terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Egito vive clima de tensão religiosa após atentados

Ataque em igreja copta que matou 23 deixou cristãos do país alarmados.
Governo nega motivação religiosa em atentado que matou 3, na terça (11).

No Egito, onde a religião é informação que consta de todos os documentos oficiais de qualquer cidadão, como carteira de identidade e passaporte, qualquer mudança pode ser fatal. Duas histórias de amor e conversão foram o estopim para a série de incidentes que começou com o atentado que matou 23 pessoas em frente a uma igreja ortodoxa copta em Alexandria, na noite de Ano Novo, e segue desde então. No caso mais recente, na tarde da última terça-feira (11), um policial atirou em mulheres que não usavam véu dentro do vagão de um trem e assassinou o cristão copta Fathi Said Ebeid, de 71 anos.

“Aquele louco ia e vinha pelo trem procurando os cristãos. Vendo um grupo de mulheres e meninas que não usavam véu, concluiu que fossem cristãs e atirou”, manifestou-se publicamente o bispo Dom Morcos, da Igreja copta em Salamut, cidade da região de Minya, a 200 quilômetros ao sul do Cairo, onde aconteceu o incidente. O policial Amir Ashur Abdel Zaher, que estava fora do horário de trabalho e usou uma pistola da corporação, foi preso, mas as autoridades negam motivação religiosa para o ataque.

Mesquita construída sobre ruínas de templo do Egito Antigo, em Luxor

“Isso não tem nada a ver com a religião das vítimas, mas com o estado mental dele”, declarou o governador de Minya, Ahmed Diaa Al-Din, para quem o policial teria demonstrado frustração com o salário de cerca de 600 libras egípcias (cerca de R$ 175 reais).

Tenha sido religiosa ou não a motivação para este crime, as comunidades cristãs no Egito estão alarmadas. “Nós estamos sendo eliminados um a um”, gritou a irmã de Ebeid, Yvonne, durante o funeral, realizado na quarta-feira, no Cairo.

Religiosos católicos, que formam um grupo ainda menor no país, também têm expressado preocupação. O governo egípcio, laico, chamou de volta ao Cairo sua embaixatriz junto ao Vaticano, após qualificar como uma “ingerência inaceitável em assuntos internos” um pronunciamento do Papa Bento XVI que citava os ataques no Egito, além dos ocorridos nos últimos dias também no Iraque e na Nigéria, para pedir que esses governos garantam que cristãos possam praticar sua fé sem discriminação ou violência.

“Simplesmente, não converse sobre religião com ninguém aqui. Este é um assunto muito delicado e que costuma trazer problemas”, aconselhou o padre mexicano Alberto Sanchez, residente em uma paróquia católica de rito latino – o mesmo usado na maior parte das celebrações católicas no Brasil – no bairro de Zamalek, no Cairo, onde estão concentradas embaixadas e moradores estrangeiros.

Igreja suspensa em bairro copta no Cairo, Egito

A paróquia, fundada por missionários combonianos emigrados do Sudão em 1888, hoje não tem um sacerdote que seja egípcio por nascimento. Ela atende principalmente a comunidades de “refugiados da fome” da Eritreia e da Etiópia, mais ao sul do continente africano.

Segundo o padre Sanchez, há nove meses no país, os conflitos entre grupos islâmicos supostamente ligados a Al-Qaeda e cristãos, principalmente ortodoxos coptas, acirraram-se após o suposto sequestro de Camellia Shehata e Wafaa Constantine, duas mulheres ortodoxas que se converteram ao Islã para poderem casar-se com muçulmanos.

“De certa forma, pode-se dizer que existem duas grandes causas para a diminuição do número de cristãos no Egito: o preconceito que dificulta a ascensão social e o amor, já que muitas pessoas, sobretudo homens, precisam converter-se para casar-se com cidadãos islâmicos”, contou o padre.

“No Egito, as autoridades não entendem a religião como um assunto privado. Ela está estampada nos nossos documentos e na nossa pele”, disse a professora Nancy Fahman, mostrando a cruz copta tatuada no pulso direito quando ela ainda era criança. A tatuagem é costume entre os ortodoxos e foi, inclusive, utilizada pela polícia para identificar e permitir a entrada de fieis nas celebrações do Natal copta, comemorado no dia 7 de janeiro, nas igrejas, que tiveram segurança reforçada. Hoje, não há, no Cairo, uma igreja cristã que esteja sem proteção policial 24 horas por dia.

Sobre o suposto sequestro, Nancy, que tornou-se evangélica, conta que as mulheres Camellia e Wafaa teriam se arrependido da conversão ao Islã, o que não teria sido aceito pelos noivos e pela comunidade muçulmana. De acordo com o padre Sanchez, elas estariam refugiadas em um mosteiro. Porém, em entrevista a uma emissora de televisão local, o líder máximo da Igreja Ortodoxa Copta, Papa Shenouda III, declarou em que todos os templos e mosteiros coptas estão abertos à visitação pública e nada têm a esconder.

De fato, prédios como a “Igreja Suspensa”, do século IV, e a igreja de São Sérgio e São Baco, construída sobre uma caverna que teria abrigado Jesus, Maria e José durante a fuga para o Egito, estão entre as principais atrações turísticas do país. “Copta significa egípcio. Era assim que os egípcios eram chamados pelos árabes, antes da conquista islâmica, no século VII. Portanto, cristãos ou muçulmanos, a verdade é que todos os egípcios são coptas”, afirmou a professora Nancy.

Torres de minaretes de onde partem o chamado para as cinco orações diárias dominam paisagem na capital do Egito

História
Historicamente, os cristãos coptas estão no Egito desde o ano 42, quando uma primeira igreja foi fundada pelo evangelista São Marcos, em Alexandria. Apenas no ano 451, os grupos dividiram-se entre católicos coptas – católicos submetidos à jurisdição do Vaticano, mas que celebram suas cerimônias em com um rito próprio – e ortodoxos coptas, após um racha teológico sobre a natureza humana e divina de Cristo, no encontro de bispos chamado de Concílio de Calcedônia. Desde então, os ortodoxos elegem seu próprio papa, como Shenouda III, considerado sucessor de São Marcos.

As estatísticas sobre o número de ortodoxos coptas variam entre 15% e 20% do total população egípcia, que soma 81,7 milhões de habitantes. Há, ainda, comunidades de emigrantes que reúnem mais de 1 milhão de adeptos da religião nos Estados Unidos e mais de 500 mil no Sudão. No Brasil, estima-se em 5 mil o número de ortodoxos coptas. No Egito, há ainda cerca de 800 mil católicos e protestantes, além de mínimas comunidades judaicas. Segundo o censo oficial, porém, o número de habitantes não islâmicos no país caiu pela metade, em 100 anos.

Apesar da reclamação de que sofreriam restrições sociais e políticas no país, os ortodoxos estão representados em dois ministérios no governo do presidente Hosni Mubarak: Finanças e Meio Ambiente. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas de 1992 a 1996, Boutros Boutros-Ghali, é outro seguidor proeminente da religião.

