segunda-feira, 20 de junho de 2011

Projeto que amplia direitos de trabalhadores domésticos se arrasta há mais de 20 anos no Congresso

Deputada apresentou proposta em 1989, mas não houve definição até hoje

Proposto em 1989, um projeto de lei que concede mais direitos aos trabalhadores domésticos e os equipara aos demais trabalhadores espera há 22 anos a aprovação do Congresso Nacional – já foi da Câmara para o Senado e do Senado para a Câmara – e, desde 1999, está parado. Falta uma última votação, ainda sem data para acontecer. Se aprovada, a proposta segue para as mãos da presidente Dilma Rousseff, que pode sancionar ou vetar o projeto.

Brasil estuda dar mais direitos a domésticos

De autoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), o projeto poderia garantir às empregadas domésticas, babás, motoristas, jardineiros e demais profissionais que trabalham em casas de outras pessoas benefícios como jornada de trabalho fixa, pagamento de horas extras, adicional noturno e salário-família (benefício para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos de idade).

Embora os trabalhadores domésticos já tenham conquistado direitos importantes, como férias, vale-transporte, licença-maternidade, aposentadoria, 13º salário e folga semanal, eles ainda não contam com todas as garantias dos demais trabalhadores.

Outro ponto importante, o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que hoje é opção do empregador conceder ou não aos trabalhadores domésticos, também passaria a ser um direito com a aprovação do projeto de Benedita.

Na última quinta-feira (16) foi aprovada, em Genebra, uma convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre o tema, estabelecendo que os trabalhadores domésticos devem ter os mesmos direitos dos outros trabalhadores. De acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presente na conferência que aprovou a convenção, o Brasil deve agora se adequar às novas regras.

Ele afirmou que o caminho natural seria que a presidente Dilma Rousseff enviasse ao Congresso uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para equiparar os trabalhadores domésticos às outras categorias.

O R7 procurou o ministério, por meio de sua assessoria de imprensa, para questionar por que seria necessária a apresentação de uma nova proposta, quando já há um projeto semelhante sobre o tema tramitando no Congresso, mas não obteve resposta.

Desde que foi apresentado por Benedita, em março de 1989, o projeto passou por duas comissões e pelo plenário da Câmara para, em seguida, ser enviado ao Senado, em 1991. Aprovado com modificações pelos senadores, o projeto retornou à Câmara, em 1996, sendo novamente aprovado por duas comissões.

Pronto para ser votado novamente no plenário da Câmara desde 1999, o projeto não foi apreciado desde então. Se aprovado novamente pela Casa, ele segue para a sanção da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com Benedita, que também esteve em Genebra, representando a Câmara dos Deputados, o projeto enfrenta resistência de parlamentares e da sociedade, devido ao fato de patrões não quererem pagar horas extras às empregadas domésticas.

- A hora que seus patrões chegam elas vão servir seu jantar e não serão contabilizadas as horas. E eles [patrões] acham que tem que ser assim, porque é empregada para atender a demanda da casa e ter mil e uma utilidades.

Ela acredita, entretanto, que essas resistências podem ser superadas, sobretudo após a convenção da OIT.