A ausência de diálogo sobre morte é um dos principais empecilhos na doação
A doação de córnea pela família de um paciente falecido é um ato que pode ajudar muitas pessoas que por algum motivo estão impossibilitadas de ver. Somente na Bahia existem atualmente mais de 600 pessoas na fila de espera. No entanto, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), somente 41 pacientes foram beneficiados em todo o Estado. Em Feira de Santana, o serviço de captação passou a funcionar este mês no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCE).
Devido à falta de profissionais especializados, o serviço de captação de córneas estava indisponível no HGCA. Desde que o serviço passou a ser oferecido no Hospital, através do CIHDOTT- Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, há quinze dias, um procedimento já foi realizado.
A dificuldade em captar córneas de pacientes de coração parado é grande, não só em Feira de Santana, mas em toda a Bahia. Até agora somente 41 pacientes foram beneficiados, ao passo que aproximadamente mais de 550 ainda esperam na fila estadual por uma doação.
Pelo fato da morte ainda ser um assunto pouco debatido nos círculos familiar e social, muitos familiares e amigos não têm conhecimento dos desejos do ente falecido quanto à doação de múltiplos órgãos e córneas.
De acordo com a enfermeira referência em doações, Fernanda Claudia Silva Santos, a ausência de diálogo é a principal justificativa de negativa por parte da família. “O fato de não conhecerem o desejo do parente antes da morte faz com que as famílias prefiram conservar o corpo do ente querido como está, o que dificulta o nosso trabalho e impede que muitas pessoas sejam beneficiadas”, afirmou a coordenadora.
Campanha de doações
Para conscientizar a população feirense, é que em breve o CIHDOTT estará realizando uma campanha de doação de córneas. Na oportunidade a comissão também fará uma abordagem quanto à doação de múltiplos órgãos.
A captação de múltiplos órgãos também está muito aquém do que seria necessário para atender à demanda do Estado. Segundo o coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO), Carlos Eduardo Rolim, este ano só foram captados dois órgãos pela comissão. “Até agora só três famílias aceitaram doar os órgãos do paciente morto, sendo que destes somente dois foram efetivados”, informou o coordenador.
Os órgãos doados são disponibilizados aos pacientes que fazem parte da fila estadual e se necessário também para os de outros estados. Somente na Bahia existem atualmente mais de 2000 pacientes na espera, sendo que, segundo dados da Sesab, somente cerca de 32 foram beneficiados com o transplante de múltiplos órgãos e outros 42 com o de córneas.
Fonte: Folha do Estado