Pode até ser chato contrariar os outros. Mas é muito pior deixar as suas vontades e as suas opiniões sempre em segundo plano.
Sua amiga pede sua blusa novinha emprestada. Sua mãe quer que você pare de andar com a sua BFF. Seu ficante insiste em ir além nos carinhos quando estão a sós. Quem já passou por pelo menos uma dessas situações sabe como é complicado simplesmente dizer não. Na verdade, falta coragem para frustrar o outro. Na nossa cabeça, é como se estivéssemos correndo o risco de perder de vez o vínculo com aquela pessoa, só porque estamos tomando a atitude de ir contra o que ela pensa e deseja.
Agora, vamos pensar juntas: será que esse medão que sentimos de ser rejeitadas faz mesmo sentido? Tente se lembrar de quantas vezes sua mãe, sua BFF e o garoto de quem você está a fim lhe responderam com um não bem dado, nas mais diversas situações. Isso fez você gostar menos deles? É bem provável que não! "Aprendemos ao longo da vida que dizer 'não' é algo errado, que essa é uma atitude egoísta e que, assim, vamos acabar machucando o outro. Mas é fundamental fazer esse exercício, isso vai nos tornar mais autoconfiantes", garante a psicóloga Deborah Toniolo, da Clínica SanVie.
Na prática, é como qualquer outro treino. Quando percebemos que as consequências do nosso 'não' nem são tão avassaladoras assim, nos sentimos mais seguras para ir colocando limites para tudo e para todos. E o mais legal é que, só dessa forma, aprendemos a respeitar as nossas possibilidades e as nossas vontades. E acredite: não tem nadinha de errado nisso!
Mil e uma utilidades
O não, em muitas ocasiões, é uma maneira eficiente de nos livrar de grandes enrascadas. Quando um amigo nos convida a fazer algo que vai contra os nossos valores, que não bate com aquilo que a família nos ensinou, por exemplo, vale a pena contrariar quem quer que seja. E, mesmo em situações mais corriqueiras, o não pode ser muito bem-vindo. Tipo: sua amiga a convida para sair e você está morrendo de preguiça. Diga que não, sem culpa! Seu pai quer que você fique paparicando aquela sua tia chata, no maior fingimento. Idem! "O fundamental é usar um tom de voz natural quando for explicar ao outro por que não pode fazer o que ele quer, mas sem se alterar. E, além disso, tentar justificar sua decisão, usando argumentos objetivos sempre que possível", ensina Toniolo.
Outra boa dica da especialista é tentar encontrar uma terceira alternativa, que fique no meio do caminho entre o desejo do outro e o seu. "Assim, ainda que você não a atenda, a pessoa se sentirá acolhida e valorizada", explica. Para isso, não precisa muito. Imagine que a sua amiga pede a você para ajudá-la a pintar o quarto dela, no fim de semana.
O problema é que você já tinha um cineminha programado pro sábado. Que tal, então, se oferecer para dar uma força nos retoques, mas só no domingo? Pode ter certeza de que, mesmo assim, ela vai ficar superagradecida. E tem outra: se ela encanar por causa de uma coisa tão pequena, é porque essa amizade já estava meio mal das pernas mesmo.