segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Conheça as “mulheres de Berlusconi"..

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, é conhecido por ser um homem que gosta muito de mulheres, mas seu suposto envolvimento com a dançarina marroquina Karima el Mahroug gerou polêmicas. Gravações apontam que ele teria mantido relações sexuais com ela quando Karima, conhecida como Ruby Rubacore (Ruby Rouba Coração), quando ela tinha apenas 17 anos

Após um processo ser aberto pelo caso Ruby, apelidado de Rubygate, a dançarina foi ao programa de TV Kalispera, controlado por uma das emissoras de Berlusconi negar que ele tivesse “tocado nela”. Ruby afirmou ainda, entre lágrimas, que teve uma vida difícil, que foi violentada desde os nove anos e depois expulsa de casa. Ela, que hoje é maior, afirmou que Berlusconi apenas a teria ajudado

Álbum do jornal italiano La Repubblica mostra a brasileira Iris Berardi, hoje com 19 anos de idade, que segundo a promotoria da Itália teria participado de festas do Berlusconi aos 17 anos.

Diretamente implicada no Rubygate está a ex-dançarina e dentista de Berlusconi, Nicole Minetti, que é conselheira regional do Partido da Liberdade (PDL), na região da Lombardia

Nicole é apontada como elo entre Berlusconi e as supostas prostitutas que ele mantinha em apartamentos de luxo na Itália

Berlusconi já esteve relacionado a prostitutas antes e a profissional Patrizia D’addario relatou detalhes de orgias realizadas em uma mansão no sul da Itália em um programa de TV em 2009

O Rubygate tampouco foi a primeira vez na qual um Berlusconi foi suspeito de se relacionar com uma menor. Em 2009, a ida dele à festa de aniversário da jovem Noemi Letizia (acima) é tida como o fato que provocou a separação do primeiro-ministro de sua então mulher, Veronica Lario

Aida Yespica, modelo venezuelana, foi também apontada como um dos elementos que fragilizou o casamento de Silvio Berlusconi

Duas imagens de Veronica Lario, ex-mulher de Berlusconi. Na da direita, Veronica em 2004, e, na da esquerda, em 1994. Ela, que começou seu relacionamento com o político italiano enquanto ele ainda era casado, ficou por 19 anos com ele e é mãe de dois filhos do magnata. Em uma carta aberta anunciado o divórcio em 2009, ela citou a preferência de Berlusconi pelas mulheres mais jovens e a relação dele com políticas de seu partido

Mara Carfagna, ex-modelo, teria sido um dos pontos de desgaste do casamento de Berlusconi, de acordo com a imprensa. Ministra da Igualdade, solteira, ela foi alvo de uma cantada desastrada do primeiro-ministro, que disse que se caria com ela. Só que ele era casado na época e foi obrigado a se desculpar publicamente pela mulher

Mara foi finalista do concurso Miss Itália em 1997, em sua 58ª edição, aos 21 anos

Na época da carta de Veronica, outra mulher que foi cogitada como um dos possíveis envolvimentos de Berlusconi dentro de seu partido foi Eleonora Gaggioli, que é deputada europeia

Tida como uma das “mulheres de Berlusconi”, Michaela Vittoria Brambilla, do Força Itália, é uma das principais vozes femininas à favor do primeiro-ministro

Ambos cruzaram o país juntos antes da eleição de Berlusconi para o cargo

Ministra do Ambiente, Stefania Prestigiacomo, é outra mulher na política próxima a Berlusconi

Outra política que muitos dizem que tem o apoio de Berlusconi devido à sua beleza, é a deputada europeia italiana Barbara Matera

Barbara Berlusconi, filha do primeiro-ministro da Itália, já disse muito incomodada com os escândalos sexuais que rondam o seu pai

Miley Cyrus é considerada má influência para os jovens, segundo pesquisa

Com 42% dos votos, a estrela teen é eleita pior celebridade em votação

Segundo uma votação realizada pelo site Just So You Know, a estrela teen Miley Cyrus não é considerada uma boa influência para os jovens. Cerca de 45 mil pessoas votaram na pesquisa e 42% acreditam que a garota é celebridade que tem menos prestígio.

A estrela da série Hannah Montana veio seguida de Britney Spears, que ficou com 27% dos votos. No ranking, ainda aparecem Kanye West (19%), Vanessa Hudgens (9%) e Shia LaBeouf (3%).

No caminho inverso de Miley, aparece a cantora Taylor Swift, que foi eleita a artista feminina mais querida do público, com 32% dos votos. Entretanto, em segundo lugar, Miley aparece em segundo lugar da enquete das queridinhas, com 16%. Contraditório, não é?

Área de lazer no Parque Lagoa Subaé


Praça será construída pela Prefeitura

A comunidade do Parque Lagoa Subaé será beneficiada com uma área de lazer. Trata-se de uma praça que será construída pela Prefeitura Municipal de Feira de Sanatana no espaço entre as ruas Vitória e Bafarema.

O anúncio da obra foi feita pelo prefeito Tarcízio Pimenta, neste domingo (28) pela manhã. “Vamos fazer um projeto através da Secretaria de Planejamento e Serviços Públicos para que a praça seja construída o quanto antes”, destacou.

Os moradores receberam a notícia com alegria. “Estamos precisando disso, não temos área de lazer por aqui”, destacou o carpinteiro Mizael Oliveira.

“Será muito bom ter uma praça perto de casa; é mais seguro e confortável para minha filha brincar”, acrescentou a dona de casa, Jaqueline Santos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Por que festejamos o Ano-Novo?


Essa celebração está simbolicamente associada à renovação da vida e faz parte da tradição de diversos povos. O Ano-Novo nem sempre acontece no dia 1º- de janeiro. Essa data é válida para a maioria dos países, mas em algumas nações, como China e Vietnã, que seguem o calendário lunar, a passagem do ano não tem uma data fixa.Um dos registros mais antigos de comemoração do Ano-Novo é um festival chamado Zagmuk, realizado há cerca de 4 mil anos na Mesopotâmia, região do Oriente Médio que abrigava uma das mais antigas civilizações do planeta. Para eles, esse era um momento crucial de suas vidas.Com a chegada do inverno, os mesopotâmios acreditavam que os monstros ficavam irados e que tal fúria só seria aplacada por sua maior divindade, conhecida como Marduk – além dele, os mesopotâmios adoravam vários outros deuses. Assim, o festival de Ano-Novo, que tinha 12 dias de duração, era realizado com o objetivo de ajudar Marduk em sua batalha contra as forças do mal. Ritual semelhante foi incorporado por outros povos, como persas e babilônicos.Gregos e romanos também se inspiraram na cultura da Mesopotâmia e passaram a comemorar o Ano-Novo. Os romanos, por exemplo, tinham um festival chamado Saturnália, em homenagem a Saturno, que se estendia de 17 de dezembro a 1º- de janeiro.

Todos os povos comemoram o Ano Novo?


A maioria das culturas celebra a passagem de um ano para o outro. A data, em todas as civilizações, está simbolicamente associada à renovação da vida, ao começo de um novo ciclo. O mais antigo registro de comemoração pertence aos babilônios, povo que viveu no Oriente Médio há cerca de 4 mil anos. Hoje, a data do Ano Novo varia muito de uma cultura para outra. O dia mais celebrado é o 31 de dezembro, comemorado com fogos de artifício nos quatro cantos do planeta. Sua origem remonta à época do Império Romano, mas só ganhou o mundo em 1582, quando o calendário gregoriano, usado atualmente em quase todo o globo, foi oficialmente adotado pela Igreja Católica Romana. Alguns países do Oriente, no entanto, seguem um calendário diferente e celebram a passagem de ano em outra data. É o caso dos chineses, que são regidos pelo calendário lunar – e não o solar, como nós do Ocidente. O Ano Novo na China, conhecido como Festa da Primavera, não tem data fixa e costuma ocorrer em janeiro ou fevereiro. Judeus e muçulmanos também seguem o calendário lunar. Para os judeus a passagem de ano, chamada de Rosh Hashaná, normalmente cai em setembro ou outubro. Já para os muçulmanos, a data festiva acontece em junho ou julho.

A humildade.


O filósofo grego Sócrates foi um dos poucos personagens históricos que mudaram os rumos do pensamento humano sem ter deixado uma única linha por escrito. Outros membros desse seleto clube são Buda e Jesus Cristo; ao contrário deles, Sócrates não fundou religião alguma, mas sua vida e personalidade estão até hoje cercadas por uma aura de mistério muito próxima à dos místicos e dos santos (no Islã medieval, aliás, ele era conhecido como o “profeta da Grécia antiga”). Considerado por alguns historiadores como o fundador da filosofia ocidental, ele é até hoje uma das figuras mais controversas e obscuras na história das ideias: tudo o que sabemos sobre ele é um punhado de fatos esparsos, relatados nas obras nada imparciais de seus fervorosos discípulos e seus igualmente entusiasmados detratores. O amor e o ódio a Sócrates, por sinal, são dois vetores constantes na história da filosofia: um jogo de veneração e repulsa que já rendeu muito arranca-rabo metafísico.

Grande parte do que sabemos sobre Sócrates está contido na obra de seu discípulo mais famoso, Platão – nos textos conhecidos como Diálogos, ele retratou as incansáveis discussões filosóficas entabuladas pelo mestre. Uma das questões mais espinhosas na história da filosofia é, precisamente, fazer a distinção entre o pensamento de Sócrates e o de seu discípulo-biógrafo. Contudo, por mais difícil que seja determinar o teor exato das ideias socráticas, o que ninguém nega é a importância descomunal do método de filosofar empregado por ele: a dialética ou, tirando em miúdos, a arte do diálogo. Para compreendê- la, é preciso dar uma olhadela no fascinante mundo em que Sócrates viveu e filosofou – a Grécia do século 5 a.C.

