula visitou Teerã, abraçou o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, deu um beijo no rosto e foi embora. Parece que se esqueceu das pessoas que morrem e são presas no Irã.

A advogada e opositora iraniana lembrou o passado sindicalista do presidente Lula e disse que lhe enviou mensagens para que se reunisse com as famílias de trabalhadores iranianos presos pela relação com os sindicatos.

Quando Lula esteve no Irã, Mansour Osanlou, um líder sindical como ele, já cumpria pena de cinco anos. A Organização Mundial do Trabalho pediu sua libertação, mas Lula ignorou.

Nos últimos anos, o Brasil estreitou relações com o Irã e defendeu seu direito de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos.