terça-feira, 30 de novembro de 2010

Intercâmbio que cabe no bolso

Existem várias maneiras de baratear a viagem dos seus sonhos. Sete meninas que tiveram essa experiência - sem gastar muito! - dão as dicas para quem tem pouca grana e não vê a hora de pôr o pé na estrada.

Hoje em dia, as viagens para o exterior são o tipo de coisa que a galera coloca no currículo quando vai começar a procurar emprego. Isso porque o simples fato de ter contato com outras culturas já vale pontos a favor do candidato. E não por acaso. Quem encara um curso lá fora, volta sempre diferente. Beatriz Custódio, 16 anos, passou um mês em Vancouver, no Canadá, e conta que a experiência foi incrível. “Amadureci muito, pois estava sem meus pais, precisava me virar sozinha para resolver meus problemas. Além disso, esse tipo de viagem abre a cabeça; o contato com pessoas de outros países, com outros costumes, faz a gente aprender muita coisa nova”, diz. Isso, sem falar da vantagem de aprender ou aperfeiçoar os conhecimentos numa segunda língua. “Lá fora, eu fui obrigada a falar inglês o tempo todo. Então, aprendi, em três semanas, o que levaria anos para estudar aqui no Brasil”, conta Bruna Lacerda Papa, 16 anos, que esteve na Inglaterra em julho de 2008.

É PRA QUEM QUER

Agora, se você já curte a ideia de viajar, mas acha que essa história de intercâmbio não é para o seu bico, tá na hora de mudar a maneira de pensar. Se você investir num bom planejamento e dedicar-se de verdade à causa, pode ter certeza de que vai conseguir realizar seu projeto. Confira as nossas dicas e mãos à obra!

1 Estabeleça a sua meta.

Você já deve ter ouvido aquela frase que diz que os grandes feitos do homem, em todos os tempos, eram coisas consideradas impossíveis. Até que alguém foi lá, ralou e fez. Provando que, sim, era possível ultrapassar limites, vencer distâncias, se superar. Com o tal do intercâmbio não é diferente. Por mais que a grana da mesada seja curta, o segredo é se planejar. Se parece difícil viajar no ano que vem, que tal pensar na hipótese de fazer a experiência daqui a dois, três, cinco anos? O mais importante é que você fixe esse objetivo e que pense em todas as estratégias que terá de usar para alcançá-lo. Esse é o primeiro ponto. Afinal, ninguém vai a lugar nenhum sem ter o endereço em mãos, certo? Então, para realizar, você precisa primeiro desejar. E saber exatamente aonde quer chegar.

2 Leia, pesquise, pergunte.

Imagine que maravilha: viajar para o exterior com tudo pago! Seria a melhor alternativa pra você? Pois saiba que existem vááárias maneiras de descolar uma mamata dessas. Karina Palmberg, 18 anos, foi aceita por uma universidade dos Estados Unidos e vai começar a faculdade lá. O mais bacana é que, para se manter no exterior, não vai tirar um real do bolso. Sorte? Que nada! “Estou indo com uma bolsa esportiva, porque jogo golfe há oito anos e vou fazer parte do time da universidade de lá. Fiz todo o processo de seleção aqui no Brasil e fui aprovada”, conta. Karina é uma das muitas meninas – no Brasil e no mundo – que viajam com bolsa. Existem as esportivas e as acadêmicas, estas últimas oferecidas a quem se destaca nos estudos. Carolina Carvalho, 16 anos, conseguiu uma vaga numa universidade dos Estados Unidos depois de alcançar um bom desempenho na prova de seleção. “Estudei muito, durante um ano inteirinho. E repeti a prova cinco vezes, até conseguir passar”, diz. Persistir no objetivo valeu a pena. Carol embarca em agosto, para morar quatro anos fora. E vai pagar só a passagem de avião. “A bolsa engloba hospedagem, transporte, alimentação e até o material que eu vou usar no curso. Considerando que só a faculdade custa por volta de US$ 40 mil por ano, é uma grande oportunidade”, afirma. Tanto Karina quanto Carolina entraram em contato com uma empresa brasileira especializada em recrutamento e seleção de estudantes e atletas (veja box Saiba Mais) e, assim, viabilizaram seu sonho.