Quando Sócrates nasceu, por volta de 469 a.C., os gregos haviam acabado de derrotar a Pérsia – a superpotência expansionista da época – nas chamadas Guerras Médicas. O triunfo militar abriu as portas para um dos períodos mais férteis da civilização ocidental. Atenas se tornou senhora de um vasto império marítimo e centro de uma cultura efervescente. Por meio de uma série de reformas políticas, os atenienses aperfeiçoaram o sistema de governo que haviam adotado no século 6 a.C.: a democracia. A cada mês, os cidadãos com mais de 30 anos se reuniam em uma grande Assembleia para debater leis e escolher magistrados. Cada um tinha o direito de defender suas ideias em discursos públicos. Por isso, a arte de falar bem – para convencer, para dissuadir ou mesmo para engambelar – se tornou uma das ocupações favoritas entre os atenienses de todas as classes.

A arte do diálogo
É nesse contexto que surgem os sofistas – trupe de intelectuais itinerantes que, em troca de remunerações graúdas, ensinavam as manhas da retórica aos jovens atenienses com ambições políticas. Até então, a filosofia grega se ocupava principalmente de assuntos cosmológicos, como a natureza dos astros e a origem do universo. Os sofistas mudaram essa equação: para eles, o objeto da reflexão filosófica era o próprio homem. Foi um sofista chamado Protágoras quem cunhou uma das frases hoje utilizadas para descrever o espírito daquela época: “O homem é a medida de todas as coisas”. Outra grande inovação introduzida por eles foi o uso do diálogo como método de reflexão e persuasão. Até então, pensadores e políticos costumavam deslindar suas ideias em longos monólogos, emitidos do alto de tribunas, para audiências que podiam interferir apenas com aplausos ou apupos. Já os sofistas preferiam exibir suas habilidades lógicas e seus floreios argumentativos em debates cara a cara, em que dois ou mais interlocutores se digladiavam na defesa de ideias opostas. Esse método dinâmico e vivaz fez grande sucesso em meio à juventude ateniense, que acorria em pencas para assistir aos animados duelos de eloquência protagonizados por Protágoras e sua turma.

Em meio às entusiasmadas audiências dos diálogos sofistas, havia um sujeito pobretão, excêntrico e dono de uma feiura proverbial. Antes de ganhar celebridade como filósofo, Sócrates já era famoso como o maior esquisitão de Atenas. Filho de um escultor e de uma parteira, ele se dedicou por alguns anos ao ofício do pai. Mas, ao que tudo indica, o patrono da filosofia ocidental não era, digamos, um sujeito muito trabalhador. Sua principal ocupação era sondar a alma humana, e pouco tempo lhe restava para questões rotineiras, como ganhar a vida. Costumava andar pelas ruas de Atenas metido em roupas puídas, com as grandes barbas descabeladas e sempre perdido em reflexões. Às vezes, tinha acessos de abstração que pareciam loucura: em determinada ocasião, passou mais de 24 horas parado ao relento, entregue a alguma complexa ponderação metafísica. Também afirmava ouvir uma voz misteriosa que lhe ditava regras de conduta – entre outras coisas, esse estranho anjo da guarda teria proibido Sócrates de se envolver em política (para o filósofo, nenhum homem justo pode enveredar por esse escuro pantanal da atividade humana sem perder a alma ou a vida).

Sócrates aprendeu a filosofar assistindo às preleções dos sofistas, mas logo acabou se afastando dos antigos mestres. Com o tempo, o desgrenhado pensador compreendeu que o excesso de truques retóricos de seus concidadãos servia muitas vezes para ornamentar mentes vazias (qualquer semelhança com o universo acadêmico de hoje não é mera coincidência). Cheia de intelectuais falastrões e de políticos oportunistas, Atenas havia se tornado uma cidade excessivamente satisfeita consigo mesma – e Sócrates decidiu que caberia a ele fustigar a soberba de seus contemporâneos. Mas, para abraçar plenamente sua vocação à insolência, ele precisou de um empurrãozinho divino.

Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência, os antigos gregos costumavam consultar os deuses (naquela época, não havia psicanalistas). Para isso, existiam os oráculos – locais sagrados onde os seres imortais se manifestavam, devidamente encarnados em suas sacerdotisas. Certa vez, talvez por brincadeira, um ateniense perguntou ao conceituado oráculo de Delfos se haveria na Grécia alguém mais sábio que o esquisitão Sócrates. A resposta foi sumária: “Não”.

Saber e não saber
O inesperado elogio divino chegou aos ouvidos de Sócrates, causando-lhe uma profunda sensação de estranheza. Afinal de contas, ele jamais havia se considerado um grande sábio. Pelo contrário: considerava-se tão ignorante quanto o resto da humanidade. Após muito meditar sobre as palavras do oráculo, Sócrates chegou à conclusão de que mudaria sua vida (e a história do pensamento). Se ele era o homem mais sábio da Grécia, então o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da própria ignorância. Para colocar à prova sua descoberta, ele foi ter com um dos figurões intelectuais da época. Após algumas horas de conversa, percebeu que a autoproclamada sabedoria do sujeito era uma casca vazia. E concluiu: “Mais sábio que esse homem eu sou. É provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um tantinho mais sábio que ele exatamente por não supor saber o que não sei”. A partir daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria humana – e não havia melhor palco para essa empreitada que a vaidosíssima Atenas. Em suas próprias palavras, ele se tornou um “vagabundo loquaz” – uma usina ambulante de insolência iluminadora, movida pelo célebre bordão que Sócrates legou à posteridade: “Só sei que nada sei”.

Para sua tarefa audaz, Sócrates empregou o método aprendido com os professores sofistas. Mas havia grandes diferenças entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres. Em primeiro lugar, Sócrates não cobrava dinheiro por suas “lições” – aceitava conversar com qualquer pessoa, desde escravos até políticos poderosos, sem ganhar um tostão. Além disso, os diálogos de Sócrates não serviam para defender essa ou aquela posição ideológica, mas para questionar a tudo e a todos sem distinção. Ele geralmente começava seus debates com perguntas diretas sobre temas elementares: “O que é o Amor?” “O que é a Virtude?” “O que é a Mentira?” Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas, questionando o significado de cada palavra. E continuava fazendo perguntas em cima de perguntas, até levar os exaustos interlocutores a conclusões opostas às que haviam dado inicialmente – e tudo isso num tom perfeitamente amigável. Assim, o pensador demonstrava uma verdade que até hoje continua universal: na maior parte do tempo, a grande maioria das pessoas (especialmente as que se consideram mais sabichonas) não sabe do que está falando.

Para muitos ouvintes, o efeito do diálogo socrático era a catarse – uma experiência de purificação espiritual em que as portas do autoconhecimento se escancaram.

Deixando de lado a casca das ideias preconcebidas e os clichês, o discípulo estava pronto para a perigosa aventura de pensar por si mesmo. Às vezes, os argumentos desse conversador incansável eram tão azucrinantes que alguns ouvintes o atacavam no meio da rua, com chutes e pontapés. Perante tais indignidades, ele se limitava a responder com invulnerável ironia: “Não se costuma revidar contra os jumentos que nos escoiceiam”.

Tamanha independência de espírito pode ser algo bem arriscado – tanto na Antiguidade quanto hoje em dia. As patotas políticas não sabiam como lidar com aquele homem que questionava e irritava a todos com o mesmo sorriso de implacável gentileza, sem se deixar aliciar por ninguém. Em 399 a.C., seus desafetos conseguiram levá-lo a julgamento. O filósofo foi acusado de desrespeitar os deuses oficiais da cidade e de “corromper a juventude”: na prática, o que estava sob ataque era sua mania de fustigar a tudo e a todos sem pruridos. Ameaçado com a pena de morte, ele retrucou: “Ninguém sabe o que é a morte. Talvez seja, para o homem, o maior dos bens. Mas todos fogem dela como se fosse o maior dos males. Haverá ignorância maior do que essa – a de pensar saber-se o que não se sabe?” Com sua recusa a retratar-se perante a assembleia, o filósofo foi condenado a morrer por envenenamento. No dia de sua execução, reuniu- se com os amigos, trocou pilhérias e, naturalmente, entregou-se a discussões filosóficas. O carcereiro, ao lhe trazer a taça com cicuta, estava chorando. Mas Sócrates tinha os olhos secos. Bebeu o veneno como quem toma um remédio, despediu-se dos amigos com cavalheiresca tranquilidade e se esticou no catre, como se fosse dormir. E só então seu gênio insolente se calou.

O “vagabundo loquaz” de Atenas foi a primeira figura célebre na história do pensamento a morrer por suas ideias – e sua execução é um dos mitos fundadores da filosofia ocidental. A relevância de Sócrates, contudo, transcende o universo dos filósofos especializados ele se tornou, em grande medida, um modelo de conduta humana. Sua modéstia, numa época de vaidade intelectual, é um aviso aos navegantes de todos os séculos: por mais poder e desenvolvimento que uma civilização tenha atingido, o fato é que, no fundo, continuamos todos humanamente estúpidos. E a negação de nossa própria estupidez pode nos transformar em monstros. Escapar à ignorância congênita da espécie é possível, sim – mas essa é uma tarefa que não se realiza sozinho. A verdade (se é que ela existe) só pode surgir pelo confronto direto e implacável (mas sempre amigável) entre duas ou mais criaturas racionais. Pensar por si mesmo e a si mesmo, olhando no espelho do outro: eis a lição aparentemente simples, mas hoje tão esquecida, legada por uma das figuras mais intrigantes na história da humanidade.