Veículo que estava estacionado em frente a uma igreja cristã e explodiu no momento da saída dos fiéis, na noite de Ano Novo

Roosevelt lidera lista britânica de melhores presidentes dos EUA

Acadêmicos da Grã-Bretanha avaliam desempenho de 40 líderes americanos desde George Washington


O ex-presidente americano Franklin Roosevelt

Franklin Delano Roosevelt está no topo da primeira pesquisa feita com acadêmicos britânicos sobre o desempenho de 40 presidentes americanos desde George Washington.

Barack Obama não foi incluído na pesquisa, mas um levantamento interino indica que ele figuraria entre as 10 primeiras posições. George W. Bush está entre os 10 piores colocados, no 31° lugar.

A pesquisa, conduzida pelo Instituto para Estudo das Américas da Universidade de Londres, é a primeira do gênero feita fora dos Estados Unidos. Participaram 47 acadêmicos especializados em História e políticas dos EUA no levantamento.

Eles avaliaram o desempenho de cada presidente entre 1789 e 2009 (exceto Henry Harrison e James Garfield, que morreram pouco depois de assumir o cargo) em cinco categorias: Visão/implementação de uma agenda política, liderança doméstica, liderança nas relações exteriores, autoridade moral e significância histórica positiva de seu legado. Os participantes classificaram os presidentes em oito categorias, de 1 (ineficiente) a 10 (muito eficiente).

Desempenhos

Franklin D. Roosevelt (1933 a 45) ficou em primeiro em três categorias, visão/implementação de uma agenda política, liderança doméstica e liderança nas relações exteriores.

George Washington (1789-97) foi o que mais pontuou em autoridade moral e Abraham Lincoln (1861-65) foi o líder na categoria significância histórica positiva de seu legado. Apenas um presidente que ocupou o cargo desde 1960, Ronald Reagan (1981-89), figurou entre as 10 primeiras posições.

Levantamentos americanos geralmente colocam Lincoln no topo por seu desempenho como líder durante a Guerra Civil e abolindo a escravidão. Washington frequentemente fica em segundo lugar por ter estabelecido a autoridade do presidente.

Mas acadêmicos britânicos valorizaram os desafios enfrentados por Franklin D. Roosevelt durante a Grande Depressão da década de 1930 e a Segunda Guerra Mundial, incluindo a importância do New Deal - série de programas econômicos implementados no país durante os anos 30.

É possível que o desempenho de F.D. Roosevelt tenha sido mais valorizado pelo fato de a pesquisa ter sido conduzida em 2010, em meio a mais grave crise econômica desde os anos 1930.

Há outras diferenças significativas entre classificações feitas nos EUA e a britânica. John F. Kennedy (1961-63), classificado em sexto em alguns levantamentos americanos recentes, ficou na 15ª posição na pesquisa atual. Acadêmicos britânicos parecem ter responsabilizado Kennedy pela diferença entre sua retórica e as conquistas durante seu mandato.

Bill Clinton (1993-2001), ficou em 19° lugar, possivelmente por ter pontuado pouco no quesito autoridade moral. Seu legado econômico parece menos robusto, dez anos após deixar o cargo.

Expectativas

Tanto acadêmicos americanos como britânicos são influenciados pelos tempos atuais. As paixões do presente podem ter determinado a baixa colocação de George W. Bush, por causa de seu envolvimento no Iraque, mas ficar entre os 10 piores subestima a força de Visão/implementação de uma agenda política.

Da mesma forma, a oitava posição (interina) de Obama reflete suas conquistas legislativas e a importância simbólica de ser o primeiro presidente negro, embora é bom notar que nenhum presidente entre os 10 primeiros da pesquisa britânica tenha deixado de ser reeleito para um segundo mandato.

Uma similaridade nas pesquisas americanas e esta britânica está no mal posicionamento dos presidentes mais contemporâneos e o bom desempenho dos mandatários mais antigos. Dos cinco presidentes que comandaram o país entre 1977 e 2009, nenhum, exceto Reagan, está entre os 15 primeiros da lista. Em contrapartida, todos os cinco primeiros presidentes estão entre os 15 melhores colocados.

Poderia-se concluir que os líderes do passado eram melhores, mas a explicação mais provável é que a razão da diferença seja outra. Os enormes desafios políticos e organizacionais da presidência moderna tornam o trabalho bem mais difícil do que no passado. Nossas expectativas pode ser pouco realista quando confrontadas com os vários obstáculos que podem impedir o sucesso dos mandatários atuais.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Saladino o herói muçulmano

No século XII, o curdo saiu do anonimato ao reconquistar os territórios sagrados tomados pelos cristãos durante as cruzadas. Em uma carreira meteórica, ele se tornou sultão de um império que se estendeu da Síria ao Egito, passando pela disputada Jerusalém
"Glória a Deus que gratificou o Islã com esta vitória e que reconduziu esta cidade ao bom caminho após um século de perdição! Honra a este exército que Ele escolheu para consumar a conquista! E saudação a ti, Saladino Yussef, filho de Ayyub, que restituiu a esta nação sua dignidade injuriada!". Foi com essas palavras, na sexta-feira de 9 de outubro de 1187, uma semana depois da reconquista de Jerusalém, que o cádi de Damasco, Mohiedin Ibn al-Zaki, abriu o seu sermão na mesquita de Al-Aqsa, dentro da Cidade Santa. Seu discurso era um agradecimento a Salah al-Din Yusuf bin Aiub, conhecido no Ocidente como Saladino, responsável por tomar a cidade dos cruzados. Finalmente, depois de quase 90 anos de dominação ocidental e longos e sangrentos combates, os muçulmanos voltavam a ocupar um dos lugares mais sagrados do Islã, de onde o profeta Mohammad (Maomé) teria ascendido ao céu, cinco séculos antes.

Feitos como esse fizeram de Saladino um verdadeiro herói do mundo islâmico. O Ocidente o conheceu, em parte, recentemente, por intermédio do filme Cruzada (2005), de Ridley Scott. No entanto, a figura do sultão e estrategista curdo, nascido no ano de 1138 em Tikrit (atual Iraque), é muito mais ampla que uma aparição coadjuvante em um longa-metragem hollywoodiano. Até hoje ele é lembrado como um dos principais chefes militares muçulmanos, um símbolo da luta e da resistência contra a ocupação ocidental. Muitos são seus atributos, como bem descrevem vários historiadores árabes e europeus. Foi retratado como um bravo guerreiro no campo de batalha, um negociador astuto no campo da diplomacia, uma pessoa generosa com os vencidos e também um homem de muita sorte, atributo que o acompanharia por toda a sua vida, cercada de mitos e lendas.


O NASCIMENTO DE UM HERÓI

Foi em meio a intrigas, traições, avanços e batidas em retiradas que surge a figura de Saladino. Ele era filho de Ayyub (Jô, em português), daí o nome da dinastia aiúbida, da qual seria o fundador. Convidado por seu tio Chirkuh a conquistar terras egípcias e chegar ao Cairo (sede do califado xiita e da dinastia fatímida), ele entrou, aos 25 anos, como mais um anônimo e saiu, seis anos depois, como vizir do reino mais rico do mundo árabe. Saladino e seu tio serviram a Nuradin, filho de Zinke (comandante turco que reconquistou Edessa dos francos, no ano de 1144) e senhor da Síria, um dos mais fortes reinos do mundo muçulmano daquele momento.

Para Nuradin, a presença européia na região era considerada uma invasão e o xiismo, uma heresia. Por isso, ele conclamou um jihad contra os francos e os inimigos do sunismo, no caso, os xiitas fatímidas do Egito. Vale ressaltar que o termo jihad refere-se a um substantivo masculino e é erroneamente empregado no Ocidente como guerra santa. De forma simplificada, a palavra significa uma reação a uma ação, uma luta ou combate contra o mal, uma invasão, uma ofensa, a mentira, as injustiças, a opressão, um crime ou uma violência


Durante sua educação
em Damasco, Saladino
mostrou-se mais
interessado em teologia
do que nas práticas
militares. Imagem de
manuscrito do século XV

Foi com este pensamento que Saladino e Chirkuh partiram rumo ao Egito, onde o poder se alternava de mãos em mãos devido a disputas internas. O lugar era também objeto de extrema cobiça dos franj. Essa terminologia era usada, inicialmente, apenas para denominar os francos, mas acabou se tornando usual para se referir a todo indivíduo do Ocidente.


O CHAMADO DO PAPA

No final do século XI, Urbano II convocou os cristãos a libertarem a Terra Santa dos infiéis muçulmanos. Assim começaram as cruzadas, que conquistaram a região graças às intrigas e divisões internas das nações do Oriente Médio

As invasões dos reinos muçulmanos do Oriente foram colocadas em prática a partir do ano de 1096. Era uma resposta ao apelo do papa Urbano II, que, no final do ano anterior, durante o Concílio de Clermont- Ferrand, na França, conclamou os cristãos a tomarem parte em uma guerra a serviço de Deus, com o objetivo de livrar a Terra Santa do domínio dos "infiéis". O argumento era ajudar os peregrinos cristãos que tinham dificuldade de acesso aos lugares sagrados e reconquistar Jerusalém, que desde o ano 638 estava sob domínio islâmico. Para aqueles que aceitassem o árduo desafio, ficava a promessa de indulgência plena (perdão dos pecados) e a promessa de salvação para aqueles que morressem em combate.

As palavras do pontífice satisfaziam a vontade de segmentos importantes da sociedade européia da época. Era uma chance, por exemplo, para que nobres sem-terra e sem direito à herança conseguissem acesso à propriedade e a almejadas riquezas. Para a igreja, era uma oportunidade de frear a expansão árabe, cuja religião já marcava forte presença no Norte da África, na Ásia Central e até mesmo na Europa, na Península Ibérica. Para o europeu comum, para quem a palavra da igreja era o eco da própria vontade divina, a simples promessa de salvação valeria qualquer sacrifício.

Naquele instante, o mundo árabe vivia uma supremacia frente à Europa. Suas cidades eram pólos de comércio e conhecimento, se destacando em áreas como matemática, astronomia e medicina. O Cairo, no Egito, era a jóia desse universo. Estima-se que, no limiar do século XI, era a maior aglomeração populacional do mundo, abrigando mais gente que Paris, Veneza e Florença juntas, que eram as maiores metrópoles européias da época. No entanto, ainda que poderoso, esse universo estaria fadado a ruir em um primeiro momento, devido a intrigas e divisões internas de seus governantes.

A corte bizantina, por conta da proximidade, conhecia um pouco melhor aquele universo. Diferentemente dos cristãos do Ocidente, que por ignorância ainda guardavam a imagem do muçulmano de séculos passados, os bizantinos sabiam que aquele vasto território islamizado que tinham na sua retaguarda oriental não se tratava de algo homogêneo. Eles sabiam que o mundo islâmico estava dividido entre ortodoxos sunitas, cujo califa (líder nas questões civis e religiosas) ficava em Bagdá, e xiitas, com califado no Egito.

Bagdá, e xiitas, com califado no Egito. Além disso, tratava-se de dois impérios, sendo um controlado pela dinastia fatímida (xiita), que governava o Egito e a Palestina, e outro pelos seljúcidas, seguidores do sunismo, que dominavam Síria, Arábia, Jézira (Mesopotâmia), Pérsia e que continuava a avançar pela Ásia Menor. No entanto, apesar desse formato de império, eram reinos que gozavam de relativa independência, cujo elo principal não era o grupo étnico e sim a vertente religiosa. Foi a ausência de um poder centralizado forte e a falta de um objetivo comum que permitiram a queda desses territórios diante dos cruzados, até que esses atingissem seu fim: Jerusalém.

Quando, por exemplo, os primeiros europeus bateram às portas do rei Kilij Arslan, que governava o sultanato seldjúcida de Rum (atual Turquia), cuja capital era Nicéia, ele não tinha com quem contar. Depois de uma vitória fácil contra uma turba de maltrapilhos camponeses comandados por um tal de Pedro, o Eremita, e um nobre sem-terra, Gautier Sans-Avoir (sem vintém), o jovem monarca, então com 17 anos, menosprezou a massa de guerreiros louros que continuava a chegar, concentrando-se na vizinha Bizâncio. Sua preocupação maior era o conterrâneo Danishmend Ghazi, com quem estava em constante conflito. Quando ambos perceberam o tamanho do problema e resolveram se juntar, já era tarde demais.

O mesmo aconteceu com a bela cidade de Antioquia, que desde 635 estava sob poder árabe. Foi ali que, de acordo com a Bíblia, Paulo pregou pela primeira vez em uma sinagoga e que os seguidores de Jesus foram chamados, também pela primeira vez, de cristãos. A cidade era a maior da Síria (hoje rebatizada de Antaquia e pertencente à Turquia) e era controlada pelo velho Yaghi-Siyan, leal aos sultões seldjúcidas. Quando os soldados de Antioquia avistaram a nuvem de poeira deixada pelos cruzados era dia 21 de outubro de 1097. Só cairia depois de 200 dias de cerco.

Mais uma vez, o monarca muçulmano recorreu à ajuda dos seus iguais. Pediu insistentemente apoio aos senhores de Alepo e Damasco, sem sucesso. Esses eram irmãos, mas estavam mais preocupados em resolver querelas entre eles do que fazer uma coalizão contra forasteiros que já estavam a poucos dias de distância. Siyan também recorreu ao poderoso emir Karbuka, que governava a rica Mossul, distante duas semanas de caminhada. Mas Karbuka preferiu socorrer primeiro a Edessa, que já tinha caído em poder dos invasores. Depois de três semanas de cerco infrutífero, percebeu o erro e se voltou para Antioquia, que a essa altura já ardia em chamas. Ainda assim, os dois exércitos se enfrentaram em junho de 1098, com uma humilhante derrota para as forças do emir. Com a queda de Antioquia e a aniquilação do exército de Mossul, estavam eliminados os obstáculos interpostos entre os europeus e Jerusalém, que cairia em julho de 1099, com direito a massacre de muçulmanos, judeus e até mesmo cristãos orientais.

Após anos de batalha e três campanhas, as forças sírias saíram vencedoras. Chirkuh era a pessoa mais apropriada para governar as novas possessões de Nuradin, mas morreu vítima de um suposto mal-estar. Para ocupar a posição de vizir (governador) da extensão egípcia do império sírio, foi escolhido, intencionalmente, aquele que parecia o menos capaz para a empreitada: Saladino. "Era o mais jovem e parecia ser o mais inexperiente e o mais fraco dos emires do exército". Essa era a opinião dos conselheiros, de acordo com os relatos do historiador árabe Ibn al-Athir. Mas o curdo se mostrou justamente o contrário. E, em pouco tempo, consolidou sua autoridade.

Castelo de Saladinsburg, na Síria, nomeado em homenagem ao líder curdo
O sucesso de Saladino no Egito era fonte de preocupação para Nuradin. O clima de tensão cresceu entre pupilo e mestre, a ponto de o segundo recusar, por diversos momentos, um encontro direto com o senhor da Síria. Em Damasco, o filho de Ayyub foi acusado de insubmissão e traição. Não é para menos. Por anos, recusou-se a colocar fim ao califado xiita, que havia dois séculos reinava ali. No lugar disso, preferiu "apenas" eliminar funcionários fatímidas que não lhe foram confiáveis. Quanto ao califa Al-Adid, preferiu não tocar nele temendo uma reação da população local, o que colocaria em risco sua posição.

O vizir Saladino preferiu esperar. Além de desenvolver uma sincera amizade com Al-Adid, que tinha apenas 18 anos, sabe que, apesar de sua jovialidade, é uma pessoa frágil e doente. Portanto, para que mexer em um vespeiro se supunha que a natureza lhe faria o trabalho que deveria ser dele? De fato, o califa morreu dois anos depois da entrada do curdo no Cairo, pondo fim à dinastia fatímida.


Castelo de Saladinsburg, na Síria, nomeado em homenagem ao líder curdo


Ilustração do francês François Guizot (1787- 1874), datada de 1883, mostra os cristãos da recém-conquistada Jerusalém desfilando para Saladino

Nesse meio tempo, teve de ter habilidade e diplomacia para não entrar em um confronto direto com o seu mestre de Damasco. Em pelo menos um momento, Nuradin se dispôs a invadir o Egito. Saladino tinha homens dispostos e força suficiente para suplantar tal investida. A decisão que tomaria poderia justificar a pecha de ambicioso, já há muito empregada pelos funcionários de Damasco, ou servo fiel e leal, como seu pai fora a vida inteira. Foi justamente Ayyub quem alertou o filho de que o tempo estava ao seu favor, sendo equivocado medir forças com quem devia submissão.

Até hoje, Saladino é considerado um dos principais chefes muçulmanos, símbolo de luta e resistência

Em vez da espada, o então vizir do Egito preferiu empunhar uma pena e escrever para Damasco. Na carta, ressaltou que o Egito pertencia a Nuradin e que bastaria que o seu senhor lhe enviasse um camelo ou um cavalo para que ele, Saladino, fosse até a Síria como homem humilde e submisso. A medida foi suficiente para aplacar a desconfiança de Nuradin, mas despertou em Saladino a desconfiança de que uma investida viria de fato a acontecer. Antecipando-se a esse momento, pediu para que seu irmão, Turanshah, conquistasse o Iêmen, ordem que foi cumprida. Doravante, esse país, localizado na extremidade da Península da Arábia, seria um porto seguro caso ele e sua família precisassem de abrigo. Jamais precisaram.

A "sorte" que levou Saladino ao posto de vizir do Egito, com direito ao título de al-malik al-nasser (o rei vitorioso), foi a mesma que o conduziu, mais tarde, ao posto do seu mestre intelectual. Com a morte de Nuradin, em 1174, o curdo se tornou sultão de um reino que já se estendia do Egito até a região central da atual Turquia. E, sem se fazer de rogado, levantou a mesma bandeira defendida por seu antigo senhor: unificação do mundo árabe, mobilização dos muçulmanos para a reconquista das terras ocupadas, sobretudo Jerusalém.

Aparentemente, tudo conspirou a favor de Saladino. Depois de Chirkuh e Nuradin, foi a vez de Amaury, rei de Jerusalém, morrer e passar o trono para Balduíno IV, um jovem de 13 anos que morreu de lepra aos 24 e passou o comando a Guy de Lusignan. O único soberano capaz de rivalizar com as forças de Saladino, por possuir um poderoso exército, era Manuel de Constantinopla. Mas os homens de Manuel acabaram sendo esmagados pelos soldados de Kilij Arslan II, neto de Nuradin, e o rei bizantino morreu pouco tempo depois, fato que deixou a região fragilizada e incapaz de se reorganizar. Com todas essas brechas do destino, Saladino só teria de esperar a hora ideal para tomar Jerusalém dos franj.

O 4 DE JULHO MUÇULMANO

O momento certo para Saladino surgiu em 4 de julho de 1187, após a conquista da Mesopotâmia. Estrategicamente, o exército de Saladino ficou à espera dos soldados franj, posicionado em um ponto elevado da região, tendo às suas costas o lago de Tiberíades. Para não morrer de sede, os soldados de Jerusalém teriam de lutar, e muito, para vazar aquele bloqueio. Esse era o cenário da Batalha de Hattin, nome herdado da pequena vila localizada ali próximo. Naquele dia, totalmente sedentos, cansados e desnorteados, os 12 mil soldados do rei Guy de Lusignan foram cercados e esmagados.

Como prêmio, Saladino se apoderou de uma cruz trazida como amuleto pelos franj, que acreditavam ser a mesma na qual Cristo teria sido crucificado. A partir dessa vitória, o caminho foi aberto para Jerusalém. Mas nada foi tão fácil quanto parecia, e a entrada na cidade só se deu mais de dois meses depois. Antes de bater às portas da Cidade Santa, o sultão foi tomando todas as posições dos cruzados, como Tiberíades, a cidade de Acre, Galiléia, Samaria, Naplusa, Haifa, Nazaré, Jafa, Saida (depois de 77 anos de ocupação), Beirute, Jibail, Ascalon, Gaza e, fi- nalmente, Jerusalém, que na época era liderada por Balian d'Ibelin.

Em 2 de outubro de 1187 (ou 27 rajab do ano 583 da hégira), Saladino assinou um acordo de salvo-conduto a todos os moradores da Cidade Santa, e Balian entregou a jóia da coroa ao filho de Ayyub. Finalmente, os muçulmanos puderam orar nos lugares sagrados da cidade como senhores e não mais como incômodos inquilinos. Naquele mesmo dia, uma cruz instalada na cúpula do Rochedo foi retirada, e a bela mesquita de Al-Aqsa, que havia sido transformada em igreja, voltou a ser lugar de culto muçulmano. Seria ali, depois de aspergida com águas de rosa, que o cádi de Damasco, Mohiedin Ibn al-Zaki, saudaria Saladino pela mais nobre de suas conquistas. "Allahou akbar" (Deus é grande) era a frase mais ouvida na Cidade Santa, nos dias que sucederam à sua retomada.


Imagem ao Lado, mostra os cristãos durante a Primeira Cruzada. Pintura abaixo representa a Batalha de Hattin. A vitória de Saladino significou o ponto de virada para os muçulmanos na reconquista dos reinos tomados pelos católicos


UMA VIDA EM MEIO SÉCULO

A conquista de Jerusalém pelos muçulmanos foi um duro golpe para a moral cristã. Não é à toa que pouco mais de um ano depois, o papa Gregório VIII convocou a Terceira Cruzada para a reconquista da Terra Santa. Foi a maior força cruzada já reunida desde 1095, mas não conseguiu o seu fim, apesar de algumas reconquistas.

Ciente de que em uma guerra nem sempre os acordos são respeitados e que entre os perdedores havia o medo iminente de um massacre, coube mais uma vez a Saladino dar mostras de sua sensatez, permitindo a peregrinação aos fiéis nãomuçulmanos, aumentando a guarda dos lugares de culto dos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro, e dando ordens rigorosas a seus homens para que não perseguissem quaisquer cristãos.

Saladino manteve-se soberano de Jerusalém e, já na sua velhice, seguiu para Damasco, sua cidade preferida, onde morreu em 4 de março de 1193, aos 55 anos. Para os padrões da Idade Média, em que devido a guerras, doenças e fome e a expectativa de vida girava em torno de 30 anos, pode-se dizer que, conforme o termo bíblico, foi farto em dias.

Para quem não queria a glória militar e por longos anos tinha se dedicado ao estudo da teologia islâmica, Saladino chegou ao fim da vida como modelo do salvador muçulmano. É certo que, como homem e elemento do seu tempo, estava sujeito a derrotas e atos que podem parecer exagerados para os dias de hoje.


Pintura do séc. XVII mostra a Batalha de Montgisard (1117), em que o exército de Saladino foi destruído pelos homens de Balduíno IV e Raynald de Chatillon

A CRUZADA DOS REIS
Depois de perder a Cidade Santa para Saladino, a realeza européia uniu forças para tentar reaver o poder sobre os territórios islâmicos

A tomada de Jerusalém por Saladino significou um duro golpe para o Ocidente cristão. Mas os europeus não se contentaram em perder a sua jóia do Oriente sem antes tentar retomá-la usando todas as forças possíveis e lançaram a terceira cruzada. Dessa vez, o movimento envolveu os monarcas dos principais reinos da Europa: Frederico I, o Barba-Rossa, imperador do Sacro Império Romano Germânico; Filipe II, da França; e Ricardo I, o Coração de Leão, da Inglaterra. O objetivo era reconquistar os territórios perdidos, a Cidade Santa e a cruz perdida na Batalha de Hattin, que os europeus acreditavam ser aquela na qual Cristo fora crucificado.

Mais uma vez, além da capacidade de comando, Saladino demonstrou que era um homem de sorte. Como explicar, por exemplo, o afogamento de Barba-Roxa em um riacho onde, segundo o cronista Ibn al-Athir, "a água bate apenas nos quadris"? A provável parada cardíaca do monarca, em 10 de junho de 1190, interrompeu também o avanço de um exército de mais de 200 mil homens, que se dispersou.

A essa altura, desde agosto do ano anterior, Saladino já se encontrava na cidade fortificada de Acre, que estava sob cerco. A liderança dos seus adversários é, inclusive, de Guy de Lusignan, ex-rei de Jerusalém, outrora prisioneiro do sultão, e que havia sido solto pouco tempo antes com a promessa de não voltar a lutar contra os muçulmanos. O filho de Ayyub sabia que não podia confiar na palavra de nenhum franco. Não foram poucas as vezes que eles haviam traído palavras e acordos.

No entanto, o que seria uma grande investida para pôr fim à presença islâmica na região serviu para consolidar em definitivo a vitória de Saladino. Graças, em parte, à rivalidade que, dessa vez, azedava a relação entre os europeus, levando, inclusive ao assassinato do marquês Conrado de Monferrat a mando de Ricardo I. Outro fator importante foi a necessidade que esses monarcas tinham de voltar para suas terras.

Saladino soube muito bem jogar com isso. Ainda que tenha deixado Acre cair nas mãos dos cruzados, depois de um cerco que durou dois anos, sabia que os líderes europeus não ficariam na região por muito tempo. O primeiro a voltar foi Filipe II, em agosto de 1191. Ricardo ainda permaneceu por mais tempo, na expectativa de entrar vitorioso em Jerusalém, mas não conseguiu. Foi vencido pelo cansaço e assinou, em setembro do ano seguinte, um desvantajoso acordo de paz com validade de cinco anos. Em 1192, deixou a Terra Santa sem realizar o sonho de conhecer o Santo Sepulcro.


Miniatura medieval mostra o rei-cruzado Frederico Barbarossa (1122 - 1190), que morreu afogado antes de chegar à Palestina

Dos insucessos militares, o mais doído foi a Batalha de Montgisard, quando, em 25 de novembro de 1187, seu exército foi tomado de surpresa pelo de Balduíno IV, de Jerusalém, e poucos sobreviveram. Há números que apontam que Saladino contava com 27 mil homens e que apenas 10% deles conseguiram sair vivos do combate.


Acima, pintura medieval mostra Ricardo Coração de Leão enfrentando Saladino. Acima, gravura do séc. XIX representa Ricardo partindo para sua cruzada. O rei inglês venceu Saladino e conseguiu um acordo para o livre movimento de peregrinos a em Jerusalém

Com a morte de Saladino, seus domínios fragmentaram-se em governos mais fracos

O sultão de modos afáveis, pequeno e de aparência frágil, apesar de sua reconhecida generosidade, em pelo menos dois momentos negou a misericórdia aos seus vencidos. Um deles foi em 1179, na tomada do castelo de Bait al- Ahazon. Ali teria ordenado a execução de 700 prisioneiros. Cerca de oito anos depois, pós-Batalha de Hattin, foi ele próprio o algoz de Renaud de Chatillon, a quem jurara matar com as próprias mãos. Nesse mesmo dia, os cavaleiros templários e hospitalários, inimigos mortais de Saladino, foram vítimas da mesma sorte. É um claro exemplo que a misericórdia do filho da Ayyub tinha limite e que não poderia faltar com a sua palavra ou demonstrar fraqueza diante dos seus comandados.

Com a morte de Saladino, seus domínios, que iam da Síria ao Egito, fragmentam-se em governos enfraquecidos, controlados por membros de sua família, os aiúbidas. Saladino deixou 18 filhos, sendo apenas um deles mulher, e dois irmãos. O reino do Egito foi o mais bem-sucedido, tendo um período de crescimento econômico e prosperidade graças à presença de mercadores italianos, franceses e catalães, que operaram com os portos sob controle aiúbida. Além disso, o Egito se tornou um centro de erudição e literatura árabe, e dividiu com a Síria a primazia cultural naquela região, conservando-a até o período moderno.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mensagem do Missionário Rosildo.

Unidade de produção de vinho de 6.100 anos é descoberta na Armênia

Complexo vinícola é o mais antigo conhecido atualmente.
Descoberta foi divulgada na publicação 'Journal of Archaeological Science'.

Objetos de produção vinícola foram descobertos no sítio em região montanhosa da Armênia.

Uma unidade completa de produção de vinho, de 6.100 anos de antiguidade, a mais antiga conhecida até então, foi descoberta numa caverna na Armênia, anunciou nesta terça-feira (11) uma equipe internacional de arqueólogos. Antes disso, vestígios comparáveis a esses equipamentos de produção vinícola remontavam a 5.000 anos.

"Pela primeira vez, temos uma imagem arqueológica completa de um sistema de produção de 6.100 anos", comemorou Gregory Areshian, responsável pelas escavações e vice-diretor do Instituto de Arqueologia Cotsen da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Entre os objetos descobertos, estavam sementes de uva, restos de grãos prensados, ramos de videira atrofiados, uma prensa rudimentar, uma cuba em argila aparentemente usada para a fermentação, cacos de cerâmica impregnados de vinho, uma taça e uma caneca para bebê-lo.

A descoberta foi realizada no mesmo sítio de cavernas onde foi encontrado, em junho de 2010, um mocassim de couro perfeitamente preservado datando de 5.500 anos, o que fez dele o mais velho calçado conhecido no mundo.

As cavernas ficam numa espécie de canyon situado na província armênia de Vayotz Dzor, uma região na fronteira do Irã e da Turquia.

Análises químicas confirmaram a datação das instalações e de outros objetos, e a escavação foi financiada, em parte pela National Geographic Society, segundo o texto publicado na edição on-line do "Journal of Archaeological Science".

Testes de radiocarbono efetuados por pesquisadores da Universidade da Califórnia confirmaram a datação.

Câmara da Itália 'congela' acordo de defesa com Brasil após caso Battisti

Proposta, feita na véspera, foi aprovada por todos os partidos.
Objetivo é refletir sobre a negativa da extradição do ex-ativista.

Manifestantes que querem a extradição de Battisti protestam em 4 de janeiro em frente à Embaixada do Brasil na Itália, em Roma

A Câmara de Deputados da Itália decidiu reenviar à comissão de Relações Exteriores da casa a ratificação do acordo de defesa entre Itália e Brasil, segundo a agência Ansa.

Como já era previsto, todos os partidos votaram a favor da proposta de "congelar" o acordo, feita no dia anterior pela relatora e vice-presidente da comissão, a parlamentar Fiamma Nirenstein, do governista partido Povo da Liberdade (PDL).

O objetivo, segundo ela, é refletir sobre o caso do ex-ativista Cesare Battisti, cujo pedido de extradição foi recusado em 31 de dezembro de 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que provocou reação e recursos do governo italiano.

O parlamento também decidiu que vai examinar no dia 18 uma moção da União do Centro pela extradição de Battisti.

O ex-militante é condenado à prisão perpétua em seu país por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, época em que integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

O acordo na área de Defesa prevê o desenvolvimento bilateral de projetos para a construção de navios e fragatas, além da realização de patrulhas.

A aprovação do texto pelo Parlamento italiano é o último passo para a entrada em vigor do acordo, que foi negociado em junho pelos ministros da Defesa da Itália e do Brasil, Ignazio La Russa e Nelson Jobim, respectivamente, e já passou no Senado.

Preso suspeito de matar dono da Schincariol sete anos após o crime

Nelson Schincariol foi morto na garagem de casa, em Itu.
Apontado como responsável pela morte estava em Ribeirão Preto.


Nelson Schincariol foi morto na garagem de casa, em Itu.

A Polícia Civil em Ribeirão Preto e Sorocaba, no interior de São Paulo, prendeu na manhã desta terça-feira (11) Gleison Lopes de Oliveira, apontado como autor do latrocínio que matou o proprietário da empresa de bebidas Schincariol, Nelson Schincariol, há sete anos, no município de Itu.

Oliveira era procurado pela polícia e estava escondido em uma residência no Jardim Jandaia, em Ribeirão Preto. A ação da polícia cumpriu um mandado de prisão preventiva.

Em 2008, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu o pedido de liminar em habeas corpus em favor de Oliveira. Os advogados pretendiam suspender o julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e recorrer para que ele respondesse em liberdade à apelação feita após ter sido condenado a 23 anos de prisão pelo crime de latrocínio.

O crime
O proprietário da Cervejaria Schincariol, José Nelson Schincariol, de 60 anos, morreu após ter sido baleado por dois homens quando chegava a sua casa, no Centro de Itu, em 18 de agosto de 2003.

Os agressores dispararam cinco tiros, dos quais três atingiram o empresário, sendo dois na cabeça e outro nas costas. O crime ocorreu quando Schincariol já estava dentro da garagem do sobrado onde morava. A família informou que ele recebia ameaças antes do crime.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Defesa de Abdelmassih contesta ordem de prisão no Supremo

Mandado de prisão contra médico foi expedido na última semana. Foragido, Abdelmassih já tem sua foto no site da polícia paulista

Os advogados do médico Roger Abdelmassih, condenado em novembro do ano passado a 278 anos de cadeia por estupro e atentado violento ao pudor a pacientes, ajuizaram nesta segunda-feira um pedido de reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso contesta o pedido de prisão preventiva da juíza da 16.ª Vara Criminal de São Paulo, Cristina Escher, uma vez que ela desrespeitou a liminar anteriormente concedida ao médico, segundo o advogado José Luís de Oliveira Lima. O médico é considerado foragido.


Foto do médico já está na lista de procurados da polícia de São Paulo

A petição de reclamação também é para que o especialista em reprodução humana volte a aguardar o julgamento em liberdade. O requerimento foi encaminhado para o presidente do Supremo, de acordo com Lima. A prisão preventiva foi decretada pela juíza Cristina Escher na semana passada em razão de o especialista em reprodução assistida ter pedido uma renovação do passaporte em dezembro, o que para o Ministério Público (MP) denotaria intenção de fuga.

Segundo o advogado do médico, Abdelmassih solicitou a renovação de seu passaporte, que iria vencer em maio, "mas não pretendia viajar, como interpretou o Ministério Público". "O requerimento do MP não encontra respaldo legal para o pedido. Qualquer cidadão nesta condição pode pleitear a renovação do passaporte desde que comunique a intenção da viagem ao juiz", explica Lima.

Segundo a Justiça, na maioria dos casos em que o réu aguarda o julgamento em liberdade ele tem a permissão de viajar, desde que comunique ao juiz que vai se ausentar do local onde está sendo julgado e desde que não haja impedimento legal, ou seja, que a Justiça não se oponha.

O advogado Lima não quis se pronunciar se seu cliente irá se entregar. Em 2009, o médico passou quatro meses na cadeia, mas recorria da condenação em liberdade, graças a um habeas corpus.

Livros de Paulo Coelho são banidos no Irã

Ministério da Cultura do país proibiu a publicação de qualquer livro do autor. Coelho colocará obras para download gratuito


Paulo Coelho: 6 milhões de livros vendidos no Irã

O escritor brasileiro de maior sucesso no mundo, Paulo Coelho, divulgou em seu blog que todos seus livros foram banidos no Irã. O Ministério da Cultura do país determinou, sem explicar o motivo, que nenhum livro que contenha o nome do autor pode ser publicado. Os livros de Paulo Coelho são publicados no Irã desde 1998, tendo vendido 6 milhões de cópias.

Coelho classificou o episódio como um "mal-entendido". "Meus livros foram publicados no Irã por 12 anos em diferentes governos. Uma decisão arbitrária só pode ser um mal-entendido", escreveu no blog. O autor espera que a questão seja solucionada ainda esta semana e disse contar com a ajuda da diplomacia brasileira. "Eu sinceramente espero que o Governo Brasileiro se pronuncie a respeito."

Este não foi o primeiro problema de Paulo Coelho no Irã. Em 2005, mil cópias de "O Zahir" foram confiscadas pela polícia e seu editor no país foi detido para interrogatório uma semana antes do lançamento do livro. "O Zahir", que trata de homossexualidade, havia sido aprovado pela censura do país.

Em resposta ao banimento, o autor vai colocar todos os livros para download gratuito na internet para o Irã enquanto a questão não for solucionada.

Membros do MST ocupam prefeituras de quatro cidades na Bahia

Grupo quer debater com governo problemas de educação em assentamentos.
Prefeituras de Prado, Mucuri, Itabela e Itamaraju foram ocupadas.

Integrantes do MST na prefeitura de Itabela

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam as prefeituras dos municípios de Prado, Mucuri, Itabela e Itamaraju, na Bahia, nesta segunda-feira (10). Cada grupo é formado por cerca de 400 pessoas, conforme explicou ao G1 Lucia Barbosa, membro da direção do MST no estado.

“Nosso objetivo é debater pontos relacionados com a educação em assentamentos no interior do estado. Queremos mais infraestrutura, construção de novas escolas, investimento na formação dos professores, melhorias no projeto pedagógico e participar do controle dos recursos destinados às escolas”, explicou Lucia.

De acordo com o MST, os grupos permanecerão nas prefeituras até que seja agendada uma reunião entre representantes do governo e do movimento

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Certidões de casamento, óbito e nascimento serão padronizadas a partir de 05/01/2011

Papéis especiais com marca d'água e microletras devem evitar falsificações


Novo documento terá certificação digital

A partir desta quarta-feira (5), certidões de nascimento, casamento e óbito no Brasil serão confeccionadas em papel especial com marca d'água e microletras. Além disso, a impressão dos documentos será feita pelo mesmo processo das cédulas de dinheiro, o que aumenta a segurança contra falsificações.

A padronização será possível depois de uma parceria da Casa da Moeda do Brasil com a Corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o Ministério da Justiça. Os funcionários dos cartórios de todo o país passarão por cursos de capacitação e a instituição receberá um kit com computador, sistema de impressão para emitir documentos e uma certificação digital da Casa da Moeda. O objetivo é unificar todas as certidões do país e evitar a falsificação.

O formulário para preenchimento das certidões que sairá da Casa da Moeda será único e terá uma numeração. Os cartórios definem a finalidade do formulário e a numeração, que também serão controlados pelo Ministério da Justiça e CNJ.

Com 10 milhões de acessos, vídeo rende emprego a sem-teto com vozeirão

Arruinado pelas drogas e o álcool, Ted Williams ganhou 'segunda chance' ao virar sensação na internet.



Um vídeo postado no site YouTube que mostrava um sem-teto com vozeirão de locutor de rádio causou sensação na internet, virou notícia em jornais de várias partes do mundo e rendeu ao mendigo uma chuva de ofertas de emprego.

O vídeo no qual Ted Williams expõe seu talento para um repórter do jornal local de Ohio já registrava quase 9 milhões de acessos até esta quinta-feira, e era reproduzido em sites de notícias, blogs e comunidades sociais ao redor do mundo.

'Quando você escuta só o melhor dos velhos tempos, você escuta a rádio Magic 98.9', diz Williams para a câmera amadora do repórter Doral Chenoweth III, do jornal 'The Columbus Dispatch', que lhe havia pedido para 'dizer algo com essa sua grande voz de rádio'.

O repórter dá ao sem-teto uma contribuição pela palhinha e Williams, agradecido, emenda uma nova demonstração.

Williams disse que acabou na rua por causa das drogas
'Muito obrigado. Deus o abençoe. Obrigado. Voltamos com mais, logo após essas palavras. E não esqueça, amanhã de manhã é a sua chance de ganhar um par de entradas para ver este homem em show, ao vivo', diz.

A história do sem-teto que até esta semana pedia um dólar em troca de algumas palavras ditas em voz de 'seda' virou sensação nos Estados Unidos. No vídeo original, o ex-mendigo expõe o cartaz no qual dizia ter 'uma voz presenteada por Deus' e agradecia por 'qualquer ajuda'.

Com 53 anos de idade, Williams morava de forma improvisada em uma barraca montada atrás de um posto de gasolina à beira de uma grande via de Columbus, a capital do estado de Ohio.

Natural do bairro do Brooklyn, em Nova York, Ted Williams contou ao repórter do 'Columbus Dispatch' que chegou a ser empregado no rádio, mas 'álcool, drogas e uma série de outras coisas' acabaram levando-o à ruína. Ele diz que há dois anos está 'limpo'. Segundo a imprensa americana, o ex-sem-teto tem nove filhos.

Segunda chance
Quando a filmagem caiu na internet, a carismática imagem do ex-sem-teto virou sensação. Dezenas de cópias do vídeo foram reproduzidas no YouTube, e a história foi noticiada em sites de notícias, rádios e TVs americanas.

Na quarta-feira, durante uma entrevista para a rádio local WNCI (97.9 FM), Williams recebeu formalmente, entre muitas outras, uma oferta de trabalho de US$ 10 mil para emprestar sua voz a comerciais da Ohio Credit Union League, a associação das empresas de financiamento do Estado.

Williams desfruta da fama em entrevista para rádio local

Outra oferta amplamente noticiada veio da equipe de basquete Cleveland Cavaliers, que poderia incluir fazer os anúncios durante os jogos no ginásio da equipe de Cleveland, Ohio.

O ex-sem-teto se emocionou especialmente quando, durante o programa de rádio, recebeu uma oferta de financiamento para compra de uma casa. Williams surpreendeu os produtores do programa ao aparecer na rádio de cabelo cortado e asseado.