July Paiva, 21 anos, fez outro caminho. Ela participou de um concurso e, depois de se submeter a uma prova de inglês e de ter seu currículo escolar avaliado, garantiu 10 meses nos Estados Unidos, com tudinho na faixa. “Pagaram até o meu visto”, conta. July ficou sabendo do concurso por acaso. A diretora do colégio em que estudava foi quem deu um toque, impressionada com as notas altas da garota. “Era um concurso promovido por uma pessoa muito rica, que resolveu distribuir bolsas para estudantes do mundo inteiro. Ela contratou uma empresa de intercâmbio brasileira, que fez todo o processo de seleção”, conta.

Porém, não dá pra esperar sentada por uma oportunidade como a da July. Melhor que isso é pesquisar todos os dias, para saber sobre concursos e bolsas que estão sendo oferecidos a jovens. E é aí que a internet vira uma grande aliada. “Em sites voltados para estudantes, como o Universia (www.universia.com.br), sempre há informações sobre esse tipo de coisa”, ensina July.
Conversar com gente que já participou de processos de seleção como esses também pode ajudar muito.

3 Considere todas as alternativas.

Outra maneira de viajar sem gastar muito é ingressar num programa que permita trabalhar no exterior, como os que recrutam au pairs, ou babás. Gabrielle Romão da Silva, de 24 anos, topou o desafio de cuidar de duas adolescentes americanas e amou a experiência. “Sempre tive vontade de viajar pra fora, e essa foi a maneira que encontrei para poder me sustentar enquanto estivesse lá”, conta. Ela teve de esperar até os 18 anos para realizar seu sonho. Mas aproveitou para ir planejando a viagem.

“Antes de sair do Brasil, fui providenciando meus documentos. Na agência que me encaminhou para a casa da família, a única coisa que paguei foi uma taxa simbólica. Lá, os pais das meninas arcavam com tudo: meu salário, cerca de US$ 193 por semana, e todos os meus custos com transporte e alimentação. Morava na casa deles e, aos finais de semana, pegava folga. Também tive 40 dias de férias, nos dois anos que fiquei lá”, conta. Gabriela também viajou bastante com a família e, entre esses passeios e os que fez com amigos, conseguiu conhecer praticamente o país inteiro. Pra melhorar, Gabriela ainda tinha um carro, que podia usar para as suas coisas pessoais quando não estivesse trabalhando. “Essas regalias variam de família para família. Mas, de qualquer forma, o programa de Au pair garante custo zero durante o tempo que se permanece fora. Então, é uma boa para quem não tem muita grana”, avalia. Mesmo para quem tem menos de 18 anos, há a opção de trabalhar e ajudar a custear os estudos lá fora. “As próprias universidades abrem vagas para quem quer um desconto na mensalidade. Algumas oferecem até ajuda de custo. Normalmente, as oportunidades são nos laboratórios, para uma espécie de monitoria. As vagas são amplamente divulgadas e não há restrições para estrangeiros. Mas é o tipo de coisa que você só fica sabendo quando está lá”, diz Karina Palmberg.

4 Invista no planejamento.

Mesmo se for pra bancar a sua viagem, o bacana é começar a arquitetar tudo com dois ou três anos de antecedência. Assim, você poderá pesquisar em diversas agências, comparando custo e benefício de cada pacote e escolhendo aquele que cabe no orçamento da família. É também nesse período que você fará um esforço extra para poupar, valorizando cada realzinho. Muitas agências parcelam em até dois anos o intercâmbio. E outras dão um bom desconto à vista. “No caso da minha família, achamos mais vantajoso guardar e depois pagar de uma vez. Conseguimos um bom abatimento na negociação”, conta Beatriz Custódio.

5 Avalie bem os programas, antes de fechar algum.

Ficar atenta a todos os detalhes do programa que vai comprar é também uma excelente maneira de economizar. Um pacote que oferece todas as refeições, por exemplo, certamente sairá mais caro do que aquele que não inclui a alimentação. Mas comer fora todos os dias, no exterior, é carésimo! “É claro que dá vontade de conhecer todos os restaurantes. Mas se a ideia é economizar, o melhor é comer sempre em casa. Aos finais de semana, o máximo que dá pra fazer é encarar um sanduíche numa rede de fast-food, que é a opção mais barata”, conta Julia Rizzi Raposo, de 17 anos. Ela ganhou uma passagem de avião para o Canadá e quis aproveitar a oportunidade. Mas, com a grana curta, optou por um pacote básico e levou pouco menos de R$ 2 mil para se manter durante um mês. Daí a experiência em administrar os custos.