Sócrates
Um dos fundadores da filosofia ocidental, o pensador morreu em 399 a.C. Como Buda e Cristo, que não deixaram escritos, Sócrates é conhecido hoje pelos textos de seus discípulos

Platão: as ideias e as formas.


“Toda a filosofia ocidental é uma nota de rodapé à obra de Platão.” A célebre frase, cunhada pelo matemático britânico Alfred North Whitehead, é certamente uma hipérbole, mas isso não significa que seja absolutamente falsa. Afinal de contas, a própria verdade muitas vezes é assim, hiperbólica – e não há dúvida de que poucos filósofos tiveram tanta influência sobre o pensamento ocidental quanto Platão. A grandeza de suas ideias escapa ao domínio da filosofia: ele foi um dos poucos pensadores que moldaram civilizações com a força póstuma de seu gênio. Após o fim do mundo antigo, as doutrinas platônicas entraram na corrente sanguínea do cristianismo, repercutiram no judaísmo e no Islã, geraram inúmeros seguidores e detratores e, de uma forma ou de outra, ainda marcam profundamente a maneira como encaramos o mundo.

Discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, Platão é o elo central no grande triunvirato do pensamento grego – o eixo que articula um dos períodos mais intensos e produtivos na história da mente humana. É graças às obras de Platão que conhecemos as ideias de Sócrates; e foi com base nas teorias platônicas (e muitas vezes para contrariá-las ou corrigi-las) que Aristóteles elaborou grande parte de sua filosofia. Sem Platão, é possível que conhecêssemos Sócrates apenas como um personagem curioso e obscuro – e talvez a grande mente de Aristóteles tivesse se ocupado apenas com as ciências naturais, em vez de produzir o eclético legado que pautou os rumos do Ocidente por milênios. Aristóteles foi o filósofo do bom senso, da moderação e do rigor metódico; Platão foi o pensador do sublime, meio poeta e meio vate, autor de uma obra suspensa entre a ciência e a religião, entre o intelecto e a epifania. Por isso mesmo, a filosofia platônica acabou desacreditada – e às vezes até ridicularizada – ao longo dos últimos 100 anos. Aristóteles, com seu intelecto sisudamente ponderado, parece-nos mais lúcido e confiável. Mas é a obra de Platão, com seu ritmo ora poético, ora dramático e narrativo, que continua enfeitiçando leitores século após século. No eterno duelo entre Platão e Aristóteles, concorda-se facilmente com as razões do discípulo – contudo, é mais fácil é encantar-se com os voos oníricos do mestre.

Um aristocrata do espírito

Platão nasceu em 427 a.C. em uma família de aristocratas. Quando adolescente, pouco se interessava pelos assuntos do espírito. Forte e vigoroso, ele dedicou seus verdes anos ao atletismo e chegou a vencer campeonatos de luta. Também sonhava com glórias militares, como convinha a um membro da nobreza guerreira. A propósito: o verdadeiro nome do filósofo era Arístocles. O apelido “Platão”, que em grego significa algo como “Grandalhão”, era uma referência a seus largos ombros de atleta. É possível que Arístocles tivesse passado a vida a ganhar medalhas nas arenas, se não fosse pela picada do mosquito metafísico que, naquela época, andava zumbindo por Atenas. Com cerca de 16 anos, o belo e belicoso Arístocles deparou, nas ruas da cidade, com um sujeito pobre e feio, esfarrapado como um mendigo, mas dono de uma sabedoria hipnótica. Sempre cercado de ávidos ouvintes, aquela espécie de eremita tagarela – que respondia pelo nome de Sócrates – entregava-se diariamente a debates públicos, questionando seus interlocutores sobre o real significado de palavras aparentemente comuns – como Amor, Justiça, Verdade. O objetivo declarado de Sócrates era mostrar a ignorância essencial de todos os homens – espezinhando-os com perguntas irônicas e insistentes. Daí o apelido que dava a si mesmo: o mosquito de Atenas. Assistindo àquele plebeu sujo e mal vestido desconcertar a cidade mais poderosa da Grécia, o elegante e empertigado Arístocles concluiu que havia uma virtude maior que o sangue azul e a excelência física. O mosquito instilara fatalmente seu veneno: o Grandalhão decidiu virar filósofo.

Durante os 12 anos seguintes, Platão foi o discípulo mais fervoroso de Sócrates – até que, em 399 a.C., o petulante mosquito ateniense foi acusado de ofender os deuses gregos e condenado à morte por envenenamento. Amargurado com a execução do mestre, Platão partiu em uma viagem de 12 anos pelo mundo. Perambulou pela Grécia e pela atual Turquia, visitou o Egito e a Itália; talvez tenha andado pela Judeia e pela Babilônia, e há quem diga que chegou a molhar os pés nas águas do Ganges. Bebeu na fonte de diversas culturas, amadureceu entre gentes e costumes estranhos e retornou a Atenas aos 40 anos de idade, decidido a continuar a missão filosófica de seu professor. Para isso, fundou a Academia, uma escola gratuita de filosofia e matemática, considerada por muitos como a primeira universidade da história. Até sua morte, em 347 a.C., ele viveu debatendo com seus discípulos e compondo suas obras – os Diálogos, textos em que as mais variadas questões filosóficas são apresentadas na forma de debates entre personagens famosos da antiga Atenas. Lê-los não é apenas adentrar tópicos atemporais, mas também mergulhar no testemunho minucioso e imaginativo de um dos períodos mais extraordinários do intelecto humano; é andar pelas ruas de Atenas, trocar ideias e partilhar o vinho dos simpósios com Sócrates e Alcibíades, Xenofonte e Zenão de Eleia. Ótimas companhias, legadas a nós na prosa poética de um dos grandes autores do Ocidente.

Uma grande teoria

E aqueles antigos atenienses conversavam sobre tudo: nos 36 Diálogos que nos deixou, Platão aborda um feixe tão amplo de assuntos que, 23 séculos depois, Emerson exclamaria: “Platão é a filosofia, e a filosofia é Platão”. Com efeito, a semente de quase tudo o que viria depois está lá: os labirintos do corpo e da alma, da linguagem e da memória; a busca de utopias políticas e sociais; o questionamento sobre o real significado de nossa passagem por este mundo, ao mesmo tempo tão encantador e imperfeito. Todos esses temas se entrelaçam na grande questão metafísica que, lançada por Platão em seus diálogos tardios, haveria de dominar a filosofia pelos séculos vindouros: a “doutrina das Ideias”.

Essa grande teoria platônica é uma espécie de síntese magistral do pensamento antigo – e, para compreendê-la, vale a pena deslindar as raízes que lhe deram forma e as perguntas que tentou responder. Sócrates, como já vimos, expôs o grão de ignorância que está no centro de toda ciência humana. Outros pensadores daquele período, como Crátilo, foram ainda mais longe: afirmavam que o conhecimento da realidade é impossível, pois vivemos em um universo instável, onde tudo se transforma e nada se fixa. Uma árvore é apenas um estágio entre a semente e a madeira morta; qualquer ser humano é uma etapa entre o feto e o cadáver... Como podemos afirmar qualquer coisa sobre um determinado objeto, se a constante mudança do universo é mais rápida que nossa mente? Eis a charada que a doutrina platônica tenta resolver: o mundo revelado pelos sentidos parece inapreensível, mas precisamos de um fundamento sólido, eterno e universal, para erigirmos o conhecimento seguro (em grego, epistême).

Para encontrar um ponto fixo no aparente pantanal cósmico, Platão bifurcou a realidade. O mundo que vemos, sentimos e ouvimos – argumenta ele – não é plenamente real. Todas as coisas que conhecemos por meio dos sentidos – como nossos corpos, ou esta mesa, ou aquela árvore – são cópias da “verdadeira realidade”, que é incorpórea, imutável e eterna: as Ideias ou Formas. Criadas por alguma divindade misteriosa, inteligente e anônima, as Ideias existem fora do plano físico e, portanto, não podem ser apreendidas por nossos olhos e ouvidos – mas apenas compreendidas pelo intelecto. De um lado, portanto, há o mundo sensível – que é efêmero, enganoso e impermeável ao conhecimento. Do outro lado, há o mundo inteligível – cuja contemplação é a chave da verdadeira sabedoria.

Mas o que são essas Formas transcendentais, nos quais o nosso mundo se espelha foscamente? Esse perturbador museu de seres perfeitos e algo assustadores, dos quais somos reflexos empobrecidos, pode ser mais bem compreendido do ponto de vista da linguagem. Por exemplo: aplicamos a palavra “gato” a inúmeros seres que, embora parecidos, não são iguais. Logo, a palavra não pode referir-se a nenhum dos gatos individuais, tampouco à soma de todos – mas a um tipo de “felinidade” universal, que permanece sempre inalterado, enquanto os infinitos gatinhos do mundo sensível nascem, crescem, miam e morrem. Para Platão, o significado real de cada palavra não corresponde a convenções humanas, mas aos modelos criados ou imaginados por Deus. Os seres humanos são inúmeros, radicalmente diferentes, desesperadamente semelhantes, estonteados por sua própria multiplicidade – mas a Ideia de Humanidade é uma só. O Ser Humano platônico é verdadeiramente real; nós somos pobres aparências, fantasmas de carne e osso, cegos para a verdadeira face do mundo... A menos, é claro, que consigamos nos livrar da miragem dos sentidos e ascender à contemplação das Formas divinas. Um processo que o poeta-filósofo ilustra, tipicamente, com uma metáfora.

O mito, enfim

Foi no Livro VII da República que Platão elaborou a alegoria mais célebre da literatura. Conforme seu costume, o autor coloca a teoria na boca de Sócrates – mas é provável que essa narrativa, assim como a doutrina por ela ilustrada, seja de exclusiva autoria de Platão. Na República, Sócrates diz a um discípulo chamado Gláucon: “Imagina uma grande cova subterrânea, provida de uma grande entrada para a luz; e imagina um grupo de homens, presos desde meninos no interior da caverna, amarrados pelos pés, pelas mãos e pelo pescoço; não podem virar a cabeça, e são obrigados a olhar constantemente para o fundo da cova”. Incapazes de observar o mundo lá fora, os prisioneiros da caverna veem apenas as sombras que se desenham na parede de pedra – e, acostumados com a própria cegueira, tomam aquelas sombras pela realidade. “Que estranha situação, e que estranhos prisioneiros!”, exclama Gláucon. Sócrates replica: “Estranhos como nós mesmos”.

Eventualmente – prossegue a alegoria –, um dos prisioneiros consegue escapar aos grilhões e sair à luz do sol. Inicialmente ofuscado, ele pouco a pouco se acostuma à visão das coisas como elas realmente são. Caso permaneça lá em cima, esquecendo para sempre sua anterior existência de escuridão, ele se tornará um místico; caso retorne às profundezas, para tentar libertar seus irmãos da cegueira existencial, ele se tornará um filósofo. E correrá o risco de ser tomado por tolo ou subversivo: pois a reação natural dos prisioneiros é acreditar que apenas as sombras existem; e o homem que viu a luz, desacostumado às trevas, chegará até eles tropeçando como um inválido.

Execrar a doutrina das Ideias tem sido um dos lugares comuns do pensamento moderno (e do pós-moderno, e do hipermoderno; não levemos tão a sério a etiqueta dessas nomenclaturas). O fato, contudo, é que o próprio Platão havia previsto os limites de sua teoria. Em um de seus últimos diálogos, o Parmênides, ele se pergunta: no mundo das coisas idealmente perfeitas, haverá também a Forma da Feiura ou a Forma da Imperfeição? Acrescente-se: se tudo o que existe é reflexo de uma Ideia divinamente concebida, então deve haver um Lodo ideal, uma Pústula ideal ou – por que não? – um Idiota ideal... Platão deixa a questão em aberto – como, por sinal, faz com a maior parte dos temas que tocou. Eis aí uma contradição reveladora: modelo do pensador com aspirações sublimes e com sede pelo absoluto, Platão não nos deixou soluções, mas debates infinitos. Em seus diá logos, jamais sabemos ao certo quem está falando a verdade, quem está gracejando ou quem está sendo alvo da zombaria do autor. E, em meio às muitas vozes que ecoam em seus textos, ele semeou intuições originais que ainda desafiam o pensamento. Diz-nos ele à distância de séculos: este mundo, que tentamos inutilmente apreender com nossos sentidos e descrever com a linguagem, não é a realidade. E temos de admitir: talvez não seja, mesmo. Mas, nesse caso, onde está o real inegável, incondicionado, final? Não nos voltemos a Platão em busca de ajuda, pois ele não nos legou uma resposta definitiva, mas uma tentação, um farol que pisca e oscila, um horizonte demasiado distante, mas que ainda nos atrai como o canto das sereias (ou das Sereias?): a esperança da transcendência.

A Odisseia


Na raiz da cultura ocidental (daquilo que somos, pensamos, lemos e escrevemos) existe um mistério chamado Homero. Mais que um personagem histórico, esse nome conjura um símbolo que nos alimenta e uma cifra que nos desafia – uma confluência de significados e sensações, tão vastos e indefiníveis quanto as palavras “humanidade” e “poesia”. Figura gigantesca, ubíqua, fantasticamente imprecisa, ele deixou um legado que transcende conceitos, atordoa a história e estonteia a literatura.

Apesar do traço de gênio que unifica a Ilíada e a Odisseia, estudiosos modernos afirmam que Homero jamais existiu, ou o multiplicam até a aniquilação: os poemas a ele atribuídos seriam obra de gerações de bardos da Idade do Bronze, transcritas em eras menos iletradas por escribas igualmente desconhecidos. Assim como Ulisses, Homero pode ter sido muitos, e pode ter sido ninguém.

Nos últimos três séculos, negar Homero se tornou um dileto esporte intelectual, quase um clichê erudito: um escândalo hoje tão inócuo quanto pintar bigodes em reproduções da Mona Lisa. Ainda assim, gerações consecutivas de leitores continuam a perceber ou a imaginar o vulto descomunal de uma única mente por trás da Ilíada e da Odisseia. Homero pode ser uma criação coletiva de todos os seus leitores em todas eras – e talvez por isso mesmo seja um autor infi nito, cujo apelo vai ao cerne da imaginação humana, lá onde os juízos dos críticos e as elucubrações dos arqueólogos têm pouca ou nenhuma importância.

Homero é, acima de tudo, o supremo escritor imaginativo, capaz de criar seu próprio mundo e impô-lo à realidade com selvagem maestria – conforme notou seu mais brilhante tradutor, o inglês Alexander Pope. “A faculdade inventiva de Homero continua até hoje sem rivais”, escreveu Pope em 1713, no prefácio a sua magnífi ca tradução da Ilíada. “E é a capacidade de invenção, em seus diversos graus, que distingue todos os gênios: nem a máxima extensão do estudo, do aprendizado e do labor humanos – que abarcam todo o resto – pode competir com isso.”

Homero
Que ele tenha existido de fato ou não, hoje é apenas um detalhe a ser especulado por eruditos. Mas a potência épica dos versos atribuídos a Homero ainda hoje ressoa na melhor poesia ocidental.


O mendigo cego
Desconstruir Homero é uma obsessão moderna – os antigos gregos (mais bem resolvidos que nós) não tinham problemas em aceitar a existência do grande gênio fundador. De acordo com a lenda, o poeta teria vivido menos de 200 anos após o saque de Troia, tradicionalmente datado em 1184 a.C. Uma das versões mais difundidas de sua biografi a afi rma que ele nasceu em Esmirna, na Ásia Menor (atual Turquia), às margens do rio Meles. Seu verdadeiro nome seria Melesígenes – uma referência ao local de nascimento. Ainda jovem, Melesígenes aprendeu a cantar versos; e, na mesma época, perdeu a visão.

Cego, pobre e cheio de ideias, ele se tornou um aedo: espécie de bardo itinerante, que dependia da generosidade de sua audiência para ganhar teto e comida. Levou uma vida de memoráveis desventuras e miserável heroísmo. Durante uma viagem à Ciméria (atual Cáucaso), teria ganhado o apelido zombeteiro de homeros – que, no dialeto local, significava “mendigo cego”. Por desforra, Melesígenes adotou a alcunha e tornou-a imortal. Ainda em vida, ganhou fama como o bardo mais talentoso da Grécia, graças, principalmente, a seus relatos sobre a guerra de Troia e as jornadas de Ulisses.

Se Homero realmente viveu no século 10 a.C., então seus poemas foram compostos e transmitidos oralmente, pois na época os gregos eram iletrados. É possível, por outro lado, que o grande bardo tenha vivido no século 8 a.C., quando os gregos desenvolveram um sistema de escrita baseado no alfabeto fenício. Alguns sugerem que, sendo cego, ele tenha ditado seus versos a um ajudante – como faria, milênios depois, o igualmente cego John Milton ao compor outro épico inesquecível, Paraíso Perdido. Seja como for, a Ilíada e a Odisseia chegaram ao período clássico da Grécia (o século 5 a.C., época de Péricles e Platão) devidamente transcritas em pergaminhos de papiro. Cultuadas e imitadas no Império Romano, as epopeias homéricas desapareceram da Europa após as invasões bárbaras. Foram preservadas pelos eruditos de Bizâncio e só voltaram a desembarcar em solo europeu dez séculos depois. Para chegar até nós, os dois poemas máximos do Ocidente viveram jornadas dignas de Ulisses – o mais emblemático personagem de Homero e o mais radical viajante da literatura ocidental.


Trapaceiro azarado
“Aquele homem, pelas várias artes da sabedoria renomado, e longamente versado em pesares, oh Musa, ressoa!” Já nesses famosos versos iniciais da Odisseia, Homero pincela os traços que fizeram de Ulisses uma das figuras mais recorrentes na imaginação de leitores e escritores através dos séculos: a astúcia heroica e a fantástica má sorte. Rei de Ítaca (uma ilha do mar Jônico), Ulisses foi um dos numerosos heróis gregos que acorreram ao cerco de Troia, na costa da Ásia Menor. Contam as lendas que a guerra durou dez anos; Homero detém-se em apenas 45 dias do confl ito para criar seu relato de hipnóticas matanças, paixões incontroláveis e destinos obsessivos. Ao longo dos 27 cantos da Ilíada, acompanhamos mesmerizados as oscilações no titânico humor de Aquiles; os acessos de culpa e de luxúria da irresistível Helena; as tragicômicas galanterias de Páris, espécie de dândi da Idade do Bronze; a silenciosa dignidade de Heitor; as lágrimas de Hécuba, os vaticínios de Cassandra. E somos introduzidos, naturalmente, às artes e aos engenhos de Odisseu-Ulisses.

É graças a Ulisses que o funesto destino de Troia se completa: dele foi a ideia de oferecer aos inimigos, com engenho, a estátua de um cavalo de madeira, recheada de guerreiros escondidos. Após o saque e a destruição da cidade, os chefes gregos atravessam o mar e voltam a suas casas – todos menos Ulisses, condenado a soçobrar por dez anos entre a terra e o mar, o céu e o inferno, sonhando sempre com sua Ítaca inatingível.

Em sua busca tantalizante e alucinatória pelo “dia do retorno”, Ulisses terá de enfrentar as mirabolantes crueldades do destino com apenas duas armas: a engenhosidade e a teimosia de viver. Espécie de trapaceiro honesto, amaldiçoado pelos deuses e perseguido pelo acaso, Ulisses é um herói gloriosamente azarado; mais que um paradigma de virtudes aristocráticas, mais que o guerreiro que despreza a morte, ele é o homem capaz de driblar a dor e a solidão e de sobreviver à própria vida.

Relato dessa guerra de espertezas entre Ulisses e o universo, a Odisseia é um espelho de narrativas e reviravoltas: como as Mil e Uma Noites, é também um conto de contos, uma história sobre a arte de contar histórias (ou estórias, para usar uma palavra inexplicavelmente escorraçada de nossa língua). Jornada múltipla, pois nela não acompanhamos apenas as peripécias de Ulisses. Com efeito, o poema começa contando a busca desesperada do príncipe Telêmaco, que roda os mares procurando o pai, sem jamais encontrá-lo; e também a longa espera da rainha Penélope, que aguarda o retorno do marido enquanto pretendentes arrogantes ameaçam tomá-la à força. Só depois é que saltamos à narrativa do próprio Ulisses, que nos conta em primeira pessoa suas incríveis andanças: mas esse narrador é célebre por suas trapaças, e como teremos certeza de que agora fala a verdade? Como se pode perceber, cabem muitas odisseias dentro dessa Odisseia.


Todos e ninguém
Num certo sentido, esse relato de muitas vozes é o grande romance-rio da experiência: a simples enumeração dos descaminhos de Ulisses já contém a sugestão de um mundo inesgotável, o arrepio de infinitas descobertas possíveis.

Escutemos, portanto, a narrativa do mais admirável dos mentirosos. Tão logo partiu de Troia, Ulisses desembarcou casualmente na ilha dos Lotófagos, habitada por homens desmemoriados e felizes: são náufragos que comeram a fruta do lótus, guloseima que apaga todas as lembranças e anula as saudades do lar. Fugindo desse paraíso ameaçador, Ulisses e seus marinheiros vão parar na ilha dos cíclopes. Lá, são aprisionados por Polifemo, gigante antropófago de um olho só; sabendo das preferências gastronômicas de seu captor, Ulisses consegue engambelá- lo diplomaticamente, com a ajuda de uma taça de vinho grego. “Como te chamas?”, pergunta o cíclope embriagado, num estranho momento de cordialidade (pois é evidente que planeja degustar o hóspede logo em seguida). E Ulisses responde, com típica presença de espírito: “Ninguém”.

Quando o cíclope desmaia nos vapores etílicios, Ninguém trespassa seu único olho com uma acha de lenha. Um ato heroico, mas ominoso: Polifemo é filho de Netuno, deus dos mares. Por ter mutilado a traição esse monstro de alta estirpe, Ulisses cairá vítima da fúria divina e terá de vagar sobre as águas por muitos anos. Perdido numa geografia de maravilhas e pesadelos, ele oscila entre monstros que parecem rochedos, tempestades que parecem demônios e ninfas cruelmente amorosas; vê seus amigos serem transformados em porcos, escuta o canto das sereias, desce até os Infernos e assiste à dança macabra dos mortos.

Enquanto a Ilíada é a história de muitos homens em mútua matança, a Odisseia é o relato de um solitário herói lutando contra (e seduzido por) sua própria dissolução. Um tema moderníssimo, que ainda cala fundo no coração de todos. Quando finalmente desembarca em Ítaca, Ulisses não a reconhece: será ele o mesmo homem que partiu, ou terá se tornado Ninguém? Chegando em casa, é reconhecido apenas por seu velho cachorro Argos, que morre do coração ao farejar o dono sumido por tantos anos. Mas, finalmente, após outras tantas reviravoltas, o andarilho esfarrapado se revela como o rei desaparecido, retornando ao trono de Ítaca e à cama da fiel Penélope.


Viagem sem fim
Final feliz? Talvez. Mas a Odisseia tem muitos desfechos possíveis – ao menos, na imaginação da posteridade. Os leitores dos milênios seguintes não permitiram que Ulisses descansasse em sua verde e modesta Ítaca. Na Divina Comédia, Dante fez Odisseu partir novamente, navegando em busca das bordas do mundo, até morrer devorado por um redemoinho. Em um poema de Tennyson, o envelhecido rei de Ítaca parte “rumo ao pôr do sol” numa fuga sem fim, para lugar nenhum. Segundo lendas apócrifas, o inveterado andarilho acabou aportando na antiga Lusitânia. Lá fundou a cidade de Ulisseia ou Olisipo, mais tarde rebatizada como Lisboa – relato ecoado nos versos de Camões e Fernando Pessoa.

A permanência de Ulisses entre nós – ou sua eterna fuga e seu eterno retorno – têm muitas causas possíveis; fiquemos com apenas duas. A Fortuna talvez prefira os arrogantes e os valorosos, mas a poesia tem mais a dizer sobre os párias do destino – conforme atesta o próprio Homero em um verso da Odisseia: “Há algo de sagrado na desgraça”. Além disso, o homem que se torna Ninguém é também aquele que pode ser todos. Herói extraviado pelo destino, despojado de nome e fortuna, sempre em busca do impossível e ameaçado de perder sua memória e sua identidade, Ulisses é, nas palavras de James Joyce, o único “personagem total” da literatura. Pois os destinos que nunca se completam são aqueles que se prolongam no futuro: infinitamente.

Generoso e inconveniente

Tal qual os egoístas, os generosos podem causar antipatia nos colegas de trabalho. Saiba como não ultrapassar esse limite e alinhar seu comportamento

Você é daquelas pessoas que se voluntariam para as mais diversas tarefas? Está sempre disposta a ajudar? Pensa o tempo inteiro em como se antecipar às necessidades do negócio? Se a resposta é "sim", então é bom tomar cuidado.

Um estudo recente realizado pelos pesquisadores americanos Craig Parks, da Universidade Estadual de Washington, e Asako Stone, do Instituto de Pesquisa do Deserto de Nevada, concluiu que profissionais excessivamente disponíveis podem irritar colegas a ponto de causar aversão.

Intitulado O Desejo de Expulsar Membros Altruístas do Grupo (The Desire to Expel Unselfi sh People from the Group), o estudo revela que pessoas generosas demais podem ser mal interpretadas e fazer com que seus colegas se sintam inferiorizados perante um desempenho mais virtuoso.

A reação desses colegas pode ser puxar a pessoa para baixo ou marginalizar o profissional. Ou seja, uma atitude teoricamente positiva — a generosidade — pode acabar sendo prejudicial ao desempenho do indivíduo no ambiente de trabalho.

A raiz do problema é que o excesso de disposição acaba por gerar descarreira confi ança dentro de um grupo. O profissional que está sempre cedendo, que é muito altruísta, pode passar a sensação de que quer alguma coisa em troca, voluntária ou involuntariamente. "Pode parecer que a pessoa é generosa com segundas intenções, com o desejo de crescer mais rápido", diz Débora Dado, gerente de desenvolvimento de pessoas da Visa Vale, empresa de benefícios, em Barueri, na Grande São Paulo.

O efeito prejudicial para a carreira é que as pessoas se afastam de quem abusa da disposição em ajudar. "O profissional passa a ter dificuldade para trabalhar em equipe", diz Gilberto Martelli, diretor de recursos humanos e vice-presidente da Marsh Brasil, empresa de serviços na área de seguros, de São Paulo. Em geral, esse comportamento pega mal entre os colegas quando é destinado apenas ao chefe ou a algum superior que pode ter influência na promoção do profissional. Se as manifestações de generosidade e disposição são dirigidas igualmente a pares e subordinados, a reação do grupo tende a ser mais justa.

"Qualquer comportamento que contenha um quê de exagero pode causar implicações no relacionamento de um profissional com seu grupo", diz Karin Parodi, presidente da consultoria Career Center. Mas como ajustar essa atitude de forma a não tolher um espírito com iniciativa? Para começar, se você quer ajudar uma pessoa, pergunte educadamente se ela quer sua ajuda. Segundo Maíra Habimorad, diretora da consultoria grupo DMRH, também é importante observar o comportamento dos colegas: eles resistem em compartilhar trabalhos com você? Você é sempre um dos últimos a ir embora? Verifique sinais como esses, que indicam que as tarefas não estão sendo divididas com coerência.

Quando quiser ajudar, procure diferenciar generosidade de proatividade, essa, sim, uma qualidade importante no trabalho. "São coisas diferentes", adverte o psicólogo e consultor de carreira Cristiano Amorim, da consultoria Fellipelli, de São Paulo. "Ser proativo não está ligado a atender outra pessoa, como a generosidade", explica o consultor. Num comportamento proativo, você exercita um olhar para o mercado e para a empresa e se antecipa. "Enxergar uma oportunidade de negócio e desenvolvê-la é uma atitude positiva", diz Cristiano. Deixe claro que sua intenção é contribuir para o negócio, e não se destacar individualmente apenas. Não espere reconhecimento por isso. Se alguma coisa vier, ponto para você.

COMO FOI FEITO O ESTUDO
Para demonstrar que generosidade em excesso atrapalha, os pesquisadores convidaram estudantes para participar de jogos por computador. O programa mostrava aos participantes que todos os jogadores contribuíam para o grupo, exceto um deles, que era falso. Numa segunda rodada, um jogador falso comportava-se com extrema generosidade.

Após o fim dos jogos, os pesquisadores perguntaram aos estudantes com quem eles não gostariam mais de jogar. O egoísta foi o escolhido. Mas os cientistas notaram que os estudantes também desenvolveram antipatia pelo jogador generoso, o que gerou uma nova pesquisa, para estudar o altruísta.