'Meu email está cheio de ofertas para ele', disse o repórter do 'Columbus Dispatch', durante um chat com internautas sobre o episódio.

'Eu levei para ele uma série de propostas hoje (quarta-feira) e ele ficou muito agradecido. Ainda tenho 12 mensagens de voz que não escutei, e aposto que algumas são mais ofertas de trabalho.'

Após um dia de correria dando entrevistas e respondendo ao assédio da imprensa e do público, Ted Williams desembarcou em Nova York, onde é esperado para uma aparição nesta quinta-feira no programa matinal de TV 'Today Show', da NBC.

Ele também deve se encontrar com a mãe de 92 anos, que diz não ver há cerca de 20 anos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ex-primeiro-ministro de Israel completa 5 anos em estado de coma

Ariel Sharon sofreu derrame meses após ordenar a retirada de colonos de Gaza

Ariael Sharon, em imagem de arquivo quando ocupava o posto de primeiro-ministro, continua internado

O ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon se encontra em estado de coma profundo há exatamente cinco anos, um aniversário discreto em um país que progressivamente parece esquecer o homem que dirigiu o campo nacionalista durante décadas.

Não houve nenhuma manifestação oficial para marcar a data.

O ex-homem forte israelense está hospitalizado no Centro Médico de Haim Sheba, do hospital Tel Hachomer, em Tel Aviv.

Em novembro de 2010, foi trasladado durante um breve período para a Granja de Sicomoros, a propriedade de sua família no sul de Israel, na perspectiva de uma hospitalização domiciliar definitiva.

O então primeiro-ministro sofreu um forte derrame em 4 de janeiro de 2006 e entrou num coma profundo, do qual nunca acordou, deixando para trás um grave vácuo político do qual Israel até hoje tenta se recuperar.

Sharon entrou em coma cinco meses depois de uma radical virada em sua trajetória, quando retirou todos os colonos judeus e tropas da faixa de Gaza após 38 anos de ocupação.

Desde então, no entanto, os esforços de paz foram em vão.

Pouco tempo antes de sofrer o derrame, Sharon reconhecera que não estava seguindo à risca as recomendações médicas para perder peso e diminuir o ritmo de trabalho.

O ex-primeiro-ministro se levantava muito cedo, trabalhava até tarde e fazia viagens ao exterior com frequência, em particular para os Estados Unidos, cujo voo partindo de Israel leva 12 horas.

Em novembro de 2005, ele deixou o partido Likud, que ajudara a fundar em 1973, e criou uma nova formação de centro, o Kadima.

A decisão foi uma resposta à ala linha dura do Likud, que o criticou por ter saído de Gaza.

"Arik", como é conhecido em Israel, foi eleito premiê pela primeira vez em 2001, depois da polêmica visita à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, que deu origem à segunda revolta palestina meses depois.

Sharon nasceu em 1928, quando Israel ainda era protetorado britânico, e começou sua carreira militar aos 17. Destacou-se nos campos de batalha logo após a fundação do Estado de Israel, quando das primeiras guerras contra os países árabes.

Como ministro da Defesa, planejou a invasão do Líbano, em 1982, e o cerco ao quartel-general da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat, em Beirute.

No ano seguinte, caiu em desgraça após ter sido considerado "indiretamente responsável" pelo massacre nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, no Líbano, perpetrado por cristãos falangistas, que eram aliados de Israel na guerra.

Graças a este episódio, Sharon ganhou de seus detratores o apelido de "Açougueiro de Beirute".

Aos poucos, recuperou sua reputação e retornou à vida pública, até tornar-se líder do Likud em 2000 e assumir a chefia do governo.

Ariel Sharon era conhecido por seu gosto pela vida na fazenda e pela trágica vida pessoal. Sua primeira mulher, Margalith, morreu em um acidente de carro em 1962. O único filho do casal, Gur, morreu em 1967 quando ele e um amigo brincavam com um rifle do pai.

Milionários sem diploma.

A educação formal ajuda, sem dúvida, no sucesso profissional. Mas não é isoladamente garantia de uma carreira brilhante. Nessa linha, a revista norte-americana Forbes fez uma seleção de alguns milionários que não chegaram sequer a concluir o Ensino Médio. Mesmo sem terminar os estudos, eles se destacam nos mais diferentes campos como atores, empreendedores e músicos. É interessante, e no mínimo curioso, ver quais carinhas aparecem por aqui.
Depois de uma adolescência difícil, na qual foi preso por envolvimento com drogas, o rapper Curtis James Jackson III, o fenômeno conhecido como 50 Cent, reinventou-se. Seu primeiro álbum vendeu mais de 26 milhões de cópias

Robert De Niro abandonou os estudos aos 17 anos. Além de ter se tornado um dos atores mais conhecidos do mundo, com dois Oscars, ele também atua nos negócios. É proprietário de restaurantes em NY e do estúdio TriBeCa Productions

Uma Thurman largou os estudos aos 16 para seguir a carreira de atriz. O que terá pensado seu pai, professor da Universidade de Columbia e o primeiro ocidental a ser ordenado monge budista?

Aos 20 anos, o diretor neozelandês Peter Jackson trabalhava na editoria de fotografia de um jornal durante o dia e fazia filmes de terror à noite. O esforço rendeu frutos. A trilogia ‘Senhor dos Anéis’ arrecadou US$ 3 bi

O espanhol Amancio Ortega, dono da marca Zara, iniciou sua carreira ajudando seus pais a vender camisetas. Aos 14 anos, abandonou os estudos. Atualmente, Ortega é o homem mais rico da Espanha, com patrimônio de US$ 25 bilhões

A atriz britânica Catherine Zeta-Jones deu adeus à escola aos 15 anos para tentar a vida de atriz. No final dos anos 90, ela alcançou a fama com o filme A Máscara do Zorro, em que contracenou com Anthony Hopkins e Antonio Bandeiras

O boxeador George Foreman, medalhista de ouro nas Olímpiadas de 1968, mostrou-se também um talento para negócios. Além de vender o direito de uso de seu nome para a fabricante de grills Salton, ele lançou linhas de produtos de limpeza e saúde

Com um passado também de envolvimento com drogas, Jay Z encontrou no hip hop sua salvação e muitos milhões de dólares. Dez vezes ganhador do Grammy, o americano tem fortuna estimada em U$ 450 milhões

O roqueiro do mundo dos negócios largou os estudos aos 16 anos para lançar a revista de artes Student. Aos 20, ele fundaria a marca pela qual ficaria conhecido, a Virgin. Atualmente, o império Virgin é composto por mais de 200 empresas em 30 países e Branson tem fortuna estimada em US$ 4 bilhões

A modelo brasileira tinha apenas 14 anos quando foi descoberta por um agente em um shopping e parou de estudar. Hoje, Gisele Bündchen ostenta o título de modelo mais bem paga do mundo. A brasileira tem patrimônio de US$ 150 milhões graças a contratos com Versace e Dior, entre outros