Outro detalhe que pode fazer a diferença é a distância da casa para a escola. Beatriz, por exemplo, fez as contas e achou que valia mais a pena ficar no alojamento da universidade. “Normalmente, esse tipo de acomodação é mais cara em relação à casa de família. Mas, considerando que eu não teria gastos com transportes, eu acabei economizando”, conta.

Verificar se a universidade ou escola em que pretende estudar oferece descontos para bons alunos também é uma medida para fazer seu dinheiro valer mais. “A maioria das instituições de ensino pede que a gente faça uma prova, para verificar em que nível do curso vamos ingressar. O bom é que muitas delas dão bolsa proporcional à nota dessa avaliação. Eu consegui 40%”, diz Julia.

Essa pesquisa pode ser feita com antecedência, via site. “Quase todas as escolas têm um campo chamado de ‘scholarship’ ou ‘finnancial ways’, na internet. É ali que eles vão explicar suas políticas de financiamento e descontos”, ensina Carolina Carvalho, que está prestes a encarar sua terceira experiência no exterior.


Antes

Programe-se para viajar em janeiro, principalmente se vai para os Estados Unidos ou para a Europa. É o período em que faz frio nesses lugares. Por isso, as passagens aéreas e mesmo os cursos saem mais em conta, já que diminui a procura. “Não precisa ter medo do inverno. Lá fora, mesmo com temperaturas mais baixas, há uma infraestrutura muito bem montada. Então, as casas, o transporte público, tudo é climatizado”, garante Gabriel Canellas, gerente de Intercâmbio Teen da CI.

Pague tudo com antecedência. Especialmente se você é o tipo de garota que costuma torrar a mesada do mês nos primeiros três dias. Nesse caso, vale investir num pacote que já inclua alimentação, passeios e até transporte. Assim, você se livra da responsabilidade de administrar tanta grana e, ao mesmo tempo, evita o mico de gastar muito com besteira – e, depois, ficar sem grana para as despesas básicas e essenciais.

Durante

Anote e controle tudo o que gasta. Com pouco dinheiro, o planejamento é indispensável. Além disso, ao escrever num caderno as suas despesas, você consegue ter uma ideia clara de onde está gastando demais e, a partir daí, poderá pensar em maneiras de economizar.

Compre livros usados. Na própria escola, você pode conseguir a indicação de lugares que comercializam esse material com desconto. “Depois do curso, ainda dá pra vender e recuperar o investimento”, ensina Karina Palmberg.

Leve seu lanche de casa. Carolina Carvalho, veterana de intercâmbios, já aprendeu que o melhor negócio é carregar, na mochila, o que vai consumir durante o dia, nos intervalos das refeições. “Lá fora, esse hábito é muito comum. Aqui no Brasil é que o pessoal ‘acha feio’ levar comida de casa. Eu aprendi que valia muito mais a pena passar no supermercado e montar meu lanche, do que ficar comendo fora”, diz.

Negocie passes com desconto. A maioria dos países vende passes que valem para ônibus e metrô, por período, sem limite de viagens. Então, se já sabe que ficará um mês na cidade, compre um passe que cubra seu transporte durante os 30 dias. “Vai sair mais barato do que todo dia comprar um bilhete, ou mesmo toda semana”, afirma Julia Rizzi Raposo.

Pesquise as atrações turísticas. Quando estiver num país diferente, vai dar vontade de conhecer tudo. Mas, já que a grana curta não permite, o segredo é pesquisar antes, para fazer uma seleção do que é mais legal – e cabe no bolso. “Eu usei uma estratégia muito boa para passear no Canadá. Descobri que a maioria dos museus, por exemplo, oferecia entrada grátis num dia específico da semana. Então, eu me informava antes e conseguia fazer a visita sem gastar nada”, conta Julia.

Deixe as compras para a última semana. Assim, você vai gastar só o que sobrou, e já vai ter uma ideia das lojas que estão oferecendo o melhor preço. “Na hora de comprar, não adianta olhar só o valor anunciado do produto, tem de calcular também as taxas de impostos. Muita coisa sai mais barata no free shop do aeroporto do que num outlet”, alerta Beatriz Custódio.