Conclusão: diante de um generoso, os participantes estavam avaliando a própria reputação em relação à atitude de outros jogadores. E sentiram que, comparado ao do altruísta, o comportamento deles havia deixado a desejar, o que os magoava e os deixava na defensiva.

CHECKLIST DO GENEROSO
PARA SABER SE VOCÊ ESTÁ EXAGERANDO NA DISPOSIÇÃO, ANALISE SEU COMPORTAMENTO:

LEIA O AMBIENTE – É preciso compreender os verdadeiros valores em jogo no ambiente de trabalho. Confira se você não está contrariando códigos hierárquicos. Quebrar limites é uma atitude importante, mas nas ocasiões certas.

CHEQUE A EMPATIA – Coloque-se no lugar das pessoas e veja se realmente elas estão interessadas na sua ajuda. Verifique se você não está forçando a barra.

PERGUNTE AOS OUTROS – Se você desconfia que os colegas estão reagindo de um modo estranho na sua presença, peça feedback e comece a refletir sobre as características de sua própria personalidade.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

México ganha cervejas para gays

Cervejas 'Salamandra' e 'Purple Hand' são destinadas à comunidade gay e lésbica do México.

Empresários da cidade de Guadalajara, no centro-sul do México, lançaram as primeiras cervejas dedicadas à comunidade gay do país.

A 'Salamandra' e a 'Purple Hand' (mão púrpura, em tradução literal), da fabricante Minerva, são totalmente orgânicas, produzidas com malte e mel.

Por enquanto, só 500 caixas foram fabricadas e já estão esgotadas.

Os fabricantes afirmam que a procura é grande até em outros países, como Argentina, Equador, Chile, Colômbia, Japão e Estados Unidos.

As cervejas Salamandra e Purple Hand são totalmente orgânicas

A Minerva pretende, no entanto, primeiro atender o mercado doméstico.

O diretor criativo da empresa, Dario Rodriguez Wyler, afirmou que a empresa foi criticada 'por não incluir heterossexuais no público-alvo'.

'Os produtos são totalmente direcionados à comunidade gay e lésbica. Nunca tivemos a intenção de que os chamados 'bugas', como são chamados os heterossexuais, bebessem o produto.'

A Minerva calcula que o mercado homossexual da Cidade do México, Riviera Maya (região mexicana da costa do Mar do Caribe) e de Puerto Vallarta (cidade na costa do Pacífico) movimente cerca de US$ 8 bilhões.

Gorila que anda como humano vira sensação em parque e na web

O gorila Ambam virou sensação no parque de vida selvagem de Port Lympne, em Kent (Inglaterra). Tudo porque ele se exibe andando como se fosse um humano. Ereto sobre as patas traseiras, o símio virou, obviamente, sensação na web. Assista:




"Ele é uma celebridade no parque", disse ao "Sun" Phil Ridges, o tratador. Os especialistas acreditam que o animal tenha se habituado com a postura ao procurar comida. E parece de família: o pai e uma irmã de Ambam também desenvolveram a habilidade.

Chiclete, Asa e Cláudia Leitte estão fora da Micareta de Feira 2011

Uma das grandes queixas dos donos de blocos é a concorrência dos camarotes especiais. Pela comodidade desses espaços geralmente integrados ao valor, comida e bebida grátis, os foliões tem preferido a opção ao invés dos blocos, que estão esvaziando.


A Micareta de Feira de Santana 2011 que acontece entres os dias 28 de abril a 1º de maio é uma das maiores festas nacionais, mas pode deixar de ter três das suas principais atrações de fora.

A banda Chiclete com Banana por conta de desacordos em relação a valores já está eliminada do bloco Flexada onde sempre saiu. Asa de Águia que desfilava com o Côco Bambu também não participará da festa e Claudia Leitte que apesar de ser uma mega estrela da música também não vai tocar na cidade, por não ser rentável em blocos.

Uma das grandes queixas dos donos de blocos é a concorrência dos camarotes especiais. Pela comodidade desses espaços geralmente integrados ao valor, comida e bebida grátis, os foliões tem preferido a opção ao invés dos blocos, que estão esvaziando.

Em contraponto, alguns blocos de grande apelo popular, geralmente com bandas de pagode, reggae ou forró elétrico, não se sentem ameaçados. Além disso, o tradicionalismo do “Bafo de Baco”, com a banda Timbalada e o “Lá vem elas” utilizam-se do costume e irreverência pra agregar adeptos.

Em decorrência da saída do Chiclete com Banana do bloco Flexada, comenta-se que o prefeito local Tarcizio Pimenta estaria negociando com a banda para presentear a população e assim minimizar os estragos da evasão de artistas. As informações são do blog do Kuelho

Polícia flagra festa de aniversário de 18 anos com bolo de maconha na BA

Segundo a polícia, 22 pessoas foram detidas e liberadas em Arraial d'Ajuda.
Bolo estava decorado com chocolate, folhas do entorpecente e cerejas.

Policiais civis e militares encerraram uma festa de aniversário de uma menina de 18 anos, na madrugada desta quarta-feira (26), em Arraial d'Ajuda, em Porto Seguro (BA). O motivo da interrupção foi que o evento estava sendo regado a bebidas alcoólicas, cocaína e um bolo de chocolate com maconha. O confeito estava decorado com folhas da droga e cerejas. Vinte e duas pessoas foram detidas, levadas para a delegacia da cidade e liberadas em seguida.

De acordo com o delegado Rafael Zanini, a aniversariante teria recebido o bolo de presente de uma amiga. "Recebemos uma denúncia de perturbação do sossego e uso de drogas em uma festa realizada na praia, na areia mesmo. Quando chegamos, o bolo já tinha sido consumido e por isso não conseguimos apreendê-lo, mas ainda assim conseguimos encontrar porções de cocaína, maconha e muita bebida alcoólica."

Máquinas fotográficas de convidados foram apreendidas com imagens do bolo de chocolate e maconha, que foi servido em festa de aniversário em praia da Bahia

O delegado afirmou que a festa de aniversário começou na noite de terça-feira (25) e aconteceu em um barracão entre as praias do Delegado e Apaga Fogo. "A cabana foi montada na praia, em espaço público e aberto. Quando os policiais chegaram, muita gente ainda conseguiu escapar pela orla mesmo. Pedimos apoio da Polícia Militar para prender as pessoas. No momento, cerca de 50 pessoas estavam no evento", disse Zanini.

Das 22 pessoas detidas, dez eram menores de idade e 12 eram adultos, segundo o delegado. "Em depoimento, apenas uma adolescente nos disse que tinha consumido maconha. A faixa etária dos convidados era de 17 a 25 anos, sem contar com os pais da aniversariante", disse Zanini. "Apreendemos as máquinas de fotografia e celulares de alguns dos convidados, que tinham a foto do bolo da festa de aniversário", afirmou.

O delegado registrou o caso em um Termo Circunstanciado de Ocorrência. "Interpretei como apologia ao crime e uso de drogas, auxílio ao consumo de drogas e crimes relacionados ao ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]. Todos foram ouvidos e liberados."

Sono ruim e insuficiente favorece o aparecimento da diabetes

Entenda como acontece a relação entre a doença e noites mal dormidas


Se você não tem diabetes, é bom dormir bastante para evitá-la. Dentre as muitas doenças que podem ser desenvolvidas ou adquiridas em decorrência da insônia e da apneia do sono, a diabetes é uma das mais caracterizadas. Se você já é portador da doença, recomenda-se que também se preocupe com o que acontece nas suas noites. Dormir pouco é ruim em muitos aspectos, mas pode complicar os seus sintomas de diabetes consideravelmente.

A diabetes é caracterizada pelo aumento anormal do açúcar no sangue. Fonte de energia para o corpo, a glicose é boa na quantidade correta, mas traz problemas quando está em excesso. A diabetes pode levar a infartos, derrames cerebrais e insuficiências renais, entre outros problemas.

E o que tudo isso tem a ver com o sono? Um estudo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, mostrou que as pessoas que dormem menos têm maior quantidade de glicose no sangue. Além disso, o nível do hormônio insulina, que é responsável pela redução da taxa de glicemia, fica abaixo do normal.

A chefe da disciplina de Medicina e Biologia do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e médica do Instituto do Sono, Lia Rita Azeredo Bittencourt, confirma a tese dos cientistas de Chicago e acrescenta uma informação.

"A privação do sono promove aumento de estresse e isso leva à resistência da ação da insulina e aumento da glicose", afirma.

Ou seja, a pessoa que dorme pouco não apenas aumenta a glicemia do sangue como também diminui o efeito do hormônio responsável em equilibrar essa característica dentro dos vasos sanguíneos. Tudo isso ocorre por conta do estresse que envolve o fato de dormir mal.

Quem sofre de insônia ou acorda muito durante a noite por qualquer distúrbio do sono tende a ficar mais estressado e ter alterações no humor, principalmente no dia da ocorrência do problema. Esse nervosismo diminui a ação da insulina e, somado ao fato do aumento da glicose, comprovado pelos estudiosos da Universidade de Chicago, pode levar a maiores complicações.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Estudo mostra que sesta rápida pode ajudar a fixar lembranças

Cientistas alemães publicaram descoberta na "Nature Neuroscience".
Estudos anteriores já mostravam influência do sono na memorização.


O melhor meio de não esquecer uma poesia ou um teorema que uma pessoa acaba de aprender, pode ser o simples ato de fazer a sesta, consideram cientistas alemães, surpreendidos com a descoberta. As experiências foram publicadas na revista "Nature Neuroscience", mostram que o cérebro resiste melhor durante o sono a tudo o que pode misturar ou alterar uma lembrança recente.

Estudos precedentes já haviam provado que a memória recente, estocada temporariamente numa região do cérebro chamada hipocampo, não se fixa imediatamente. Também é conhecido o efeito da reativação das lembranças, pouco tempo após serem adquiridas, que desempenha um papel determinante em sua transferência para a zona de estocagem permanente, o neocórtex, espécie de "disco rígido" do cérebro.

Mas aprender um segundo poema no intervalo pode tornar mais difícil a lembrança do primeiro na memória longa. Partindo do princípio que o sono não tem nenhuma influência neste processo, Bjorn Rasch e seus colegas da Universidade de Lübeck, na Alemanha, quiseram fazer uma experiência.

Pediram então a 24 voluntários que memorizassem 15 pares de cartas com imagens de animais e objetos comuns. Quarenta minutos mais tarde, a metade dos que foram mantidos despertados, precisaram memorizar uma outra série de cartas levemente diferentes.

A outra metade, os doze outros voluntários, tiveram o direito de fazer uma curta sesta antes de memorizar a segunda série de cartas. Os dois grupos foram testados em seguida sobre sua capacidade de se lembrar da primeira série.

Para grande surpresa dos cientistas, os que dormiram um pouco tiveram um desempenho melhor, lembrando-se, em média, de 85% das cartas, contra 60% entre os que foram mantidos acordados.

"Pensamos que a razão deste resultado inesperado é que a transferência das lembranças entre o hipocampo e o neocórtex havia começado já nos primeiros minutos de sono", explicou Susanne Diekelmann, responsável pelo estudo.

Após um sono de apenas 40 minutos, uma quantidade importante de lembranças já havia sido "telecarregada" numa zona do cérebro na qual "não podiam mais ser misturadas por novas informações tratadas no hipocampo", explicou ela.

Segundo Diekelmann, o efeito benéfico das sestas na consolidação da memória poderia ter implicações interessantes para as atividades de aprendizagem intensiva, como a de línguas estrangeiras.

O processo poderia também beneficiar as vítimas da síndrome de estresse pós-traumático, uma doença que atinge as pessoas que viveram situações extremas - acidente grave, atentado, agressão -, ajudando-as a reconfigurar suas lembranças.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cientistas voltam atrás e reconhecem que Tiranossauro Rex foi máquina mortífera

Paleontólogos reabilitaram imagem de predador do famoso dinossauro


Até agora, o T-Rex era visto como um comedor de
carniça, mas cientistas reabilitaram sua fama de mau

Paleontólogos voltaram atrás nesta terça-feira (25) em um acalorado debate sobre a natureza do Tiranossauro Rex (ou T-Rex, como também é conhecido), que de temido predador foi transformado em um comedor de carniça, reabilitando a imagem do famoso caçador da pré-história.

Por mais de um século depois de sua descoberta, muitos cientistas têm descrito rotineiramente o T-Rex como o rei das máquinas mortíferas, com seis toneladas de dentes, músculos e força, projetado para derrubar e destroçar dinossauros muitas vezes maiores do que ele.

Mas ao longo da última década, uma nova escola pintou um novo retrato, menos elogioso, da espécie. Segundo essa teoria, o T-Rex seria apenas um lagarto oportunista, atrapalhado e lento demais para conseguir caçar sozinho. Por esse motivo, ele simplesmente roubaria a refeição depois que predadores mais astutos tivessem feito o trabalho sujo. Em outras palavras, seria mais como uma hiena do que como um leão.

Polêmica começou em 2003

O primeiro ataque às credenciais predatórias do dinossauro carnívoro veio à tona em 2003, quando o especialista americano Jack Horner concluiu que os braços sem garras do T-Rex, os olhos pequenos e as patas pouco ágeis demonstrariam que ele seria "100% carniceiro".

Em 2007, o cientista John Hutchinson da Escola Real de Veterinária, da Grã-Bretanha, desferiu outro golpe na reputação do tiranossauro, ao demostrar que o "desajeitado" dinossauro precisaria de mais de dois segundos para dar uma volta de 45 graus, facilitando a fuga da presa.

Estudo mostra que dino tinha características de caçador

Mas um novo estudo, publicado na revista Royal Society B: Biological Sciences, pode reequilibrar a balança a favor do famoso dinossauro. O cientista Chris Carbone, da Sociedade Zoológica de Londres, e seus colegas dizem que alguns dos traços analisados que levantaram dúvidas sobre a perícia predatória do tiranossauro estão cheios de ambiguidades.

Segundo eles, o olfato apurado, presumido pelos bulbos olfativos aumentados, que é um traço comum entre carniceiros, como os urubus, também pode ajudar um caçador. Eles argumentam também que os olhos do dinossauro não são tão pequenos quanto se pensa e sua visão binocular, juntamente com sua mordida esmagadora e dentes resistentes a impactos, seriam bem adaptados para a caça.

Mas o argumento mais convincente de Carbone não tem nada a ver com os traços físicos do terópode gigante.

"Fizemos uma abordagem ambiental, estabelecendo uma lista completa de todas as espécies na área", explicou o cientista por telefone. "O que é novo é que tiramos conclusões sobre a abundância a partir do tamanho dos animais" no Cretáceo tardio, afirmou, em alusão ao período compreendido entre 85 e 65 milhões de anos atrás, quando o T-Rex reinou absoluto.

Com base em registros fósseis e estudos da distribuição da fauna nas planícies do Serengeti, no leste da África, hoje, Carbone calculou que o ecossistema na época teria sido enormemente habitado por dinossauros menores.

Entre os carnívoros, 80% pesariam cerca de 20 kg, e o T-Rex responderia por 0,1% da população. Entre os herbívoros, geralmente mais pesados, cerca da metade pesava cerca de 75 kg.

Chances de T-Rex se alimentar de carniça são quase nulas

Os cientistas calcularam o perímetro onde o T-Rex poderia se deslocar diariamente, quantos dinossauros mortos de tamanhos diferentes encontraram pelo caminho e outro tipo de alimento que pudesse ser detectado.

"Em vista da distribuição de carcaças e da competição potencial com outros dinossauros carnívoros, é extremamente improvável que um Tiranossauro Rex adulto pudesse se alimentar no longo prazo de carniça como estratégia de alimentação sustentável", concluiu o estudo.

Segundo Carbone, cães selvagens e hienas - similares em tamanho e relativamente abundantes tanto quanto dinossauros menores do Cretáceo tardio - "são capazes de reduzir uma carcaça de 70 kg a pedaços de pele e ossos rapidamente, certamente em menos de uma hora".

De acordo com o cientista, um carniceiro lento teria um desempenho muito pior e sofreria as consequências disso.

Brasileiro é cônjuge de primeira união civil gay reconhecida na Irlanda

Administrador Adriano Vilar casou com irlandês na vizinha Irlanda do Norte.
Com nova lei, união passou a ser reconhecida na Irlanda em 1 ºde janeiro.

Há mais de dois anos na Irlanda, o administrador de empresas brasileiro Adriano Vilar ficou surpreso ao saber, em 13 de janeiro, que ele e o marido, o irlandês Glenn Cunningham, eram o primeiro casal gay a ter seus direitos reconhecidos pelo país.

Casados desde o ano passado na vizinha Irlanda do Norte, os dois foram ao Serviço de Imigração e Naturalização da Irlanda para tentar trocar o visto de estudante de Vilar por um de residente. Coincidentemente, era o primeiro dia em que casais gays poderiam oficializar suas uniões.

“Quando chegamos, os funcionários não sabiam o que fazer. Chamaram outro funcionário, que disse: 'Parabéns, vocês são o primeiro casal do mesmo sexo a nos procurar!' Foi uma surpresa”, contou o brasileiro por telefone ao G1, de Dublin. O caso foi noticiado por jornais locais, como o "Irish Times".

Foto do casamento de Glenn Cunningham e Adriano Vilar.

Ratificada em julho de 2010 pela presidente irlandesa, Mary McAleese, a nova lei de Relações Civis, que entrou em vigor no dia 1º, concede pela primeira vez no país o reconhecimento legal de fato aos casais de mesmo sexo.

Até então, muitos casais homossexuais recorriam à Irlanda do Norte, que pertence ao Reino Unido, para oficializarem suas uniões.

Foi o caso de Adriano e Glenn, que se casaram em 13 de agosto de 2010 no país vizinho. Juntos desde 2008, os dois se conheceram quanto Adriano chegou à Irlanda para estudar inglês.

“Vim com coração partido, tinha acabado um relacionamento de seis anos”, conta Adriano, que trabalha na mesma empresa que o marido.

Com a oficialização da união civil no país, os casais do mesmo sexo passam a ter os mesmo direitos de casais heterossexuais, em questões de propriedade imobiliária, bem-estar social, direitos de sucessão, previdência e impostos.

“Tenho toda liberdade que um irlandês tem. Inclusive posso trabalhar na minha área, já que sou formado em administração com ênfase em comercio exterior”, comemora Adriano.

No Brasil, cuja lei não reconhece casais do mesmo sexo, a união não teria efeito legal. “Nossa meta é morar em definitivo aqui. Não temos previsão de morar no Brasil, até porque meu marido tem uma filha de 5 anos. “

Símbolo destas novas uniões, a filha de Glenn Cunningham é fruto de uma inseminação artificial feita por ele e uma amiga lésbica, que tinha o desejo de ser mãe.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Crucifixo chama a atenção de condutores na Av. Paralela

Além da proposta do monumento, que deve ficar na Paralela até o final de março, o Detran-Ba está realizando durante todos os finais de semana, comandos educativos em vários pontos da capital, sempre das 9 às 14h30


Quem passou pela Avenida Paralela na manhã de ontem (22), não deixou de admirar o monumento de carros resgatados de acidentes de trânsito empilhados formando uma cruz. O “Crucifixo Automobilístico”, criado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-Ba) em parceria com a Faculdade Maurício de Nassau tem 17 metros de altura e chamou a atenção de todos que passavam pelo local.

De acordo com a diretora da Escola Pública de Trânsito (Eptran), Ana Cristina Regueira, o objetivo do Lançamento da Operação Verão 2011 do Detran-Ba foi alcançado. “Pretendemos com esse crucifixo alertar a população sobre as suas atitudes no trânsito, principalmente os riscos de se dirigir em alta velocidade e acabar provocando acidentes com vítimas fatais. Acredito que conseguimos. Escolhemos a Paralela por ser um local de grande movimento e por apresentar um número expressivo de acidentes”, pontuou.

Também participaram da ação, o coordenador de Segurança e Educação para o Trânsito (CS), Pedro Cardoso, que definiu o público-alvo da campanha - jovens com idade entre 18 e 25 anos; o presidente da Fenasdetran, Mário Conceição; e representantes da Maurício de Nassau, como o presidente do grupo educacional da faculdade parceira, Jânio Diniz; os diretores Orlando Veiga e Heliete Rosa; e professores.

As autoridades presentes ainda informaram que pretendem instalar no alto do crucifixo, um painel que deverá ser chamado de “Acidentômetro”, que terá por finalidade contabilizar em tempo real o número de acidentes na capital, como forma de alertar a população sobre as formas de prevenção e responsabilidade nas vias da cidade que hoje possui cerca de 730 mil veículos em circulação.

Além da proposta do monumento, que deve ficar na Paralela até o final de março, o Detran-Ba está realizando durante todos os finais de semana, comandos educativos em vários pontos da capital, sempre das 9 às 14h30. Aos sábados, a equipe da CS estará nas imediações do Shopping Barra, Shopping Salvador, Shopping Piedade, Semáforo do Shopping Iguatemi e Hiper Bompreço do Iguatemi. Aos domingos, no Cristo da Avenida Oceânica e Campo Grande.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Evaldo Braga Sua História

Evaldo Braga Sua História.


O cantor e compositor Evaldo Braga viveu apenas 25 anos, pois sua estada nesse planeta foi interrompida bruscamente num acidente na noite de 31 de janeiro de 1973, na antiga rodovia BR 3 – Rio – Belo Horizonte, numa mortífera batida do automóvel em que viajava contra um caminhão.
No quarto de século em que viveu, o cantor percorreu uma trajetória bastante peculiar, marcada pela tragédia pessoal e pela aclamação popular. Conviveu de forma intensa com a tristeza e a alegria, a sarjeta e a glória, tudo percorrido na velocidade de um cometa.
Evaldo passou a infância no antigo SAM – Serviço de Amparo ao Menor, depois de ter sido encontrado numa lata de lixo, abandonado que fora por sua mãe, ao que consta uma prostituta, logo ao nascer. Cresceu com essa marca e muito sofreu ao saber de sua história, procurando uma maneira de superá-la através do trabalho, da arte e por fim, da bebida.
Passados os dias de infância no SAM, o jovem negro, assim como tantos outros lá internados naqueles tempos, saiu a procurar uma maneira de ganhar a vida, e também como tantos outros jovens negros como ele pelas cidades brasileiras, passou a trabalhar como engraxate.
Passava os dias engraxando sapatos na Rua Mayrink Veiga, perto da famosa Praça Mauá, rua onde ficava a não menos famosa Rádio Mayrink Veiga e ali acabou por fazer contato com os artistas daquela Rádio e pouco a pouco foi acalentando o desejo de se tornar cantor.
Foi quando conheceu o produtor e compositor Osmar Navarro, que gostou de sua voz e da maneira dele pronunciar bem cada palavra e o apresentou ao produtor Jairo Pires da gravadora Polydor, que andava procurando um cantor que fizesse frente à Nilton César contratado de outra gravadora.
Evaldo Braga lançou seu primeiro disco em 1971, e logo se tornou um sucesso com a música “A cruz que carrego”, de autoria de Isaías Souza, com uma carga dramática e autobiográfica incrível em versos como “Sinto a cruz que carrego bastante pesada, já não existe esperança no amor que morreu/a solidão e amargura/sempre me marcaram” que imediatamente podem ser remetidos a todo seu drama. O fato é que essa composição caiu logo no gosto popular e mesmo que a crítica especializada da época não desse muita importância a ele, nem ao menos se dando ao trabalho de avaliar seus dotes vocais e muito menos querendo travar qualquer contato com as músicas que cantava, seu sucesso aumentou, e em 1972, ele lançou “O ídolo negro – volume 2”
Esse seu segundo LP que contou com os arranjos dos maestros Waltel Branco e Perucci apresentou novamente uma ambigüidade temática que tanto podia levar a ilações quanto a um relacionamento amoroso desfeito, logicamente a interpretação mais imediata, como remeter também a sua biografia e ao abandono sofrido na infância.
O maior exemplo disso é “Eu não sou lixo”, parceria sua com Pantera, e que remete diretamente ao seu drama a começar pelo título e por versos como “Eu não sou lixo pra você querer me enrolar/Eu não sou lixo pra você fora jogar meu bem”, que imediatamente podem ser associados ao que a mãe fez com ele. Outras composições desse disco também podem ser utilizadas como uma autobiografia musical senão em suas totalidades, pelo menos em títulos ou frases.
É esse o caso de “Esconda o pranto num sorriso”, de Jacy Inspiração e Marcos Lourenço que diz “Vou pela rua desta vida/E já nem sei/pra onde vou/pra ponde vou/Talvez na curva do destino/Alguém me dê o que você negou”. Ou então de “Não vou chorar”, de sua autoria e Hailton Ferreira que diz: “Pouco me importa que tu voltes novamente/Faz tanto tempo que até me acostumei/Sem teu carinho”, ou então “Tudo fizeram pra me derrotar”, de sua autoria e Izaias Souza, na qual ele canta: “Tudo fizeram pra me derrotar/Não conseguiram ao menos lembrar/Que sem parentes e sem um amor minha sorte vou chorar/Eu já não faço questão de viver/Sem seu amor faço apenas morrer/ (..) Eu sei tudo isso é passado mas nem magoado eu te esqueceria”.
Essas músicas, embora aparentemente remetam a paixão a uma mulher cujo amor se perdeu, lembram imediatamente também o abandono sofrido na infância pelo cantor, cujo trauma nem mesmo o sucesso no mundo artístico, uma verdadeira façanha para alguém com sua história de vida, foi capaz de apagar.
Evaldo Braga faleceu com apenas dois discos gravados. Um terceiro foi lançado no ano de sua morte, mas era na realidade, uma coletânea. Trinta e cinco anos depois de seu falecimento, a música popular brasileira passou por transformações avassaladoras, algumas das quais já se processavam quando de sua morte. Com isso teria ele caído no esquecimento? Não, pelo contrário, seu mito manteve-se vivo na memória popular mesmo que nenhuma estação de televisão se dê ao trabalho de apresentar qualquer especial sobre sua vida e carreira. Em condições normais, ele teria caído no famoso “limbo do esquecimento”, mas, no entanto, mesmo depois de 38 anos, seu túmulo é visitado por romarias de fãs no dia de finados, seus discos continuam a ser adquiridos e podem ser encontrados com facilidade nos locais que cultuam a chamada música brega.
Em levantamento recente feito no site dicionariompb.com.br chegou-se a conclusão que seu nome era o mais pesquisado entre todos os quase sete mil verbetes ali catalogados.
Como explicar esse fenômeno de um artista que a crítica esqueceu como apenas mais um representante da música brega, que para muitos cultores da chamada MPB com letras maiúsculas e garrafais, nem ao menos mereceria uma nota de roda-pé? Talvez essa explicação ou busca de compreensão não passe apenas pela análise formal de suas gravações, seja daquelas músicas compostas por ele ou daquelas que outros para ele compuseram, mesmo que elas falem muito, por um lado, dele mesmo, numa talvez involuntária autobiografia musical, ou sirvam como trilha sonoro de amores baratos e desfeitos na permanente solidão das cidades. Por mais que se buscasse dissecá-las musicalmente nota por nota, ainda assim, haveria quem lhes negasse maior valor exatamente pelo que elas têm de mais valoroso, o gosto e a dicção popular, que muitos até por preconceito logo identificam com som de cabarés. Embora seja certo que o que parece um insulto é na verdade a constatação do quanto as músicas por ele compostas ou gravadas estão entranhadas na musicalidade e na alma popular, e tocam sim nos cabarés onde o amor custa pouco (ou muito dependendo do ponto de vista) e a humanidade exercita de forma explicita suas emoções da maneira mais exacerbada possível.
E não é isso exatamente o que a música braga-romântica faz? Exacerba os sentimentos e lhes dá uma vestimenta que condiz com a alma desbragada de nosso povo, por mais que dizer isso possa parecer tatear no espaço vazio. O fato é que esse derramamento que os intelectuais e membros da elite execram, o povo abraça, e o mais é motivo de discussão, mas que não pode levar a conclusões definitivas sobre o melhor e o pior.
Seja como for, 38 anos depois de sua morte, Evaldo Braga é mais e mais um enigma como pessoa, como artista e como representante artístico dessa face dita bastarda da música popular, execrada e desqualificada pela maioria dos críticos, que é a música brega.
No entanto, a questão aqui não é exatamente discutir o lugar da música brega na música popular brasileira, mas sim, chamar a atenção para o “Ídolo negro”, Evaldo Braga, mesmo sem chegar a conclusões sobre ele e seu sucesso, mas muito mais para homenageá-lo e lançar um pouco de luz sobre esse raro cantor negro cuja carreira, que tinha tudo para ser das mais brilhantes da música popular, foi bruscamente cortada por um golpe da sorte numa curva qualquer de uma estrada brasileira.